Alegando que “dados imprecisos atrapalham negócios”, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou ontem em Anápolis que pediu a dois de seus ministros, o da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e o do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que “revisem” as informações divulgadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) acerca do desmatamento na floresta amazônica.“Ninguém quer fugir da verdade. Eu pedi que averiguassem os dados, porque foi uma variação muito abrupta. É a mesma coisa: você está gastando R$ 200 de energia elétrica, de repente passa para R$ 400, alguma coisa aconteceu”, disse o presidente. Os dados preliminares do Inpe, obtidos com base em imagens de satélite, apontam a derrubada de mais de 1.000 km² de floresta nos primeiros quinze dias do mês de julho, o que representa um aumento de 68% em relação ao mesmo período do ano passado.Segundo Bolsonaro, contudo, haveria uma diferença entre o desmatamento de fato e alertas de risco. “A desconfiança nossa é por aí, porque eu sei que existem dados lá que são alertas de desmatamento”, afirmou.“Ao dar um dado importante como esse a pessoa responsável tem que ter certeza do que está falando, ninguém quer censurar ninguém, mas tem que ter certeza”, criticou o presidente, em referência ao presidente do Inpe, Ricardo Galvão. “Pessoas para ganharem holofote”, começou, acrescentando em seguida: “não estou dizendo que seja o caso dele, pode até ser que ele esteja certo. A gente espera dar o dado real para vocês.”Presente no evento que marcou a assinatura do contrato de concessão da ferrovia Norte-Sul, a ministra da Agricultura Thereza Cristina (DEM), explicou que, às vezes, há o alerta de uma clareira, por exemplo, mas que nem sempre é um desmatamento ilegal. “Se faz o alerta, mas depois tem um outro dado que faz a verificação se essa abertura é sobre área ilegal ou não”, defendeu ela.AltamiraSobre a morte de quatro presos envolvidos no massacre do presídio de Altamira (PA), por asfixia, durante o transporte deles até Marabá, Bolsonaro disse “sonhar com presídios federais” e afirmou que queria mudar a Constituição Federal para instituir trabalho forçado no Brasil “para esse tipo de gente”. “Mas é cláusula pétrea.”“A gente não pode forçar barra, ninguém quer maltratar nenhum preso e que sejam mortos, mas é o habitat deles. Eu fico com muita pena sim dos familiares, das vítimas que esses caras fizeram no passado”, completou Bolsonaro.