O prefeito de Ceres, Edmario de Castro (Cidadania), nega ter tido reuniões com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que estão no centro das denúncias de cobrança de propina para liberação de recursos do Ministério da Educação (MEC) a municípios. Como mostrou o POPULAR nesta sexta-feira (25), ele está na lista de pessoas que podem ter os sigilos bancário e telemático quebrados, caso seja acatado pedido feito pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ao Supremo Tribunal Federal (STF).Leia também:- Senador pede quebra de sigilos de prefeito goiano e inclusão de outros três em inquéritoEle primeiro enviou nota à reportagem em que diz não conhecer o pastor Arilton Pereira, o que contradiz versão que deu ao jornal O Globo, no dia 22 de março. À ocasião, segundo o Globo, Edmario afirmou que participou de agenda no MEC com a presença do pastor Arilton e que, em seguida, o próprio ministro da Educação, Milton Ribeiro, se ofereceu para ir à cidade do prefeito. “Sou da igreja dele (denominação Igreja Presbiteriana). Então, ele quis vir à minha cidade”, disse ao jornal. Ele também narra que os dois pastores viajaram até Ceres para preparar a visita do ministro.Ao POPULAR, Edmario confirma que esteve em agenda no MEC, em março de 2021, juntamente com outros prefeitos, mas relata que saiu antes de o evento terminar e que não se encontrou com ninguém na ocasião. “No início de maio, ficamos sabendo que o ministro viria à região e nós, por meio de um deputado federal, perguntamos sobre a possibilidade de ele vir a Ceres, porque aqui tem o Instituto Federal Goiano e havia várias obras prontas para serem inauguradas.”O deputado que auxiliou a marcar a agenda com o ministro, segundo o prefeito, é o deputado federal José Nelto (Podemos). “Ele (ministro) veio aqui de maneira muito rápida. Desceu de helicóptero dentro da instituição”, relatou.O prefeito também confirma que duas pessoas, que se identificaram como assessores do ministro, foram à cidade na semana anterior para “preparar a visita.” Questionado se confirma que os dois supostos assessores do ministro são os pastores Gilmar e Arilton, ele nega: “Não sei. Sinceramente, não conheço esse povo.”De acordo com Edmario, no dia do evento, ele entregou um documento ao ministro Milton Ribeiro. “Entreguei um documento para ele sobre um Cmei que está parado há mais de dois anos, e continua parado. Não houve nenhum recurso liberado para essa obra. Foi só isso. Não tive nenhuma conversa ou oportunidade com ninguém desse pessoal. Não tenho nada a ver com isso.”A existência de um grupo de pessoas sem ligação com a administração pública e o setor de ensino que facilita acesso ao ministro da Educação e a recursos da pasta foi divulgada em reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, na sexta-feira (18). Desde então, vieram à tona várias denúncias de cobranças de propina para facilitar o acesso a recursos do MEC.Na quinta-feira (24), a ministra Cármen Lúcia autorizou a abertura de inquérito para apurar o envolvimento do ministro da Educação, Milton Ribeiro, com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, atendendo pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras. A ministra também deu 15 dias para que MEC e Controladoria-Geral da República (CGU) expliquem o cronograma de liberação das verbas do ministério via Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).Confira a íntegra da nota do prefeito de Ceres:Sobre matérias jornalísticas que citam o meu nome, Edmario de Castro Barbosa, enquanto Prefeito de Ceres, no caso que envolve o Ministro da Educação, Milton Ribeiro, esclareço que não são verdadeiras as insinuações atribuídas à minha pessoa, pois nunca participei de reunião alguma com o Pastor Arilton Pereira. Informo, ainda, que em 13 de março de 2021, juntamente com Secretários Municipais e vários outros prefeitos, estive em uma reunião coletiva no Ministério de Educação, sendo que naquela oportunidade não tive contato direto algum com o Ministro, Assessores do MEC ou Pastores.Ressalto que no início de maio de 2021, fui informado de visita do Ministro Milton Ribeiro a cidades do Vale do São Patrício, inclusive Ceres, sendo que o Ministro faria a entrega de obras no Campus - Ceres do Instituto Federal de Goiás. A agenda aconteceu no dia 31 de maio e, na semana da visita, recebi em meu gabinete assessores do Ministro que vieram tratar especificamente da agenda do evento. Durante a visita, recebemos (prefeitos, deputados, vereadores e secretários de Governo) a comitiva já no campus do Instituto e logo em seguida deslocamo-nos para o auditório, não havendo reunião alguma com o Ministro e/ou seus Assessores.Por fim, esclareço que estarei sempre à inteira disposição no sentido de colaborar para a elucidação dos fatos e demonstração de minha idoneidade, ressaltando que as ilações do Senador Randolfe Rodrigues com relação à minha pessoa será objeto da competente ação judicial visando a reparação de minha reputação e imagem pública, arranhadas pelas inverdades repassadas aos meios de comunicação e a sociedade. Edmario de Castro BarbosaPrefeito de Ceres