Presidente do Podemos em Goiás, o deputado federal José Nelto se diz empenhado no trabalho em prol da candidatura do ex-juiz Sergio Moro à Presidência da República. Para isso, diz que deve conversar com o governador Ronaldo Caiado (DEM) na próxima semana em busca de uma aliança local de modo a viabilizar um palanque para o ex-ministro da Justiça no Estado. Ao POPULAR, o parlamentar afirma que o ressentimento deixado pela aliança do governador, de quem é aliado, com o MDB já está superado. Nelto foi expulso do partido justamente por apoiar a candidatura de Caiado ao governo nas eleições de 2018, quando Daniel Vilela enfrentou o democrata pelo MDB. O deputado diz ainda que o convite para o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), se filiar à legenda não passou por ele. Como vai ser o trabalho do Podemos aqui em Goiás para viabilizar um palanque para Sergio Moro como candidato à Presidência da República?Nós estamos trabalhando na união do Podemos com a União Brasil (partido fruto da fusão entre DEM, de Caiado, e o PSL). Eu vou ter uma conversa com o governador Ronaldo Caiado na próxima semana, em Brasília, e com a deputada Renata Abreu (presidente do Podemos, SP) para abrir o diálogo. O União Brasil não tem candidato e a terceira via mais viável hoje é a do Moro. Quem não quer Lula e quem não quer o presidente da República, Jair Bolsonaro, está sentindo credibilidade no ex-juiz Sergio Moro. Primeiro, pela sua principal preocupação, que é a economia. Mas também pelo combate à corrupção. Quem vai coordenar a possível campanha de Moro aqui em Goiás?Sou o presidente do partido. O deputado federal do partido em Goiás. Mas a responsabilidade pela coordenação da pré-campanha e da campanha em Goiás não será apenas minha. Vou chamar toda a sociedade civil organizada. Quem quer uma terceira via vai ajudar na coordenação, na criação dos comitês de bairro, nas cidades. Todo cidadão vai ter liberdade de ajudar na coordenação da campanha. Queremos mudar essa página no País de polarização entre extrema direita e extrema esquerda. Isso não vai dar certo. O povo quer alguém que governe com responsabilidade, que não aceite a volta de mensalão, petrolão, que não faça ataques à democracia. O povo não quer e o Moro não aceita regulação da mídia, que é antidemocrático, coisa de ditadura. Moro também não concorda em regular a internet. A internet é livre. Nós só não aceitamos fake news. Será criminalizado quem destruir a imagem do outro. Então, estamos nos preparando para conversar com todos os setores da sociedade, incluindo a juventude, segmentos religiosos, seja com a igreja católica ou com os evangélicos. O projeto é de não excluir ninguém, mas juntar todos para mudar o Brasil. Por isso, a coordenação vai passar por todos aqueles que queiram colaborar. É claro que o governador Ronaldo Caiado, aliando-se com o ex-ministro, vai ter um peso muito grande na campanha. O sr. falou da possibilidade do União Brasil apoiar Moro. Inclusive, o governador já defendeu que o partido faça isso. Mas em Goiás também surgiu a possibilidade do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, se filiar ao Podemos. Ou seja, a eventualidade de filiação de Mendanha à sigla está descartada?Acho muito difícil a filiação dele ao Podemos, porque ele já está unido com o PL, com a deputada Magda Mofatto (PL). Mas a filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL também pode inviabilizar a ida de Mendanha ao PL. Esse assunto ainda não chegou até mim. A nossa aliança é com Ronaldo Caiado. O partido tem compromisso com a reeleição dele. Inclusive, nós estamos trabalhando para fazer uma federação com a União Brasil e com outros partidos. Vamos buscar as pessoas de bem do PSDB, do MDB, de todos os partidos. O convite a Gustavo Mendanha para se filiar ao Podemos, então, não passou pelo sr.?Não. A conversa pode ter existido com a direção nacional, mas nada em Goiás será feito sem conversar comigo. E o sr. segue firme no partido?Inclusive, eu estou trabalhando para, em Goiás, alinhar os militares, empresários, donas de casa em prol da candidatura do Moro. Mostrar a eles que o caminho seguro para a democracia é a candidatura do Moro. Os candidatos do Podemos em 2022, então, serão o governador Ronaldo Caiado, para a reeleição em Goiás, e Sergio Moro para presidente?Isso é o que estou defendendo. Cabe agora à conversa que quero ter com o governador. Estou preparando a vinda do Moro a Goiás. Mas deve vir primeiro o general Santos Cruz (que também se filiou ao Podemos nos últimos dias). É muito importante a vinda dele, é um general respeitado pelas forças armadas e para a sociedade, ele poderá ser candidato a senador, governador, deputado federal pelo Rio de Janeiro. Sobre ser cotado para vice de Moro, nada está definido, nós temos de escolher na última hora o nome que agregar mais. Particularmente, defendo um nome de Minas Gerais ou do Nordeste do país. Então, o apoio para governador ainda não foi definido?Não, mas o meu trabalho é para uma conversa com o governador Ronaldo Caiado. Até porque ele não tem muita alternativa. E entendo que lá na frente nós vamos juntar todos (presidenciáveis da chamada terceira via). Até Ciro Gomes pode se juntar. Queremos juntar todas as forças de centro que não querem mais essa polarização, que querem resultado na política em todas as frentes. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), falou esses dias da possibilidade de aliança com Moro. É possível Caiado estar nesse mesmo palanque?Todas as pessoas que queiram participar desse movimento para melhorar o Brasil, dar governabilidade ao Brasil e respeito internacional, são bem-vindos. Não tenho nada contra o Doria. Vamos buscar todo mundo. Mas sabemos que o Marconi (Perillo, ex-governador de Goiás) não sobe nesse palanque. Temos que deixar isso bem claro. Nada pessoal contra ele. Mas o Doria pode vir. Temos também o Tasso Jereissati e nomes do Sul do país. O sr. foi um dos que ficaram insatisfeitos com a aliança do governador com o MDB. Nós não podemos fazer política com picuinha do passado. Quem errou no passado foi o MDB. Não fomos nós (dissidentes do partido em 2018, que apoiaram Caiado). Nós acertamos. Então, da minha parte, isso está superado e estou trabalhando para que todos superem. Já estão definidas as datas para as visitas de Moro e Santos Cruz a Goiás?Primeiro quero trazer a Goiás o Santos Cruz, para se reunir com empresários e setores da sociedade. Logo em seguida, o Sergio Moro. Ainda não há data, mas acredito que em fevereiro, porque o ano praticamente já acabou. É importante ele dizer para o povo goiano e à imprensa o que pensa do Brasil e mostrar a importância da terceira via. Não adianta acharmos que vamos fazer a chapa dos mais puros do Brasil. Isso não existe. Mas é um grupo determinado, que respeita a Constituição e que vai fazer todas as reformas que o Brasil precisa. A sociedade pode ficar tranquila que a impunidade vai acabar no Brasil.