As despesas dos partidos políticos em Goiás somaram R$ 7,3 milhões em 2021. Neste montante, R$ 1,5 milhão foi aplicado na folha de pagamento. Além disso, as legendas gastaram R$ 1,1 milhão com assessoria jurídica, R$ 339 mil em transporte e R$ 61 mil em alimentação. O levantamento foi feito pelo POPULAR com base em dados das prestações de contas dos diretórios estaduais e municipais das siglas, divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).O partido que teve despesa geral mais elevada foi o PSD, com R$ 1,1 milhão. Aparecem em seguida o PSB, com R$ 773 mil, e o MDB, com R$ 769 mil. A maior parte dos recursos usados pelos partidos é do Fundo Partidário, verba pública distribuída anualmente para custeio de atividades de rotina das legendas.Em Goiás, segundo os dados do TSE, os partidos gastaram R$ 6,4 milhões do Fundo Partidário no ano passado. Neste mesmo período, as legendas receberam R$ 6,6 milhões deste tipo de recurso. Quando uma sigla não usa toda a verba do Fundo Partidário em um ano, o dinheiro pode acumular na conta e ser usado nos próximos exercícios financeiros.Em 2021, os diretórios também gastaram R$ 841 mil de recurso identificado na prestação de contas como “outros”, que, em geral, corresponde a doações. Já a receita dos partidos nesta categoria foi de R$ 866 mil.O valor da folha de pagamento dos partidos é composto por diferentes gastos, como salários, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), seguro de vida, 13º salário, auxílio-transporte, entre outros.Leia também - Área técnica do TCU recomenda investigação de contrato da Marinha para compra de Viagra- TJ pagou mais de R$ 100 mil a 282 magistrados em junhoO partido que registrou o maior gasto com pessoal em 2021 foi o MDB, com R$ 380 mil. O PT e o PSD aparecem em seguida, com R$ 320 mil e R$ 255 mil, respectivamente.Já o montante aplicado em assessoria jurídica foi usado, em geral, para o pagamento de serviço prestado por escritórios de advocacia. Nos dados do TSE, é possível encontrar casos de empresas que receberam a mesma quantia mensalmente ao longo de 10 ou 12 meses, o que aponta que houve contratação permanente do serviço. Existem parcelas de R$ 249,56 a R$ 17 mil.Também foram registrados pagamentos avulsos para assessoria jurídica, como um de R$ 90 mil feito pelo diretório municipal do Podemos em Goiânia para uma pessoa física. Entre os partidos, o Cidadania foi o que mais gastou com advogados, total de R$ 183 mil. Na lista das maiores despesas nesta categoria também estão PSD, com R$ 169 mil, e PDT, com R$ 93 mil.DeslocamentoNo transporte, a maior despesa foi com combustíveis, óleos e lubrificantes, que custaram R$ 134 mil ao todo. Em seguida estão as passagens aéreas, que somaram R$ 105 mil. Nesta categoria, a maior despesa avulsa foi registrada pelo diretório estadual do PP, que pagou R$ 33 mil para uma empresa de táxi aéreo.Entre os partidos, o PP foi o que mais teve despesa com transporte, R$ 139 mil no total. Em seguida está o Republicanos, com R$ 46 mil, e o PSB, com R$ 33 mil.Já nas despesas com alimentação, os partidos gastaram juntos R$ 61 mil no ano passado, sendo que R$ 6.516,99 pagaram refeições em churrascarias e outros R$ 5.596,48 foram usados em lanches em panificadoras.O maior pagamento avulso foi de R$ 8,7 mil feito pelo PSD a uma empresa de buffet localizada no Setor Marista, em Goiânia. Chama atenção também os pequenos valores, como R$ 12 pagos na loja de conveniência de um posto de combustíveis de Anápolis pelo diretório municipal do Republicanos na cidade.Entre os partidos, a maior despesa com alimentação foi do PSD, com R$ 46 mil. No topo da lista também aparecem o MDB, com R$ 6,7 mil, e o PTB, com R$ 6,4 mil.Advogado especialista em Direito Eleitoral, Wandir Allan de Oliveira explica que cada âmbito dos partidos (nacional, estadual e municipal) precisa fazer sua própria prestação de contas.O advogado destaca que, desde a última eleição, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entendeu que não há limite para o uso do Fundo Partidário nas campanhas. Com isso, diz Wandir, é possível que os partidos comecem a economizar em despesas regulares para usar os recursos nas eleições.Gastos de acordo com a necessidade, dizem partidosOs presidentes dos diretórios estaduais dos partidos que registraram as maiores despesas em 2021 afirmam que os gastos das legendas são proporcionais às necessidades de cada estrutura. Em nota encaminhada por assessoria de imprensa, o PSD informou que a sigla é ativa, com atuação permanente, independente de anos eleitorais. O texto diz ainda que o Fundo Partidário é usado para a manutenção da sede, pagamento de funcionários e realização de eventos e reuniões em todo o estado. O partido gastou R$ R$ 1,1 milhão no ano passado.Em relação à despesa com assessoria jurídica, o PSD informou que este é um órgão auxiliar permanente, que atende o diretório estadual e os órgãos partidários municipais, assim como presta consultoria eleitoral quando solicitada. “(A assessoria jurídica) atende ainda demandas de interesse do partido e acompanha as prestações de contas dos órgãos partidários”, disse. A sigla teve despesa de R$ 169 mil com esse serviço.Deputado federal e presidente do PSB em Goiás, Elias Vaz afirma que o partido aplica os recursos em serviços importantes. Elias diz que assumiu a sigla, em março de 2019, com problemas jurídicos e na prestação de contas. O presidente argumenta que solucionar a situação deixada por outras gestões consome parte considerável da verba disponível. O PSB gastou R$ 71 mil com advogados em 2021. Segundo Elias, em geral, os recursos do Fundo Partidário são usados para mobilização dos membros pelo estado. O partido gastou R$ 33 mil com transporte no ano passado.No comando do MDB em Goiás, Daniel Vilela destacou que a principal despesa do partido é com pessoal e argumentou que a legenda não tem gastos exagerados. Segundo o presidente, a maior parte dos funcionários fica em Goiânia. O MDB foi o campeão de gasto com pessoal em 2021, comR$ 380 mil. A despesa total do partido foi de R$ 769 mil.Questionado sobre o que pode melhorar na transparência dos partidos, Elias disse que mudanças nestes sentidos devem ser implementadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e argumenta que a Corte deveria simplificar o processo de prestação de contas e a forma de divulgar os dados ao eleitor. O presidente do PSB também afirma que há diferentes entendimentos entre juízes eleitorais sobre temas relacionados às contas partidárias, o que torna o processo burocrático.-Imagem (1.2500783)