A proibição das coligações proporcionais, que passa a valer no pleito deste ano, além de provocar um aumento no número de candidatos a uma das 35 cadeiras de vereador da Câmara de Goiânia, deve favorecer também aqueles que já estão em mandato e pretendem disputar a reeleição. É o que apontam dois cientistas políticos ouvidos pelo POPULAR.Isso deve ocorrer porque, sem a possibilidade de montar uma chapa com vários partidos, o que facilitava o alcance do quociente eleitoral (número de votos válidos dividido pela quantidade de vagas), quem está em mandato tem mais condições de arregimentar estrutura de campanha.Além disso, há também o fator financiamento. “No País, os maiores partidos tendem a prevalecer, por conta do fundo partidário e porque esses partidos já detêm a maior parte das cadeiras e seus candidatos tendem a ser mais competitivos”, explica o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Robert Bonifácio.E a competitividade, além de maior facilidade de financiamento de campanha – que é decidido pelos diretórios dos partidos, geralmente, em uma divisão que favorece mandatários – passa também pela capilaridade eleitoral já comprovada.Tanto que boa parte dos partidos estão buscando ex-vereadores para compor suas chapas de vereadores. Na do MDB, por exemplo, há três ex-parlamentares como pré-candidatos na chapa: Célia Valadão, Mizair Lemes, Tiãozinho do Cais. A avaliação é de que, sem coligações, os partidos precisam colocar na disputa “puxadores de voto”, sobretudo em um partido como o MDB, que tem dez vereadores disputando a reeleição.Agora, se os eleitores poderão votar em novos nomes, a despeito do formato das chapas, “é uma questão arbitrária dos eleitores”, diz Bonifácio. Em 2016, o índice de eleição de nomes que não estavam em mandato era de 62% – apenas 13 dos 30 vereadores que disputaram a reeleição naquele ano voltaram à Câmara.CANDIDATURASDe acordo com a cientista política e também professora da UFG Denise Paiva, vereadores que vão disputar a reeleição “já saem com certa vantagem, por já serem conhecidos e terem seu nicho”.Apesar disso, ela diz que ainda é cedo para dizer se o novo formato não vai resultar numa maior renovação. “O primeiro impacto que teremos com o fim das coligações é um número maior de candidaturas.”Isso é certo, segundo Denise, “porque os partidos vão procurar lançar muitos candidatos, visto que as siglas menores agora já não podem se abrigar em chapas com os partidos maiores.”Como já mostrou o POPULAR, boa parte dos partidos deve lançar chapas completas para vereador em Goiânia. Isso significa chapas com 53 candidatos. Algumas legendas, como DEM, MDB, PSDB e PSL já contam com número suficiente ou maior do que 53 e outras, como o PT, já se aproximam do número máximo permitido pela Justiça Eleitoral.mulheresOutro ponto que o fim das coligações deve impactar trata do mínimo de 30% de cota de gênero, comumente chamado de cota de candidaturas femininas, apesar de a lei não estipular gênero específico.Isso porque, como explica o advogado eleitoral Dyogo Crosara, com chapas únicas, fica mais evidente perceber se houve fraude. “A eleição de 2016 foi um experimento. Agora, já está consolidado e será mote para gerar cassações. Se as mulheres candidatas não fizerem campanha, gastarem os recursos destinados a elas e não tiverem votos, a Justiça poderá cassar a chapa inteira.”