O escritor Olavo de Carvalho minimizou em depoimento à Polícia Federal seus vínculos com a família do presidente Jair Bolsonaro e seus principais discípulos no país, como o blogueiro Allan dos Santos.Ele também negou ter saído do país para fugir do depoimento marcado com a PF, como revelou o Painel em novembro. Contudo, apresentou uma versão com contradições sobre sua saída do Brasil para o Paraguai, de onde voou para Miami (Estados Unidos) em 13 de novembro.Olavo conversou com os investigadores responsáveis pelo inquérito sobre milícias digitais em 24 de novembro por meio de uma videoconferência.O escritor disse que só teve o primeiro contato com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Allan dos Santos em 2019, depois da eleição de Jair Bolsonaro, durante um curso presencial que tratava de "estudar a política para compreender o que está se passando".Ele disse não se recordar de ter conhecido pessoalmente o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).Em relação ao presidente, disse ter conversado em quatro oportunidades, sendo três por ligação de menos de dois minutos, e uma no jantar realizado na Embaixada do Brasil nos Estados Unidos.Olavo afirmou ter sido convidado por Bolsonaro para ocupar o cargo de ministro da Educação ou da Cultura. Ele disse que recusou o convite, mas indicou os nomes de Ernesto Araújo para as Relações Exteriores e Ricardo Vélez para a Educação. Os dois foram nomeados e depois exonerados dos cargos.O escritor afirmou que foi para o Paraguai no dia 10 de novembro após convite de um amigo de seu filho, identificado apenas como Pedro. Ele disse que pretendia encontrar o filho em Assunção, mas, ao chegar na capital paraguaia, sentiu-se cansado e "resolveu voltar logo para os Estados Unidos".Segundo ele, o homem identificado como Pedro enviou um carro para buscá-lo em São Paulo com dois motoristas paraguaios para levá-los até Assunção.Ele negou que a saída do hospital, sem autorização médica, tenha ocorrido em razão da intimação feita um dia antes para depoimento com a PF.Inicialmente, ele afirmou que comprou as passagens do Paraguai para os Estados Unidos no aeroporto. Confrontado com a informação de que uma agência de turismo de São Paulo havia confirmado ter vendido os tíquetes, ele se corrigiu e confirmou a informação dos agentes federais.Olavo não explicou sobre porque alterou a data de embarque por duas oportunidades na agência. O voo inicialmente marcado para o dia 11 foi alterado para 12 e depois, 13 de novembro, quando finalmente embarcou.No depoimento, ele defendeu a extinção de partidos que integram o Foro de São Paulo, citando especificamente o PT, PSOL e PSB.Ao mesmo tempo, porém, ele disse "que não é contra a existência de partidos de esquerda, desde que tenham sido constituídos de acordo com a legislação brasileira".