Quarenta e cinco dias depois de afirmar que faria reforma no secretariado, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), não avançou em trocas e há sinais de que novas mudanças só ocorrerão em janeiro. Para esta quarta-feira (30), está prevista apenas a substituição na Secretaria de Comunicação (Secom), anunciada ainda no início do mês.A expectativa sobre a mesa diretora da Câmara de Goiânia, os primeiros passos dos novos governos eleitos em outubro (estadual e federal) e a falta de quadros explicam a demora em definir o novo time. Na primeira quinzena de outubro, aliados chegaram a cogitar possibilidade de trocas em um quarto das pastas de primeiro escalão (29 ao total).Desde que chegou de viagem de férias a Israel, no dia 19, o prefeito teve poucas atividades, segundo a agenda oficial. No dia 21, com diagnóstico de Covid-19, ele passou a trabalhar de casa até o fim da semana passada, segundo informações da Prefeitura.No dia 17 de outubro, Cruz havia admitido que faria reforma da equipe em meio a “novo ciclo” na gestão. “A reforma existirá. Iremos entrar em um novo ciclo da prefeitura de Goiânia, com tantos investimentos que teremos. Então, realmente, a reforma é necessária”, disse.Leia também:- Reajuste salarial para servidores de Goiânia é aprovado na Câmara Municipal- Caiado nomeia Vicente Lopes como desembargador em vaga destinada à OAB- Legalidade de terceiro mandato de Policarpo será julgada pelo plenário virtual do STFAs mudanças considerariam um rearranjo de forças, levando em conta o resultado das eleições e a tentativa de fortalecimento de aliança para a disputa de 2024. A saída do grupo de Brasília, que mantinha influência aqui desde o início da gestão, foi a principal motivação das trocas ocorridas até agora.Determinado a ter mais controle sobre a gestão, o prefeito também exonerou no dia 26 de outubro 1,46 mil comissionados e as recontratações têm ocorrido de forma lenta. A justificativa utilizada foi identificar os padrinhos políticos de cada servidor.CâmaraDesde que voltou da viagem, Cruz não tem tratado de mudanças na equipe, o que faz com que aliados e auxiliares apostem na definição apenas em janeiro. A incerteza sobre o novo mandato de Romário Policarpo (Patriota) à frente da Câmara Municipal de Goiânia seria uma das principais razões para o adiamento.Policarpo enfrenta ação no Supremo Tribunal Federal (STF) que questiona sua segunda reeleição para o biênio 2023-24. Por conta da jurisprudência, há riscos de o presidente não conseguir permanecer no cargo, o que provocaria uma nova eleição para a mesa da Casa. O grupo de Policarpo, porém, acredita que a ação pode não prosseguir ou que haverá modulação, com efeitos de uma possível decisão desfavorável de agora em diante.Conforme mostrou o Giro na segunda-feira, um grupo de vereadores já se movimenta para possível nova eleição, enquanto a turma de Policarpo - que tem maior força na Casa - também busca, nos bastidores, coesão para se manter no comando. Oficialmente, os aliados do presidente dizem não trabalhar com plano B porque estão confiantes na vitória no Supremo.Buscando mostrar alinhamento com Policarpo, o prefeito e a Procuradoria Geral do Município peticionaram na ação, defendendo o novo mandato do presidente.SecomAté a tarde desta terça-feira, auxiliares e aliados políticos do prefeito diziam que não havia definição do nome para a Secom. Foram cotados Fábio Simonetti, ex-secretário-executivo da pasta, que trabalhou na campanha da primeira-dama Thelma Cruz (Republicanos) para deputada estadual, e o ex-presidente da Agência Goiana de Comunicação (Agecom, hoje ABC) Marcus Vinicius Faria Felipe, mas não houve confirmação de convite.O atual secretário, Tony Carlo, que havia acertado com o prefeito de ficar até o fim deste mês, confirmou que sairá do cargo e tem viagem internacional esta semana.No dia 28 de outubro, houve exonerações na Secretaria de Infraestrutura Urbana (Seinfra) e no Escritório de Prioridades Estratégicas (EPE). Ex-Seinfra, Everton Schmaltz assumiu o EPE, no lugar de Felipe Alves de Lima, o último nome indicado pelo presidente do Republicanos do Distrito Federal, Wanderley Tavares, na gestão municipal.Já o secretário de Administração, Denes Pereira, passou a acumular interinamente a Seinfra. A informação na época é de que ele ficaria pouco tempo na Sead e deveria permanecer exclusivamente na nova pasta. A própria Prefeitura informou em nota que Denes ajudaria o prefeito na escolha do novo titular. No entanto, ainda não houve definição de um substituto na Sead.Na ocasião, o Paço informou ainda em nota que “as mudanças integram o processo de reorganização administrativa em curso e visam a impulsionar a execução dos projetos” da administração.O prefeito também chegou a fazer convites - a Policarpo e ao ex-secretário de Segurança Pública de Goiás Rodney Miranda (Republicanos) - para a Secretaria de Governo, mas depois desistiu de mudar. O presidente da Câmara recusou assumir cargo e o nome de Rodney foi alvo de fortes críticas por parte dos vereadores. Michel Magul (MDB) seguiu na pasta, responsável pela articulação política da gestão.