Em depoimento na Comissão de Educação do Senado na manhã desta terça-feira (5), o prefeito de Bonfinópolis (GO), Kelton Pinheiro (Cidadania) afirmou que ao ser abordado pelos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos - pedindo uma propina de R$ 15 mil para aprovação da construção de uma escola - achou que a ação era isolada e sem aval do Ministério da Educação (MEC). O esquema veio à tona após divulgação na imprensa de áudio do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmando que o governo federal prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados por dois pastores que não têm cargo e atuavam em um esquema informal de obtenção de recursos do MEC. A Comissão de Educação (CE) ouviu, nesta terça-feira (5), o depoimento de prefeitos na tentativa de esclarecer sobre o possível beneficiamento indevido na destinação de verbas públicas ao Ministério da Educação. A audiência pública foi requerida pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e, na ocasião, Kelton Ribeiro contou novamente sua versão dos fatos, a forma como incialmente teria sido abordado em Goiânia e que antes da reunião ser agendada no MEC, os pastores teriam pedido a ele que comprasse cerca de mil bíblias a R$ 50,00. Disse, entretanto, que não ficou claro, no momento, que a reunião ou a obra estivessem condicionadas à compra.“Eu disse a eles que não conseguiria dar uma contribuição neste valor e que poderia fazer uma oferta pessoal, mas que a prefeitura não poderia fazer. Também não condicionaram à aquisição das bíblias à reunião com o ministro. Na reunião, o ministro falou em combate à corrupção, pediu pra que não utilizássemos de lobistas e disse que não havia necessidade de intermediários entre ministérios e municípios”, afirmou o prefeito goiano em depoimento. Depois da reunião, entretanto, foi abordado pelos pastores, convidado para um almoço e afirma que lá, foi feito o pedido de propina. “Olha prefeito, vi que seu ofício está pedindo a escola e deve custar R$ 7 milhões, mas eu preciso de R$ 15 mil na minha conta hoje. Vocês políticos não têm palavra, se ficar pra depois não pagam ninguém”, teria dito o pastor Arilton Moura.O prefeito goiano disse que ficou sem chão e teria afirmado que não tinha o dinheiro e que ainda que tivesse, não pagaria pela propina. Uma semana depois do fato, disse também que recebeu uma ligação do pastor Arilton perguntando se ele teria ou não interesse. “Falei que não e pensei que se tratava de golpe. Pensei que se fizesse uma denúncia no MEC seria minha palavra contra a dele e achei que tinham tomado atitude por conta própria. Achei que se tratava de ação isolada sem pudor, sem medo de ser gravado. Só agora com a denúncia de um colega percebi que a ação não era isolada”.“Esquema chinfrinho” Após o depoimento de Kelton, o senador Randolfe Rodrigues foi irônico e classificou o esquema como básico e desqualificado. “Estamos diante de um esquema de corrupção básico e desqualificado. Em outras épocas, a corrupção era mais elaborada. O ministro marca uma reunião, faz um discurso anticorrupção e ao lado dele, dois intermediadores. O ministro qualificando dois lobistas. Os caras desqualificam políticos e ofendem a política em nome de um antipolítica propineira. Esquema cínico, nojento, vulgar, nada elaborado”, finaliza.Prefeitos chamadosNo requerimento, o senador afirmou que os fatos narrados eram gravíssimos e que, portanto, caberia à comissão a apuração dos eventos. Os prefeitos: Júnior Garimpeiro, prefeito de Centro Novo (MA); Gilberto Braga, prefeito de Luís Domingues (MA); Kelton Pinheiro, prefeito de Bonfinópolis (GO); José Manoel de Souza, prefeito de Boa Esperança Do Sul (SP); Calvet Filho, prefeito de Rosário (MA); Helder Aragão, prefeito de Anajatuba (MA); Marlene Miranda, prefeita de Bom Lugar (MA); Nilson Caffer, prefeito de Guarani D’oeste (SP) e Reinaldo Vilela Paranaíba Filho, prefeito de Três Corações (MG) foram chamados após o não comparecimento do ex-ministro da Educação, que deveria ser ouvido em reunião marcada pela CE no dia 31 de março.Quebra de sigilos solicitadosNo último dia 25 de março o senador Randolfe Rodrigues também solicitou a quebra dos sigilos bancários e telemático de 11 pessoas incluído o prefeito de Ceres, Edmario de Castro (Cidadania), Kelton Pinheiro (Bonfinópolis), Adelícia Moura (Israelândia) e Laerte Dourado (Jaupaci).Dos citados, o de Bonfinópolis, como já mostrou O POPULAR, relatou proposta de propina feita pelo pastor Arilton Moura para intermediar a transferência de recursos do MEC ao seu município. Leia também:- Quatro prefeitos goianos devem prestar esclarecimento por causa de polêmica no MEC- Como pastor lobista do MEC fincou raízes em Goiás- Prefeito de Bonfinópolis diz que pastor pediu R$ 15 mil por ajuda no MEC