A chapa de deputado federal do PL é alvo de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) por suposta fraude às cotas de gênero. O partido responde por processo semelhante na chapa de deputado estadual. Autora da ação, a Federação PSOL/Rede alega que o PL burlou o registro de duas candidatas para fingir que cumpriu os porcentuais mínimos.O processo, que também é movido pela presidente estadual do PSOL, Cíntia Dias, pode impactar nos mandatos dos deputados federais eleitos pelo PL em Goiás: Gustavo Gayer, Professor Alcides, Magda Mofatto e Daniel Agrobom.A lei eleitoral estabelece que os partidos devem ter o mínimo de 30% de candidatas mulheres em suas chapas proporcionais. De acordo com a ação, o PL registrou o Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (Drap) com a porcentagem regular – 11 homens (64.71%) e 6 mulheres (35,29%).O que a federação e Cíntia Dias questionam é que, depois disso, duas candidatas renunciaram e não foram substituídas. “O percentual de candidatos homens passou a ser de 70,59% da chapa (12 candidatos), enquanto o de mulheres caiu para 29,41% (5 candidatas)”, diz o texto, assinado pela advogada Nara Bueno.Uma dessas mulheres é Zenit Vaz de Oliveira, que renunciou da disputa para deputada federal e passou a ser candidata a deputada estadual. Ela teria sido indicada para compor a chapa de concorrentes a uma cadeira na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) no dia 12 de agosto, mas só no dia 22 do mesmo mês renunciou da candidatura à Câmara dos Deputados.O PL, no entanto, teria feito o registro das candidaturas a deputado estadual já contando com Zenit, no dia 12 de agosto, 10 dias antes da renúncia da disputa a deputada federal. A candidata também registrou sua candidatura a deputada estadual no dia 18 de agosto, quatro dias antes da renúncia ao outro cargo.“Maliciosamente os dirigentes do PL Goiás utilizaram a candidata Zenit para a contagem na proporção mínima de 30% para a chapa de deputados federais, mesmo tendo, no mesmo dia, realizado reunião indicando-a para o cargo de deputada estadual”, alega a advogada.Leia também:- Defesa da democracia dá o tom a novos mandatos em Goiás- Ministério Público de Goiás cria 44 novos cargos e extinção de 23 postos de promotor- Vereadores confirmam criação de mais cadeiras na Câmara de GoiâniaPara a federação, o partido tinha a “evidente a intenção de fraudar a cota de gênero, quando, na verdade, a cota de gênero não havia sido cumprida”.A outra candidata é Maria Conceição da Silva. Com ela, o movimento foi o inverso de Zenit. Ela estava na chapa de deputado estadual, renunciou, e passou a ser candidata a deputada federal. No entanto, tal qual a primeira, Maria registrou sua candidatura à Câmara dos Deputados antes mesmo de formalizar a renúncia à corrida por uma cadeira na Alego.Além disso, a candidata acabou desistindo também de concorrer a deputada federal. Maria renunciou no dia 28 de setembro, três dias antes do primeiro turno, quando já não havia prazo suficiente para ser substituída. Ainda assim, seu nome apareceu na urna e recebeu 871 votos.CassaçãoCom base nesses argumentos, a federação e Cíntia Dias pedem a cassação da chapa de deputado federal e dos diplomas dos parlamentares eleitos pelo partido em Goiás. A ação foi protocolada nesta segunda-feira (19), mesmo dia em que os futuros deputados foram diplomados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO).Ao POPULAR, o advogado do PL e de Daniel Agrobom, Leonardo Batista, resumiu que Zenit apenas fez a troca do cargo a que iria concorrer e disse que, apesar de ter renunciado, Maria fez campanha para deputada federal.“Temos provas que Maria Conceição fez campanha, sua renúncia se deu dia 23/9 e homologação da Justiça Eleitoral em 28/9 e apesar da renúncia ela teve 871 votos. Ela teve mais votos que alguns candidatos desses partidos que entraram com ação”, argumentou.Magda Mofatto disse que a ação é “sem pé nem cabeça”. “Não tem fundamento porque todas as candidatas tiveram votos, prestaram contas e o TRE-GO não impugnou. Estão esperneando aqueles que não conseguiram se eleger”, diz a deputada.Professor Alcides reforçou que a chapa cumpriu a lei. “Acho que devemos olhar para o futuro porque a eleição passou e o Brasil precisa avançar”. A assessoria de Gustavo Gayer respondeu que ele não tinha nada a declarar.