A revolução tecnológica no setor bancário, puxada por “fintechs” e pelo “open banking” (ferramenta que permite o compartilhamento de informações de clientes entre os agentes do setor), tornará a privatização do Banco do Brasil (BB) inevitável no futuro, disse ontem o presidente da instituição financeira, Rubem Novaes. Integrante do grupo de economistas liberais que elaborou o programa de governo ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, Novaes tem defendido privatizações mais abrangentes.“Do jeito que a modernização do sistema bancário se acelera, nesse mundo de inovações constantes, é óbvio que uma instituição pública não vai ter a mesma velocidade de adaptação”, afirmou Novaes, após dar palestra durante almoço promovido pela Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).Na fala ao público formado por empresários, o executivo enalteceu resultados de sua gestão, iniciada em janeiro, mas também criticou a participação do Estado em empresas de forma geral. Para Novaes, ao longo da história do BB, a presença do governo em seu capital “mais atrapalhou do que ajudou”, embora, segundo ele, o governo Jair Bolsonaro tenha postura “de mercado” e apoie a “maximização de valor” do banco.“Por enquanto, o banco ainda é extremamente eficiente e vai permanecer eficiente por algum tempo, mas, em algum momento, a perspectiva da privatização vai ter de ser enfrentada”, afirmou Novaes.O presidente do Banco do Brasil ressaltou que expressava sua “opinião pessoal”, mas que tinha a expectativa de que esse posicionamento passasse a ser defendido pelo governo e pela “classe política”. Novaes evitou responder se achava possível avançar na privatização ainda no mandato do presidente Jair Bolsonaro. Durante a palestra, disse que as instituições financeiras terão que se adaptar ao mundo “de ‘open banking’ e ‘fintechs’” em “dois, três, quatro anos”.EstratégiaDe concreto, Novaes reforçou que a estratégia de sua gestão é privatizar as subsidiárias ou empresas nas quais o BB tenha participação que não tenham “sinergia” com sua atividade principal. Segundo Novaes, podem entrar nos planos de desinvestimentos a área de gestão de recursos (“asset management”, no jargão do mercado) e operações na Flórida (EUA) e na Argentina. “Se a empresa não tem nenhuma sinergia, a ideia é privatizar, passar adiante”, afirmou Novaes.O executivo citou as vendas de participações na Neoenergia, no IRB e na BBTur, subsidiária do setor turístico, como exemplos de desinvestimentos. Na área de “asset management”, a ideia é fazer parceria com alguma instituição financeira internacional, assim como foi feito com o banco de investimentos do BB.Em setembro, o banco estatal assinou um memorando de entendimento com o banco suíço UBS para concluir as conversas em torno de uma parceria na área de banco de investimentos ainda este ano. Os dois bancos formarão um novo banco de investimentos, e o BB será minoritário na sociedade.Após a palestra na ACRJ, Novaes disse que o modelo da parceria não seria igual ao utilizado com o UBS, pois “setores diferentes requerem parcerias diferentes”. Questionado, o presidente do BB evitou citar nomes de possíveis parceiros.