O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou nesta terça-feira (11) requerimento para a instalação de uma nova CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar ações e omissões no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.Essa nova CPI apuraria os fatos ocorridos após novembro do ano passado, dando enfoque para as polêmicas e omissões na vacinação de crianças e adolescentes, a falta de quantidade de vacinas para a aplicação de doses de reforço, os ataques do presidente Jair Bolsonaro aos técnicos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o apagão de dados referentes à pandemia do Ministério da Saúde.O requerimento necessita da assinatura de pelo menos 27 dos 81 senadores.Randolfe também é o autor do requerimento da CPI da Covid, que atuou entre abril e outubro do ano passado. O senador pelo Amapá também foi o vice-presidente da comissão.O requerimento para a primeira CPI reuniu as assinaturas necessárias no dia 4 de fevereiro, um dia após a posse do novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).Pacheco, no entanto, segurou a instalação da CPI alegando que não era o momento de investigar os fatos e que uma comissão parlamentar de inquérito exigia uma atividade presencial - na ocasião o Senado operava apenas de forma remota.Lideranças governistas pouco se esforçaram em uma ação para a retirada de assinaturas, avaliando que a comissão tinha poucas chances de prosperar. No entanto, uma decisão do Supremo Tribunal Federal determinou a sua instalação no fim de abril.A comissão então atraiu grande atenção e se tornou uma das principais dores de cabeça para o governo Bolsonaro, investigando e apontando omissões na compra de vacinas, casos de corrupção e a defesa de políticas negacionistas.O relatório final pediu o indiciamento de Bolsonaro e mais 77 pessoas, incluindo filhos do chefe do Executivo, ministros de Estado e parlamentares. A cúpula da CPI atualmente denuncia que os casos que envolvem foro especial caminham com grande lentidão na Procuradoria-Geral da República.No requerimento para a nova CPI, Randolfe argumenta que o país é novamente atingido pela pandemia do novo coronavírus, mais especificamente pela variante ômicron. Apesar disso, o Ministério da Saúde vive atualmente um apagão de dados, que impedem uma radiografia mais detalhada da pandemia no Brasil.“O Brasil ainda convive com um apagão de dados oficiais sobre a Covid-19, que, somado à baixa testagem para a doença no país, leva a um quadro em que não se sabe números exatos sobre a evolução de casos, internações, mortes e vacinação, inviabilizando o trabalho da comunidade científica em obter um retrato fiel da pandemia e tornando impossível que políticas públicas efetivas sejam implementadas”, afirma o requerimento.O documento também afirma que o Ministério da Saúde ignora recomendação da Anvisa, a respeito da vacinação de crianças entre 5 e 11 anos, mesmo havendo imunizante já aprovado para a aplicação nessa faixa etária.O governo, argumenta, adotou medidas protelatórias, como a realização de uma consulta pública para verificar a opinião da população. “Estima-se que a vacinação infantil vai se iniciar apenas na segunda quinzena de janeiro, ou seja, perdeu-se uma janela de oportunidade de quase um mês”, diz o requerimento.