Fabiana Pulcineli

Ao visitar uma moradora do Residencial Paraíso, na região Norte de Goiânia, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, recomendou a atualização cadastral na Prefeitura de lotes com construção, para que haja a alteração de ITU para IPTU e o contribuinte não sinta grande impacto com as mudanças no Código Tributário Municipal (CTM). A alíquota do ITU é superior à aplicada no IPTU.Ele ressaltou que aqueles que construíram imóveis há mais de cinco anos ficam isentos de prestar contas de Imposto sobre Serviço (ISS) ao atualizar o cadastro na Prefeitura.“O pessoal confunde o ISS com taxa de mudança cadastral. Há o ISS da construção civil que o morador precisa reter quando faz a obra e prestar contas na hora de atualizar o cadastro. Se não presta contas, tem de pagar. Já a mudança do cadastro não tem taxa”, explica a superintendente de Administração Tributária, Marilene de Sousa Dares.A líder comunitária Maile Gonçalves da Silva havia reclamado nas redes sociais da primeira-dama, Thelma Cruz, sobre o ITU de sua casa, que chegou em valor de R$ 394,68, sendo R$ 540 o valor integral, mas reduzido pelo limitador de 45%.Com o registro de construção no imóvel, o cadastro gerou IPTU no valor de R$ 350 e não deve haver aumentos nos próximos anos, a não ser a reposição da inflação.Durante a visita, um vizinho de Maile também foi reclamar com o prefeito sobre o valor do ITU e alegou que não havia feito a atualização cadastral por conta de “taxas que tem de pagar”. Como o imóvel foi construído há 12 anos, ele não terá de prestar contas sobre o ISS.Maile acertou com a Prefeitura de ceder espaço na sua casa para receber atendimento de técnicos da Prefeitura a casos semelhantes dos vizinhos.A gestão municipal afirma que prestará atendimento itinerante em outros bairros e nas lojas do Atende Fácil na capital.

Prefeitura de Goiânia recomenda atualização cadastral de lotes com construção

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Matéria - Política

O Atlético-GO é, dos três goianos na Série B, o clube com a pior campanha. Antes cotado como um dos favoritos ao acesso à elite nacional, o Dragão soma 18 pontos, convive com a instabilidade e, neste mês de julho, quer encaminhar um retorno à briga por vaga na Série A.

Até o fim do 1º turno, o rubro-negro enfrenta adversários que se encontram próximos dele, acima ou abaixo, na pontuação. O primeiro desafio será o CRB-AL, nesta quinta-feira (3), no Estádio Antônio Accioly. A derrota para o Vila Nova, no clássico do último sábado (28), jogou desconfiança sobre o Dragão.

A projeção é chegar, pelo menos, próximo aos 30 pontos. Para conquistar pelo menos 12 pontos até o fim do 1º turno, o rendimento tem que ser de, no mínimo, 80% nas próximas cinco rodadas. Isso encaminharia para o Dragão um 2º turno com chances de acesso.

Caso contrário, se o rendimento não melhorar, o Dragão continuará do meio para a segunda página na tabela. “Queremos somar o máximo de pontos para, depois, fazer um 2º turno de recuperação”, previu o gerente geral do Atlético-GO, Júnior Murtosa. Ele se lembra, por exemplo, da campanha de recuperação do clube no returno de 2023, quando o Dragão somou 37 pontos.

Por isso, cada triunfo nos próximos jogos significa subir na tabela no 1º turno, ultrapassar os concorrentes acima – CRB-AL (21 pontos) e Chapecoense (19 pontos) – e se distanciar daqueles que estão abaixo: Paysandu (13 pontos), Criciúma (16) e Operário-PR (17 pontos).

Em 2023, ano do último acesso do Atlético-GO à Série A, o clube virou o turno com 27 pontos e fez 37 no returno, algo que é difícil de se repetir na Série B, com arrancadas de duas sequências invictas: uma de seis partidas e outra de cinco rodadas sem perder.

O jogo com o CRB-AL é decisivo. O time alagoano faz campanha melhor e é comandado pelo técnico Eduardo Barroca, ex-Atlético-GO. O Dragão precisa da vitória para se igualar ao adversário e, depois, se preocupar com as rodadas seguintes. Nos cálculos, uma referência é acompanhar a pontuação do 4º colocado – atualmente, o Avaí fecha o G4 (23 pontos).

Na Série B, o Atlético-GO convive com a irregularidade nos resultados, pois ainda não conseguiu emplacar uma sequência de duas vitórias seguidas ou mais – antes de perder de 1 a 0 do Vila Nova, o Dragão vinha de três partidas sem derrota, mas com empate (0 a 0) com o Coritiba entre duas vitórias. No clássico, o Dragão foi superior no primeiro tempo, mas não fez gols. Pagou caro por isso. Depois do jogo, o técnico Fábio Matias foi criticado pelo presidente do clube, Adson Batista. A sequência do treinador passa pelo resultado positivo contra o CRB-AL.

A diretoria também trabalha para reforçar o elenco, que, se depender apenas de regularização, poderá utilizar os contratados a partir da 16ª rodada. Já chegaram o volante sírio-agentino Ezequiel Ham, o atacante Kelvin e, depois do dia 10, chega o lateral direito Valdir Júnior, de 25 anos e que foi emprestado pelo Confiança-SE. Porém, ele fica no time sergipano para disputar os dois próximos jogos da Série C.

O Atlético-GO planeja trazer mais dois atacantes e um volante.

Próximos cinco jogos 
15ª rodada: Atlético-GO x CRB - 3/7 (quinta-feira) - Accioly 
16ª rodada: Paysandu x Atlético-GO - 12/7 (sábado) - Curuzu 
17ª rodada: Atlético-GO x Criciúma - 18/7 (sexta-feira) - Accioly 
18ª rodada: Operário-PR x Atlético-GO - 22/7 (terça-feira) - Germano Kruger 
19ª rodada: Atlético-GO x Chapecoense - 27/7 (domingo) - Accioly

Desempenho em casa: 57,14% 
12 pontos em 7 jogos 
3v, 3e, 1d, 10 gols marcados, 6 gols sofridos

Desempenho fora de casa: 28,57% 
6 pontos em 7 jogos 
1v, 3e, 3d, 4 gols marcados, 7 gols sofridos

Reta final do 1º turno da Série B: Atlético-GO planeja pontuação perto da máxima

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Segundona

O 1º turno da Série B está chegando ao fim, mas o Vila Nova não está na colocação que desejava nesse ponto do campeonato. A projeção interna é de vitórias e uma escalada na tabela de classificação antes das cinco últimas rodadas da metade inicial do torneio, e a recente vitória no clássico contra o Atlético-GO pode servir de combustível.

O triunfo por 1 a 0 sobre o Atlético-GO, no OBA, no último final de semana, encerrou a série de cinco derrotas seguidas do Vila Nova na Série B (e seis na temporada, incluindo um revés pela Copa do Brasil) e fez com que a equipe colorada voltasse a ficar mais perto da zona do acesso do que da zona de rebaixamento.

No entanto, o G4 ainda está mais longe do que o planejado. Para o diretor de futebol Alarcon Pacheco, os últimos cinco compromissos do Vila Nova pelo 1º turno da Segundona serão jogos difíceis contra adversários de qualidade. “O objetivo é somar o máximo de pontos. Nossa projeção é vencer as partidas para poder subir na tabela”, declarou ao POPULAR.

Neste momento, o Vila Nova se encontra na 11ª colocação da Segundona, com 19 pontos, após o desfecho da 14ª rodada. O Avaí, primeiro time dentro do G4, tem quatro pontos a mais do que o Tigre, enquanto o Volta Redonda, primeiro time dentro do Z4, tem cinco pontos a menos. Curiosamente, o time goiano enfrentará ambos ainda no 1º turno.

No Raio-x dos próximos adversários, o Vila Nova terá pela frente dois clubes em situações parecidas na tabela - Ferroviária, em 13º lugar, com 18 pontos, e Operário-PR, em 14º, com 17 pontos. Além deles, o Tigre precisará superar dois concorrentes pelo acesso - Avaí, em 4º, com 23 pontos, e CRB, em 6º, com 21 pontos. Por fim, terá um duelo contra uma equipe da zona da degola - o Volta Redonda, em 17º lugar, com 14 pontos.

Próximos cinco jogos 
15ª rodada: Ferroviária x Vila Nova - 6/7 (domingo) - Fonte Luminosa 
16ª rodada: Vila Nova x Operário-PR - 11/7 (sexta-feira) - OBA 
17ª rodada: Avaí x Vila Nova - 19/7 (sábado) - Ressacada 
18ª rodada: Vila Nova x CRB - 22/7 (terça-feira) - OBA 
19ª rodada: Volta Redonda x Vila Nova - 27/7 (domingo) - Raulino de Oliveira

Desempenho em casa: 71,43% 
15 pontos em 7 jogos 
5v, 0e, 2d, 7 gols marcados, 5 gols sofridos

Desempenho fora de casa: 19,05% (3º pior da Série B) 
4 pontos em 7 jogos 
1v, 1e, 5d, 4 gols marcados, 9 gols sofridos

Reta final do 1º turno da Série B: Vila Nova projeta subir na tabela

O Goiás é líder isolado da Série B, com dois pontos de vantagem para o vice-líder Coritiba e seis de vantagem para o 5º colocado Remo. Para fechar o 1º turno na liderança e com o acesso ganhando contornos cada vez mais concretos, o esmeraldino terá uma série de confrontos diretos nas cinco próximas rodadas.

Dos cinco últimos adversários do Goiás no 1º turno da Segundona, apenas o Criciúma está atualmente na parte de baixo da tabela de classificação (em 15º lugar, com 16 pontos). Todos os demais estão na briga por objetivos mais altos. O Athletico-PR se encontra em 9º, com 20 pontos; o Cuiabá em 7º, com 21 pontos; o Novorizontino em 3º, com 26 pontos; e o Remo em 5º, com 23 pontos.

Portanto, a sequência derradeira do 1º turno será mais um teste de fogo para o Goiás, que passou por instabilidade recente de duas derrotas, mas se recuperou após ganhar de virada da Chapecoense, por 2 a 1, na rodada passada. O lado positivo para o torcedor alviverde é que três dos cinco últimos confrontos serão disputados na Serrinha.

Como base de comparação, o Goiás já enfrentou cinco dos dez clubes que estão na parte de cima da tabela, com três vitórias e duas derrotas. A equipe venceu Coritiba (1 a 0), Avaí (2 a 1) e Chapecoense (2 a 1), mas perdeu para CRB (2 a 0) e América-MG (1 a 0). A intenção é melhorar esse rendimento daqui para frente.

Se conseguir derrotar esses adversários diretos pelas primeiras posições, o Goiás entrará no 2º turno da Série B com o acesso à elite nacional cada vez mais encaminhado. Antes disso, porém, o time se concentra para não vacilar diante do Criciúma, que briga contra o rebaixamento.

Próximos cinco jogos 
15ª rodada: Goiás x Criciúma - 8/7 (terça-feira) - Serrinha 
16ª rodada: Athletico-PR x Goiás - 12/7 (sábado) - Arena da Baixada 
17ª rodada: Goiás x Cuiabá - 19/7 (sábado) - Serrinha 
18ª rodada: Novorizontino x Goiás - 23/7 (quarta-feira) - Jorge Ismael de Biasi 
19ª rodada: Goiás x Remo - 26/7 (sábado) - Serrinha

Desempenho em casa: 76,19% 
16 pontos em 7 jogos 
5v, 1e, 1d, 11 gols marcados, 5 gols sofridos

Desempenho fora de casa: 61,9% (o melhor da Série B) 
13 pontos em 7 jogos 
4v, 1e, 2d, 7 gols marcados, 6 gols sofridos

Reta final do 1º turno da Série B: Goiás tem confrontos diretos para fechar na liderança

Duas semanas após a tragédia ambiental que atingiu Padre Bernardo, cidade goiana no entorno do Distrito Federal, produtores que dependem da água do Córrego Santa Bárbara e do Rio do Sal vivem angústias e incertezas. Sob mau cheiro e milhares de moscas, veem plantações e criações minguarem sem o acesso regular à água, contaminada desde 18 de junho, quando uma pilha de lixo de 40 mil m³ desabou no aterro Ouro Verde – um lixão, afirmam a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO).

Seu funcionamento era tido como temerário pelos técnicos, mas as atividades seguiram por medidas judiciais. Apesar de o lixão estar no município, ele fica a 60 quilômetros do centro comercial de Padre Bernardo. A população afetada reside no distrito de Monte Alto, especialmente as pessoas das regiões de Vendinha e Ouro Verde, próximas do desastre. Quando acaba o asfalto da Avenida Perimetral Norte, na Vendinha, percebem-se os primeiros sinais da presença do lixão. O vento sopra e um cheiro azedo de esgoto faz as narinas arderem. Na vizinhança do aterro, com diversas chácaras, moscas incomodam quem transita.

O terreno por ali é acidentado e, conforme o MP, está dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Descoberto, em uma zona de conservação, onde são proibidos aterros sanitários, de acordo com o plano de manejo. Nas partes altas, perto do aterro, o mau cheiro vai e vem. Mais abaixo, próximo a grotões vizinhos ao Santa Bárbara, o odor aumenta e moscas fazem uma mancha escura no horizonte.

Esse foi o cenário encontrado pelo POPULAR nesta segunda-feira (30) em uma propriedade rural cortada pelo curso d’água, a alguns quilômetros abaixo de onde ocorreu o desabamento. Lá havia diversas sacolas e embalagens plásticas, além de uma lâmpada e um tubo de coleta de sangue – produtos que se configuram como lixo eletrônico e hospitalar (leia mais ao lado) e têm regulamentação específica para descarte. A água fétida apresenta espumas densa em alguns locais e muito lodo. Em outros pontos, o leito está parado e leitoso. Relatos são de que o córrego era cheio de lambaris, que sumiram desde a contaminação.

O caseiro da propriedade rural, Givaldo Rodrigues, de 33 anos, diz que moveu 45 cabeças de gado para outra área da fazenda para evitar que bebam água contaminada. “Também tirei mais de 40 sacolas de lá (do Córrego Santa Bárbara).” Ele diz que não tem enfrentado problemas para se hidratar, cozinhar e tomar banho porque a água usada vem de uma fonte na parte mais elevada do terreno.

Em 20 de junho, dois dias após o desabamento, a empresa responsável pelo lixão distribuiu pelas propriedades um comunicado sobre um “acidente ambiental nas dependências do empreendimento”, ocasionado por um “deslizamento de massa de resíduos”. No documento, afirmaram que um plano de contingência já havia sido acionado, mas também orientam a população a evitar “o consumo da água do Córrego Santa Bárbara até o trecho que alcança o Rio do Sal”.

Situação semelhante à de quem depende do Santa Bárbara ocorre com quem tem propriedade cortada pelo Rio do Sal, que recebe as águas do córrego. Apesar de as fontes d’água servirem para matar a sede da maioria das propriedades, o rio é essencial para o desenvolvimento de atividades econômicas variadas. A região conta uma granja, fazendas de criação de gado, horticulturas e pisciculturas (criações de peixes).

O piscicultor Jeorge Maurício Vidal Lima, de 47 anos, conhecido como ‘Preto’ na região, trabalha com peixes há mais de 20 anos. Cria lambaris, carpas e outros peixes ornamentais. A água usada para oxigenar os tanques dos quase 22 mil peixes vem do Rio do Sal. Entretanto, a bomba que puxa água dele está desligada desde 19 de junho.

Para que os peixes não morram, ele conta que a prefeitura de Padre Bernardo tem providenciado, todos os dias, um caminhão-pipa, com cerca de 10 mil litros de água, para que ele abasteça o tanque onde ficam os animais reprodutores. Mesmo assim, o nível d’água do tanque cai dia após dia.

Na tentativa de impedir a morte de ao menos parte dos peixes, ele pretende construir um outro tanque – que terá acesso à água da fonte – e colocá-los lá. Entretanto, a estação do ano complica a operação. Jeorge explica que, com as temperaturas mais baixas, o manejo dos peixes de um tanque ao outro fica mais difícil, o que pode fazê-los adoecer e morrer.

Mesmo que a operação seja exitosa, a solução não é definitiva. “A água da fonte mal dá para a gente beber. Não tem como ficar assim para sempre”, diz. A piscicultura é a principal renda da família de Jeorge. Um complemento vem do salário da mulher, Debora Vieira da Silva Vidal, de 40 anos, que trabalha com serviços de limpeza. “R$ 1,5 mil dá para o que hoje em dia?”, questiona Debora. Ela levou a reportagem do POPULAR até o ponto onde fica a bomba e contou que a água, que estava turva, costuma ser cristalina. “Meus filhos tomavam banho aí”, diz.

O horticultor Valmir Ferreira Calado, de 59 anos, vive drama parecido. Ele também capta água do Rio do Sal para irrigar os 30 hectares da Fazenda Pedra Preta, local onde planta berinjela, mandioca, abobrinha, jiló, repolho e outras hortaliças. Os itens vão para cidades como Goiânia, Anápolis e Brasília.

Normalmente, o terreno é irrigado uma vez por dia, por uma hora. Na segunda-feira, a terra da fazenda estava seca. Ela havia sido molhada pela última vez três dias antes, em 27 de junho. Valmir conta que vive impasse no que diz respeito ao uso da água do rio, já que depende das colheitas para pagar os empréstimos que financiaram as plantações, além de pagar os salários dos cinco funcionários que o acompanham no trabalho. “R$ 1 milhão de reais ou mais (de dívida)”, destacou.

Prazos

Em longo prazo, os produtores rurais podem acionar o aterro judicialmente, pelo ressarcimento de seus prejuízos. Entretanto, até agora, nenhuma solução definitiva de curto ou médio prazo foi apresentada para pessoas como Jeorge e Valmir. A previsão é de que o acesso à água do Córrego Santa Bárbara e do Rio do Sal fique restrito por cerca de 120 dias, prazo necessário para que as autoridades façam o manejo dos resíduos do aterro.

Ao POPULAR, a Ouro Verde Construções e Incorporações Ltda, responsável pelo aterro, explicou que a empresa está com as ações – tanto de manejo dos resíduos que desabaram quanto de assistência aos produtores – limitadas por conta de bloqueio judicial de bens.

A secretária de Meio de Ambiente de Padre Bernardo, Daiana Monteiro, conta que a gestão começou a atender produtores da região com três caminhões-pipa, mas que quer ampliar o número. “Estamos contratando”, afirma. Segundo ela, não há prazo pré-determinado para a atuação dos veículos. “Enquanto a população tiver necessidade, vamos continuar.”

Em entrevista ao POPULAR nesta segunda, a secretária estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis, explicou que os esforços se dão para resolver a situação do lixão antes do início das chuvas, que voltam entre outubro e novembro, e evitar que a contaminação se espalhe.

<h2>Moradores convivem com mau cheiro há anos&nbsp;</h2>

Apesar do acontecimento recente, o drama vivido por quem mora próximo ao Aterro Sanitário Ouro Verde, localizado em Padre Bernardo, é antigo. O incômodo causado pelo mau cheiro do empreendimento é um consenso geral e é definido como “poluição odorífera” por Amanda Almeida, de 46 anos, que é dona de uma chácara que faz divisa com o aterro.&nbsp;

Amanda, que é bióloga e trabalha com consultoria e perícia ambiental, conta que a família, que é de Brasília, comprou a chácara em 2006. Na época, era possível acessar o Córrego Santa Bárbara e até tomar banho em uma das quedas d’água do curso hídrico. “Era uma delícia, muito bom. Acabou. Como uma pessoa faz um aterro do lado de onde tem pessoas morando?”, questiona.&nbsp;

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Amanda Almeida mora em chácara desde 2014: “Tinha aqui um refúgio” (Diomício Gomes / O Popular)

A bióloga, que também é uma protetora de animais, vive na chácara com seus bichos desde 2014. Ela se mudou para o local à procura de paz após iniciar o tratamento de um câncer. “Tinha aqui como um refúgio”, lembra. O aterro entrou em operação em 2016, dez anos depois que a família de Amanda comprou a chácara. Desde então, quem mora na região convive com o chorume - líquido que é resultado da decomposição do lixo - que encharca o solo, o mau cheiro intermitente e animais com sinais de contaminação.

Por volta de 2021, cansada de aguentar a situação, Amanda procurou o aterro para reclamar das operações do empreendimento. Ela relata que, depois disso, a administração do local fez uma proposta de trabalho para ela: a execução de um monitoramento ambiental. “Aceitei porque queria ver como estava lá dentro”, diz.&nbsp;

O trabalho foi feito ao longo de 2022 e, de acordo com ela, a recomendação final foi que das cinco células de resíduos que ela teve acesso, apenas duas funcionassem. “Tinham três células muito próximas à APP (área de preservação permanente), que é justamente onde caiu (o grande volume de resíduos). Sempre recomendei que essas três áreas não operassem”, afirma.&nbsp;

Amanda aponta que, em 2024, a administração do aterro chegou a entrar em contato com ela para que a execução das recomendações fosse realizada. Entretanto, ela estava afastada das atividades laborais para cuidar da própria saúde. Por isso, a conversa foi adiada para este ano. Entretanto, não deu tempo de ocorrer antes do desastre ambiental.&nbsp;

Ministério Público

Além da própria administração do aterro, Amanda conta que procurou o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) para reclamar da situação. De acordo com o órgão ministerial, existe uma atuação desde 2018 em busca da paralisação das atividades do Aterro Sanitário Ouro Verde. Em nota, a instituição explicou que “constatou e reafirma, desde essa ação de 2018, que o empreendimento está localizado dentro de uma área especial da APA (área de proteção ambiental) do Rio Descoberto”.

Naquele ano, atendendo a um pedido do MP-GO, foi deferida uma liminar suspendendo as atividades do aterro. Entretanto, a decisão foi derrubada por ação da empresa. A partir de então, o MP-GO e o Ministério Público Federal (MPF) se uniram para, em 2021, ingressar com nova ação, desta vez na Justiça Federal, apontando a irregularidade do aterro. Em 2023, o pedido foi deferido. Entretanto, o aterro conseguiu, novamente, derrubar a decisão judicial, situação que voltou a se repetir outras vezes. Na última semana, os dois órgãos ministeriais enviaram nova manifestação ao Judiciário. Desta vez, diante do desabamento da montanha de lixo, ela foi acatada pela Justiça Federal em Luziânia.