A decisão do PSD de ficar com a base do governo, mesmo com candidatura isolada ao Senado, ocorreu principalmente pelo endurecimento do tom do governador Ronaldo Caiado (UB), com ameaça de retirada das candidaturas de Ismael Alexandrino e Dannillo Pereira, ambos do PSD, a deputado federal.Na última terça-feira (26), depois de o PSD manifestar intenção de caminhar com a oposição e dos sinais de insatisfação do presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (PSD), pré-candidato ao Senado, Caiado mandou avisar ao partido que os dois reforços da chapa sairiam da disputa. Ele estava disposto inclusive a nomear Alexandrino de volta à Secretaria Estadual de Saúde (SES).A saída de ambos inviabilizaria o projeto de eleição de pelo menos dois deputados, acertado com a direção nacional do PSD.Caiado já havia enviado o recado no dia anterior, quando disse ao POPULAR que “desidratou o DEM” para ajudar a chapa do PSD. Naquela segunda-feira (25), Lissauer não compareceu e não enviou representante à cerimônia de transferência da capital para a cidade de Goiás.Em resposta à insatisfação do pessedista, Caiado afirmou que não via possibilidade de o partido caminhar com a oposição. “Esses nomes (candidatos a deputado ligados à base) vão realçar as suas candidaturas com aquilo que o governo construiu. Qual discurso teriam? Como podem ser candidatos em outra situação que não seja do governo? Eu acho que isso tudo (a aliança) está 100%”, afirmou Caiado.No mesmo dia, o presidente estadual do PSD, Vilmar Rocha, rebateu o governador e disse que não houve “desidratação” do DEM em favor do PSD, mas que a única ajuda do governador foi com Alexandrino. Para o partido, Dannillo tinha ligações com Lissauer e sua filiação não dependeu do envolvimento do governador. No entanto, como o principal reforço da candidatura de Dannillo é o prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale, Caiado também exerceu pressão para a retirada.Sem os dois candidatos, o PSD teria apenas o deputado federal Francisco Júnior (PSD) como puxador de votos e sentiu o risco de não eleger ninguém. Dois dias depois do aviso de Caiado, a direção do partido se reuniu e descartou aliança com grupos da oposição, conforme mostrou O POPULAR na quinta-feira (28).Na ocasião, pessedistas afirmaram que o recuo tinha a ver com a posição majoritária dos candidatos a deputado, o risco de perda de apoio de prefeitos e deputados a Lissauer, e a falta de espaço para candidatura ao Senado nas chapas de oposição.Mesmo com o xeque-mate do governador sobre o PSD, grupos de oposição ainda não desistiram das articulações com o partido. Havia desconfiança sobre a manutenção da candidatura de Lissauer Vieira ao Senado e apostas de que as ameaças poderiam gerar ainda mais insatisfação. O que acabou sendo alimentado nesta terça-feira (2), com a notícia de que o presidente da Alego deve retirar seu nome da corrida ao Senado. (leia mais acima)O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) ofereceu ao PSD a vaga para o Senado em uma coligação junto com o PT, inclusive em conversas com o presidente estadual do partido, Gilberto Kassab. Os tucanos afirmam que o PSD ainda não finalizou as conversas.RepublicanosCaiado adotou estratégia semelhante nas articulações com PSD e Republicanos. No segundo, o ex-secretário de Segurança Pública Rodney Miranda permaneceu no partido em acerto com o governador e sob a condição de apoiá-lo.O partido, no entanto, fechou aliança com o pré-candidato do Patriota ao governo, o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha. O presidente estadual do Republicanos, deputado federal João Campos, é o pré-candidato ao Senado na chapa.Caiado também pressiona pela desistência de Rodney, mas o ex-auxiliar não é considerado tão fundamental na chapa de deputado federal do Republicanos, uma das mais fortes desta disputa.Mesmo com a pressão sobre Rodney e outros parlamentares governistas, e ainda com o apoio do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), Caiado não conseguiu recuo da direção estadual, que tem o respaldo do diretório nacional para o acerto com Mendanha.“Caiado amarrou o PSD, que ficou refém do governo. É diferente do Republicanos, que tem uma chapa forte, tem a igreja, um grupo de mídia e estrutura para seguir com a oposição”, afirmou um parlamentar.Leia também:- Lissauer desiste de candidatura ao Senado- Mendanha busca vice do Entorno ou da região Sudoeste- Rede faz vice do PSOL na chapa majoritária em Goiás