Um cidadão que atua em defesa de valores consagrados na sociedade brasileira; valores cristãos, de respeito ao próximo e à família. É assim que o procurador da República Ailton Benedito se define.Ele, que toma posse como procurador-chefe do Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO) amanhã, diz que seu cargo, que é “de alguma importância”, é voltado para “a defesa dos direitos humanos, da Constituição e da democracia.”Ailton Benedito recebeu o POPULAR em seu gabinete, no 10º andar do MPF-GO, no Parque Lozandes. Na sala, dois sofás, estante com livros e uma mesa de centro na qual se encontra um tabuleiro de xadrez feito de madeira. Sobre o armário de canto, mais livros e três carros colecionáveis; presentes do filho de 9 anos, cuja foto também está lá.Um pouco resistente no início, o procurador foi logo avisando que uma cópia do áudio deveria ser enviada a ele depois, mas o restante da quase uma hora de conversa foi tranquilo. Aliás, “tranquilo” é um adjetivo dado a si pelo próprio Ailton. “Polêmicos são os outros”, disse rindo. Na pauta, as polêmicas que o envolveram (veja quadro abaixo), como quando determinou sindicância, em novembro de 2014, para apurar suposto recrutamento ideológico de menores brasileiros pela Venezuela. Era fake news.Para ele, “o rótulo de fake news é bastante discutível”, visto que não há “como fazer levantamentos preliminares para saber se uma notícia veiculada por um jornalista é mentirosa.” O procurador explica que, quando aparece uma denúncia dessas na internet, “que é o canal de comunicação entre a sociedade e as instituições”, o Ministério Público não pode se furtar a apurar se tem ou não procedência.REDES SOCIAISO novo procurador-chefe do MPF-GO é um usuário ativo das redes sociais, sobretudo o Twitter, onde conta com 6, 7 mil seguidores e mais de 44 mil tuítes. Vem de lá boa parte das polêmicas envolvendo Ailton, como no caso em que ele classificou como “socialista” o regime nazista.Porém, ele não vê polêmica em seus posts. “Polemizam comigo porque eu enxergo e expresso a realidade que outras pessoas preferem não ver por achá-la chocante. Ao expor minha visão, exerço minha condição de cidadão brasileiro. Se isso desagrada a alguém, não cabe a mim fazer juízo.”Segundo ele, o que ofende “são as suscetibilidades de cada um.” Citando performance La Bête, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), em que uma criança interagiu com um artista nu, ele diz: “Falam de polêmica, mas uma criança foi submetida a abuso, obrigada a tocar um suposto artista. Não é arte.”Apenas sobre esse tema, Ailton publicou, entre a quinta-feira (28) e a manhã do sábado (30), 52 tuítes e 26 retuítes, incluindo um cobrando postura do MP-SP. De acordo com ele, “se não expressarmos a realidade como a vemos, cada vez mais deixaremos de enxergá-la.”Sobre a visão de direita expressa nos posts, contra o que chama de “esquerdopatas”, ele afirma: “Não discuto classificação que outros me dão. Se me preocupar com rótulos, acabarei prejudicando minha compreensão da realidade.”-Imagem (1.1359593)