Com um vice do mesmo partido que o seu e outras seis siglas na aliança, Gustavo Mendanha (Patriota) foi confirmado, nesta sexta-feira (5), como candidato ao governo do estado com o discurso de que os apoios conseguidos são suficientes para levá-lo ao segundo turno contra o governador Ronaldo Caiado (UB).Como adiantado pelo POPULAR, seu candidato a vice-governador será o ex-deputado federal Heuler Cruvinel, também filiado ao Patriota. Apesar de ser do mesmo partido, o que não aumenta o escopo de alianças da candidatura, o nome de Heuler Cruvinel atende ao desejo da campanha de ter um nome do Sudoeste goiano.O grupo político de Mendanha queria um nome que não fosse da região metropolitana de Goiânia, uma vez que tanto Mendanha quanto o candidato ao Senado, João Campos (Republicanos), são do entorno da capital. O primeiro é ex-prefeito de Aparecida de Goiânia e o segundo tem sua base em Goiânia, onde é pastor de uma igreja evangélica.Dessa forma, a busca era por nome do Entorno do Distrito Federal ou do Sudoeste, duas das maiores regiões do estado em termos de eleitorado — somam mais de 1 milhão de eleitores. Tanto que dois nomes se destacavam até o início da tarde desta sexta-feira: Heuler e o ex-prefeito de Águas Lindas de Goiás Hildo do Candango (Republicanos).Até às 15h, o nome de Hildo ainda aparecia com certa força, mas a definição pelo seu nome esbarrou na chapa de deputado federal do Republicanos. Aliados de Mendanha ouvidos pela reportagem apontam que retirar Hildo da chapa poderia prejudicar o desempenho do grupo para a Câmara dos Deputados, passando por aí a decisão por Heuler.O nome do ex-deputado foi definido na vice já perto das 17h, para quando estava marcada a chegada de Mendanha, João Campos e aliados na convenção conjunta dos partidos da aliança, que ocorreu em um local de eventos em Aparecida de Goiânia. Tanto que, no local, não havia nenhum material de campanha com o rosto ou o nome do candidato a vice — apenas Mendanha e João Campos eram destacados.Em coletiva, Mendanha relatou que “enfrentar a máquina (de governo) não é algo simples”, mas que tem convicção “de que, com a força da aliança, vamos chegar em pé de igualdade”. “Vamos para o segundo turno. E no segundo turno teremos o mesmo tempo (de propaganda no rádio e televisão) e aí vamos apresentar as nossas propostas.”Questionado sobre a aliança com poucos partidos, a grande maioria deles de pequeno porte, ele disse que conversou com outras siglas, mas que as negociações em relação ao perfil do vice não avançaram. “Tínhamos critérios para decidir o vice: ser de outra região e de outra religião”, explica, em referência ao fato de que ele e João Campos são evangélicos e existia a busca por um nome católico.Mendanha ainda ressaltou que Heuler foi deputado federal por dois mandatos. “Então, (ele) tem experiência. Nós já tínhamos uma força gigante na região Sudoeste, com muitas lideranças nos apoiando, mas trazer essa representação, com certeza, vai somar muito.”DiscursoEm um salão decorado de verde e amarelo, e cheio de militantes e apoiadores, a convenção foi marcada por discursos críticos ao governo Caiado e por falas voltadas para o social. Em sua fala, Mendanha falou de aumentar programas sociais, criar empregos e cuidar dos mais necessitados, o que, segundo ele, a atual gestão não faz.Também ressaltou a “renovação da política” e criticou seu ex-partido, o MDB, ao dizer que a legenda se “curvou” a Caiado, em referência à aliança emedebista que indicou o presidente da sigla, Daniel Vilela, como candidato a vice. O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia ainda se disse “discípulo” do ex-governador Maguito Vilela, pai de Daniel, e seguidor do também ex-governador Iris Rezende. Os dois faleceram em 2021.Heuler Cruvinel chegou já no meio do evento. Discursou rapidamente, elogiando Mendanha e relatando a “força da região Sudoeste” e a presença do agronegócio na economia do estado. O senador Jorge Kajuru (Podemos) também discursou declarando apoio a Mendanha e fazendo críticas ao ex-governador Marconi Perillo (PSDB), que será candidato ao Senado.Também falaram os presidentes dos partidos aliados: Republicanos, Democracia Cristã (DC), Agir 36, Mais Brasil 35, Mobiliza e Pros. Dirigente do Pros, Ramon Cândido ressaltou a briga jurídica pelo comando da legenda, e que decisões favoráveis ao grupo que está no comando levaram o partido a fechar com o ex-prefeito de Aparecida.Como mostrou o POPULAR, o Pros estava na aliança de Caiado até as 16h desta sexta-feira, mas decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), devolveu a presidência nacional a Eurípedes Júnior e, com isso, o grupo ligado a ele em Goiás também reassumiu.A liminar de Lewandowski foi a terceira decisão na semana em relação ao tema. Em Goiás, o então presidente Dhone Rodrigues, ligado a Marcus Vinícius Holanda, então presidente nacional, havia declarado apoio a Caiado em convenção. O novo presidente goiano, Ramon Cândido, afirma, porém, que a convenção foi realizada por “órgão partidário inativo”.Convenção Patriota-Republicanos tem tom bolsonarista de campanhaA convenção do Patriota, Republicanos e partidos aliados à candidatura de Gustavo Mendanha ao governo foi marcada por uma estética bolsonarista. Logo na entrada do local do evento, em Aparecida de Goiânia, uma grande bandeira do Brasil aparecia hasteada. Dentro do salão, uma decoração toda em verde e amarelo. Nos convites, o partido já pedia aos convidados que vestissem as cores, que acabaram virando marca dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).Mendanha declarou apoio a Bolsonaro desde março, quando ainda tentava ser o candidato do presidente em Goiás, mas acabou preterido pelo deputado federal Vitor Hugo (PL), contra quem deve disputar o governo.Esposa do candidato, Mayara Mendanha entrou no palco carregando uma bandeira do Brasil e, em discurso, evocou Deus e família como pontos centrais de sua fala, que durou poucos minutos. Coube ao candidato ao Senado, João Campos (Republicanos), porém, o discurso mais enfático de aproximação com o bolsonarismo. Além de se dizer defensor da pauta de costumes e da segurança pública, temas que já defendia por ser pastor e delegado, o candidato também abriu críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), corte que virou alvo de luta de Bolsonaro. “Há uma atividade que é exclusiva do Senado, que é fazer o mecanismo de freios e contrapesos em relação ao STF funcione para que alguns ministros que atuam fora do arcabouço da Constituição passem a atuar dentro das quatro linhas. Que haja no Brasil o império da lei e nenhuma ameaça à democracia”, falou em coletiva e repetiu em discurso.Marconi PerilloEm coletiva, João Campos e Gustavo também foram questionados a respeito da mudança do cenário com a saída do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) da eleição para o governo e sua entrada na disputa pelo Senado. Mendanha se limitou a dizer que “estava pronto para enfrentá-lo”.Leia também:- Vitor Hugo escolhe pastora para a vice- Marconi diz que corrida ao Senado ajuda proporcionais- Com 11 siglas, Caiado fala em gestão de ‘convergências’