O deputado federal João Campos, que preside o Republicanos em Goiás, afirmou ao POPULAR que quer liberar os filiados ao partido para escolherem quem quiser na disputa para governador, independentemente da decisão da sigla.“O partido tomou a decisão de que, como o partido não tem pré-candidato a governador filiado, nós não iríamos adotar uma postura de exigir, ao definir o apoio, que todos da sigla estivessem com aquele pré-candidato”, diz.A fala do parlamentar vem no contexto em que dentro do partido o apoio para o Executivo goiano está dividido entre quem é da base do governador Ronaldo Caiado (UB) e quem apoia o ex-prefeito Gustavo Mendanha (Patriota). Além disso, há possibilidade de apoio ao deputado federal Vitor Hugo (PL).Leia também:Talitta nega ingerência de Pe. Robson em nomeação para comando do ProsFrancisco Tavares: Elevação de alistamento eleitoral sem reflexo em adesão é compreensívelMais recentemente, a tensão em torno do apoio a governador aumentou quando, como mostrou a coluna Giro, houve uma tentativa, por parte de João Campos, de antecipar o apoio a Mendanha. Isso acabou gerando insatisfação por parte de correligionários que já haviam declarado apoio a Caiado, como o próprio prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, e o ex-secretário estadual de Segurança Pública, Rodney Miranda, que é pré-candidato a deputado federal.Campos, porém, insiste que não há uma preferência da direção do partido, hoje, por um pré-candidato específico e que as opções estão abertas. Ele lembra que, durante as conversas para formação das chapas proporcionais, foi deixado claro que os filiados teriam liberdade para escolher quem iriam apoiar para governador, independentemente da escolha da direção da sigla.“A gente dizia ‘olha, independentemente de quem for o pré-candidato a governador, o senhor pode filiar conosco, porque se nós tomarmos uma decisão diferente daquela que é da sua preferência, você estará liberado’. Se pudéssemos estar todo mundo junto, melhor. Mas o próprio partido se antecipou dizendo que não faria exigência”, conta.Campos é um dos nomes cotados para ser o candidato a senador na chapa de Caiado. No entanto, ele concorre com nomes como o deputado federal Delegado Waldir (UB), o ex-deputado Alexandre Baldy (Progressistas), o deputado estadual Lissauer Vieira (PSD).Nos bastidores, a informação é de que o presidente do Republicanos não tem tido paciência para a demora do governador em fazer essa definição.Ao POPULAR, Campos afirma que, independentemente de quem seja o pré-candidato, essa decisão precisa ser antecipada. Ele também lembra que já houve conversas com o governador que não chegaram a nenhuma conclusão.Além de já ter havido diálogo do diretório estadual, o próprio presidente nacional, Marcos Pereira, acompanhou uma das conversas com o governador.Segundo Campos, na última terça-feira (3), foi a vez dos deputados estaduais Jefferson Rodrigues e Rafael Gouveia, e do presidente do Republicanos do Distrito Federal, Wanderley Tavares, conversarem com Caiado. “Eu estava em Brasília, mas isso tinha sido conversado comigo anteriormente na segunda. Mas também não foi uma conversa conclusiva”, relata.Campos também disse que acha a possibilidade de candidaturas isoladas ao Senado positiva. “Acho bacana porque, para o eleitor, quanto mais opções ele tiver de candidaturas, melhor, porque são perfis diferentes, partidos diferentes, acho que isso enriquece o debate político e eleitoral.”MabelO deputado federal ainda afirma que está superada a tensão gerada pela filiação do ex-deputado Sandro Mabel. “Havia uma insegurança por alguns dos pré-candidatos a deputado federal porque achavam que ele seria candidato e isso poderia desequilibrar a chapa. Na medida em que nós conversamos de forma aberta e transparente, como sempre faço, isso foi zerado”, diz.O presidente do Republicanos goiano também nega qualquer conversa para que Mabel fosse candidato a vice-governador na chapa de Mendanha. Além disso, Campos resiste em falar de qualquer preferência e lembra que há no partido pessoas como o ex-deputado Jovair Arantes, que já declarou apoio ao ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, e Rafael Gouveia, que é da base do governador.Nos bastidores, a informação é de que a tensão interna no partido continua. Como a coluna Giro mostrou nesta semana, o prefeito Rogério Cruz, que já declarou publicamente apoio a Caiado, não foi ao jantar do Republicanos na noite de quinta-feira (5).O evento teve como mote a apresentação das pré-candidaturas do partido, incluindo a de João Campos ao Senado. O motivo seria justamente a tendência do deputado federal em apoiar Mendanha.O Republicanos inclusive era um dos partidos a que o ex-prefeito de Aparecida tentou se filiar. A negociação não obteve sucesso após interferência de Caiado. O governador ainda não definiu e não tem previsão para decidir quem será seu pré-candidato a senador. Caiado tem dito que a definição só deve ser feita em junho.Enquanto isso, ganha força o nome de Lissauer, que tem apoio de deputados estaduais e vereadores de Goiânia, que entregaram moções a Caiado.5 perguntas para João Campos1- É possível que o Republicanos apoie o Gustavo Mendanha?É claro que tem possibilidade. Há possibilidade de apoiar o Mendanha, há possibilidade de apoiar o Caiado, o Vitor Hugo. O Republicanos é um partido de direita, um partido conservador. Logo, nós temos dificuldade de, por mais que respeitemos, apoiar um partido de esquerda. Mas, em se tratando de pré-candidato a governador de direita ou centro-direita, nosso partido não tem dificuldade alguma. 2- O sr. tem, hoje, alguma preferência pelo Gustavo Mendanha?Essas possibilidades de aliança com Caiado, Mendanha ou Vitor Hugo são parte de um diálogo que estamos fazendo no partido, que vai nos ajudar a afunilar essa decisão. Queremos ter um diálogo que possibilite tomar essa decisão em um tempo mais breve e não deixar para a época das convenções partidárias em agosto. Mas é bom deixar claro o que eu tenho dito, que o partido, ainda muito cedo, tomou uma decisão de que, como o partido não tem pré-candidato a governador filiado, que nós não iríamos adotar uma postura de exigir, ao definir o apoio a algum pré-candidato a governador, que todos do partido estivessem com aquele pré-candidato, e que as pessoas teriam liberdade para divergir e apoiar o candidato da sua preferência, mesmo sendo filiado ao Republicanos. Fizemos isso com muita clareza, principalmente durante o período em que nós trabalhamos a constituição das chapas de deputado federal, estadual, dizendo ‘olha, eu quero ficar no partido, mas o partido vai ficar com quem?’, e a gente dizia ‘olha, independentemente de quem for o pré-candidato a governador, o senhor pode filiar conosco, porque se nós tomarmos uma decisão diferente daquela que é da sua preferência, você estará liberado’. Então este é um tema que não nos divide.3- A demora do governador em definir como vai ser a chapa majoritária atrapalha o senhor a definir quem vai apoiar, enquanto pré-candidato a senador?Não sei qual é o tempo do governador. Se é o tempo das convenções, um pouco antes, enfim. O meu sentimento como presidente de partido e como pré-candidato ao Senado, é que, independentemente da chapa em que eu venha a estar, eu acho que isso não pode ficar para a época das convenções, porque isso prejudica quem deseja pleitear o Senado. Acho que essa decisão precisa ser antecipada, independente de qual pré-candidato a governador seja.4- O que o senhor acha dessa possibilidade de candidatura isolada ao Senado?Acho bacana porque, para o eleitor, quanto mais opções ele tiver de candidaturas, melhor, porque são perfis diferentes, partidos diferentes. Acho que isso enriquece o debate político, o debate eleitoral. acho positivo. 5- Como está o clima no partido depois daquele momento de tensão por conta da filiação do presidente da Fieg, Sandro Mabel?Na verdade, havia só uma insegurança em relação à filiação do Sandro Mabel. Essa insegurança era de alguns dos pré-candidatos a deputado federal, que achavam que ele seria candidato e isso poderia desequilibrar a chapa. Na conversa que tivemos na segunda-feira, de forma aberta e transparente, como sempre faço, isso foi zerado. Todo mundo entendeu que não há nenhum compromisso do Sandro Mabel em ser candidato nem ele pretende.