Postos de combustíveis aumentaram novamente os valores nesta quinta-feira (10), no mesmo dia em que ocorreu o anúncio do reajuste que ainda será aplicado pela Petrobras. Em Goiânia, muitos estabelecimentos atualizaram os valores. O litro da gasolina chegou a ser vendido por até R$ 7,83, o que foi encontrado em posto no Jardim Goiás. Mas a nova pressão ainda chegará com maior força aos consumidores. Depois de quase dois meses de valores congelados nas refinarias, a estatal anunciou que o preço médio da gasolina para as distribuidoras aumentará 18,8% e do diesel 24,9% a partir desta sexta-feira (11). Com isso, é esperado que a gasolina possa chegar bem próximo de R$ 8. Até o dia 5 de março, o litro era encontrado por no máximo R$ 7,19 na capital, mas com valor médio cobrado de R$ 6,621, conforme pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).Esse salto no preço com vários postos com venda da gasolina a partir de R$ 7,27, segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), Márcio Andrade, possui mais de uma explicação.“O aumento já estava acontecendo do final de semana para cá. Então, traz o reflexo de que alguns postos suspenderam promoção e o diesel foi pouco mais racionado pelas distribuidoras, que repassaram também aumento por terem parte do produto importado, que já chegou mais caro”, pontua. Capital de giroSobre os postos que já praticavam R$ 7,83 e R$ 7,70 – revenda no Setor Sul –, ele atribui ao mecanismo de proteção do capital como uma das possibilidades. A reportagem tentou contato com responsáveis pelos postos, porém não conseguiu um retorno. “O comum não é subir no dia do anúncio e sim com o preço novo. Com aumento nesta proporção, o diesel com R$ 0,90 é mais de duas vezes a margem de lucro na média. Então, com certeza, os postos precisam proteger o capital de giro.”A preocupação é manter o funcionamento e com estoque normal, já que o setor enfrenta, como defende o presidente do Sindiposto, dificuldades desde o ano passado com margem de lucro considerada estável e aumento no custo. “São patamares nunca vistos antes. E o etanol mostra tendência de alta com especulação do mercado.” Para ele, é preciso que o Congresso consiga aprovar as propostas que podem amortizar o efeito para os consumidores. Para o executivo do setor de logística de combustíveis e CEO do Gasola – startup focada em realizar negociações entre transportadoras e postos de combustíveis –, Ricardo Lerner, os postos de bandeira branca devem sofrer mais. “Todo mundo briga para ter petróleo nacional, porque ainda é mais barato que o internacional, para distribuir e eles são os últimos da fila”, pontua ao citar que não acredita na falta do combustível, apenas na pressão pelo aumento da demanda maior que oferta. Ele acrescenta que a Petrobras ainda não repassou tudo para equiparar com o mercado internacional, então são esperados novos aumentos. “No diesel, foram R$ 0,90 agora e ainda tem mais R$ 0,40 para aumentar. Por isso, vão ter várias movimentações do governo para tentar baixar os preços, mas não vão conseguir fazer muita mágica.”Lerner explica ainda que o repasse é rápido para o consumidor porque os estoques dos postos duram poucos dias e, assim, é preciso ter muito capital empregado. “Como consequência, as transportadoras vão aumentar o frete, que será repassado aos produtos, o que impacta muito a inflação do País. Um efeito em cascata.”