A assessoria da Prefeitura de Goiânia afirmou que vieram do deputado federal João Campos (Republicanos) as indicações do filho e do genro do pastor Arilton Moura, suspeito de tráfico de influência e corrupção dentro do Ministério da Educação, para cargos comissionados na Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh). Helder Diego da Silva Bartolomeu, genro do pastor, e Victor Iuri Moura Correia, filho do religioso, foram nomeados para o cargo de assessor técnico dentro do Departamento Pessoal da Seplanh no dia 25 de maio de 2021 e foram exonerados no dia 11 de maio deste ano, após já ter estourado o escândalo que ficou conhecido como “Bolsolão do MEC”.O genro chegou a ser preso com o pastor e mais três pessoas, entre elas o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, e o pastor Gilmar Santos, na quarta-feira (22) durante operação da Polícia Federal (PF), mas já foram todos soltos. Já em relação a Victor não nada que o relacione aos esquemas de corrupção pelos quais o pai é investigado.Partido de deputado é o mesmo do prefeitoO deputado federal preside em Goiás o Republicanos, mesmo partido do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, e os dois são aliados políticos, mas ligados a igrejas diferentes. Campos é pastor da Assembleia de Deus Ministério Vila Nova, enquanto Cruz é pastor licenciado da Universal. O pastor Gilmar Santos é líder do Ministério Cristo para Todos, um ramo da Assembleia de Deus com sede em Goiânia, enquanto Arilton é considerado um braço-direito de Gilmar.Na quinta-feira (23), o deputado afirmou, por meio de sua assessoria, que “tinha conhecimento” das indicações, que foram feitas pelos próprios pastores, mas não sabia se elas haviam sido efetivadas ou não. Ele não explicou como sabia das indicações e disse não saber se as indicações foram feitas diretamente pelos religiosos ou de forma indireta. Em entrevistas anteriores, João Campos afirmou ter contato com o pastor Gilmar há mais de 30 anos por causa das igrejas. Em março, a imprensa revelou que a filha de Gilmar, uma nutricionista, era servidora comissionada no gabinete do deputado, em Brasília, e ele argumentou que a contratação foi por mérito, após avaliação da profissional.Contatos no governo federalA imprensa nacional tem informado que teria sido o deputado federal quem “abriu as portas” dos pastores para os contatos dentro do governo federal, principalmente o Ministério da Educação (MEC). Arilton e Gilmar são investigados por comandar uma espécie de gabinete paralelo no ministério, agendando encontros do ministro com prefeitos e garantindo recursos públicos em troca de propina.Helder e Victor receberam apenas cerca de R$ 2,1 mil cada um em julho durante todo o período em que estiveram como assessores técnicos da Seplanh, segundo o Portal de Transparência da Prefeitura. No caso do genro, que foi divulgado ainda em março pela imprensa, o executivo informou que ele nunca chegou a trabalhar na pasta e que no dia 15 de junho do ano passado foi aberto um procedimento administrativo para apurar sua conduta e exonera-lo. ExoneraçõesEspecialistas ouvidos pela reportagem afirmam que não havia motivo para esperar o fim do processo interno para exonerar um comissionado, como argumentado pelo prefeito em entrevista à CBN Goiânia na quinta. Bastaria um decreto com a exoneração, e o documento poderia ser publicado sem justificativa ou antes do fim do procedimento administrativo, caso a Prefeitura quisesse insistir com esta ação.“Ocupante de cargo em comissão ou função de confiança é nomeado e/ou exonerado livremente, ou seja, sem necessidade de processo administrativo e sem necessidade de motivação”, comentou o advogado Marcos César Gonçalves de Oliveira, ouvidor-geral da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO).A contratação de Victor, assim como o parentesco dos dois com o pastor, foram noticiados com exclusividade pelo POPULAR na quinta-feira, após a manifestação da Prefeitura, e desde então o Paço não deu mais detalhes sobre os dois processos, apenas informando nesta sexta que as indicações vieram de João Campos.O POPULAR entrou em contato novamente com a assessoria do deputado e aguarda retorno.Leia também:- Indicações para cargos na Prefeitura de Goiânia foram de pastores, diz João Campos- Três envolvidos em escândalo no MEC são ligados a Goiás