Saúde e segurança seguem como as maiores demandas da população de Goiânia, mas as ações para reparar a crise pós-pandemia do coronavírus entraram na lista de expectativa do eleitorado sobre o próximo prefeito da capital. Embora a atuação do município seja limitada em termos de impacto na economia, o tema aparece entre as principais demandas do eleitor goianiense, segundo pesquisadores e especialistas ouvidos pelo POPULAR sobre o que deve pautar a campanha deste ano.As propostas de programas sociais e iniciativas para gerar emprego e renda serão cobradas dos 14 candidatos a prefeito, preveem os analistas. As medidas na área da saúde, tanto em avaliação do que já foi feito como também do que será prometido, também ganharam mais peso por conta da pandemia.Os especialistas comentam ainda que o discurso de “cidade inteligente”, já lançado por parte dos postulantes ao Paço Municipal, terá de ser “traduzido” em ações concretas para atingir o eleitor. Do contrário, não fará efeito, a não ser sobre determinado segmento da sociedade.Os analistas dizem que os goianienses querem soluções simples e viáveis para problemas básicos. Sabem que, com a crise, o orçamento não será grande e querem propostas “pé-no-chão”. Para os especialistas, em eleições municipais, fora em caso de questão local muito forte e específica, os temas costumam ficar no tripé saúde, segurança, educação, podendo alcançar também transporte e algum agregado em função de um fato específico que dá saliência no período.A pandemia de forma geral representa esse evento excepcional que mexe com a percepção das pessoas. “O medo de pegar a doença e a dúvida sobre como será atendido se precisar de hospital, somados à preocupação com aumento de preços, desemprego e inflação, ou seja, os reflexos da pandemia, aparecem em terceiro lugar na lista do que mais preocupa atualmente o goianiense”, diz o diretor técnico da Grupom Consultoria Empresarial, Mário Rodrigues Neto, que tem feito pesquisas encomendadas por partidos e segmentos, assim como análise dos primeiros discursos dos candidatos.Tiller Belotti Jr., diretor da Diagnóstico Pesquisa e Comportamento, que realiza pesquisas qualitativas e quantitativas em Goiânia, diz que a preocupação com emprego, renda e área social por conta da pandemia é citada por mais da metade do eleitorado goianiense. O instituto não inclui o tema como válido na lista de atribuições do Executivo municipal, mas o pesquisador afirma que a citação cresceu muito por conta da crise.O cientista político e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Francisco Tavares também acredita que os prefeitáveis terão de elaborar propostas de respostas à crise. “Acho que vai surgir agora, em razão da hecatombe econômica que o País viveu, a relação entre município e a política de emprego. É algo muito difícil (pelas atribuições do prefeito). O município pode, por exemplo, fazer obra que emprega mão-de-obra intensiva, pode tentar reordenar o espaço urbano para privilegiar a geração de emprego e renda, mas o tema está bem distante da competência do município, que não gera moeda, não tributa como a União. Mas isso vai crescer em razão dos problemas econômicos que o País atravessa. A pauta de economia vai aparecer de maneira mais clara que em outras eleições”, prevê.Robert Bonifácio, também cientista político e professor da UFG, afirma que o desemprego, o subemprego e os problemas econômicos do País forçarão discussão de iniciativas da Prefeitura, embora considere que a saúde, relacionada à pandemia, será um tema de maior peso na campanha.SegurançaEm 2016, segurança pública e saúde apareciam como os dois maiores problemas da capital, segundo as pesquisas Serpes/O POPULAR divulgadas à época. No fim de setembro daquele ano, às vésperas das eleições, 81% dos eleitores apontaram a melhoria da segurança como principal demanda. A preocupação com o desemprego aparecia em quinto lugar.Sobre o discurso de cidade inteligente, os especialistas afirmam que os candidatos terão de esmiuçar as propostas e aproximá-las da realidade da população. É um tema sem conteúdo, dizem. Se a proposta não chegar até a casa do eleitor, relacionada aos seus maiores problemas, não há impacto. “Não há nada estruturado por trás desse discurso. Tem de mostrar qual benefício a população terá com essa área de tecnologia”, diz Mário.