O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), está há pouco mais de 500 dias à frente do executivo municipal, mas já fez 44 substituições em cargos considerados de primeiro escalão ou com funções de maior confiança do gestor municipal. Levantamento feito pelo POPULAR mostra que até o dia 24 de maio, das 36 pessoas que assumiram postos como secretários e similares ou presidentes de autarquias, companhias e institutos, além de chefias diretamente ligadas ao prefeito, apenas 7 continuam no cargo.Algumas pastas já tiveram três substituições. É o caso do Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas), do Programa de Defesa de Consumidor (Procon) e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec). A presidência do Procon foi assumida no dia 19 de maio por Luiz Carlos da Silva Júnior, o Júnior Café, que já comandou o Imas entre abril de 2021 e fevereiro de 2022.As trocas no comando geralmente são acompanhadas de mudanças em cargos de direção e gerência das mesmas, o que, segundo ex-secretários ouvidos pelo POPULAR, atrapalham, ainda que momentaneamente, o andamento de serviços mais suscetíveis a caprichos e capacidade dos novos titulares.No Procon, por exemplo, junto com a saída de Jeová de Alcântara Lopes, que ficou apenas 52 como presidente do órgão, para dar espaço a Júnior Café, foram exoneradas outras 14 pessoas em cargos de assessoria e direção em dois dias.Jeová assumiu a secretaria-executiva do Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Goiânia (GoiâniaPrev), cujo presidente, Fernando Meirelles, deixou no dia 19 o cargo que ocupou por exatos 500 dias. Junto com Meirelles, foram exonerados outros 12 servidores em cargos de chefia ou assessoria.O Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas) é outro que sofre com constantes mudanças. O terceiro presidente ficou só 75 dias no cargo, após problemas de diálogo com os conselheiros e servidores. Com uma dívida que pode superar R$ 90 milhões, o Imas tem tido várias crises com prestadores de serviço, principalmente a partir do segundo semestre de 2021.Crises marcam substituiçõesAo todo, O POPULAR identificou 38 cargos cujas nomeações são feitas diretamente pelo prefeito, sendo que um deles é de uma pasta criada apenas em maio do ano passado, a Secretaria Executiva de Regularização Fundiária. O ex-vereador Carlos Alberto da Silva, o Carlin Café, sempre esteve à frente dela.Já a Agência de Regulação de Goiânia (AR), criada em 2016, tem como presidente uma pessoa indicada para um mandato de 3 anos. No caso, o atual titular, Paulo César Pereira, já estava no cargo quando Rogério tomou posse e fica até junho. Pereira tomou posse em 2016, ainda na gestão do prefeito Paulo Garcia (PT) e foi reconduzido ao cargo em 2019 pelo então prefeito Iris Rezende (MDB). Houve também dois grandes movimentos dentro da gestão de Rogério que levaram a muitas mudanças de cargos de uma só vez. Entre março e abril do ano passado, o prefeito viu uma debandada do grupo do MDB ligado ao presidente estadual do partido, Daniel Vilela, filho do prefeito eleito Maguito Vilela, que morreu de Covid-19 logo no começo da gestão. Na época, 14 ocupantes de cargos do primeiro escalão assinaram uma carta conjunta pedindo exoneração, mas a crise gerada levou a um total de 24 substituições. O buraco deixado pelos emedebistas foi ocupado basicamente por aliados próximos a Rogério, principalmente ex-vereadores, como Cristina Lopes, Zander Fábio e Tiãozinho Porto, pessoas que já atuavam com o prefeito na época que era vereador, como a advogada Rayssa de Souza Melo, e José Alves Firmino, que passou a acumular dois cargos desde abril do ano passado, ou então nomes indicados por vereadores, como o presidente da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), que passou a ser Luan Alves, filho do vereador Clécio Alves. Entretanto, a principal mudança, com a saída do grupo de Daniel, foi a chegada de um grupo político de Brasília, ligado ao Republicanos. A entrada de Arthur Bernardes como secretário de governo e o envolvimento do presidente do partido no DF, Wanderley Tavares, levaram a mais mudanças em 2021, mesmo após a crise com o MDB, como a saída de Fabiano Bissoto da Secretaria de Administração em outubro para a entrada de Carlos Eduardo Merlin, que já atuava na pasta como secretário-executivo. O próprio Arthur Bernardes deixou a Secretaria de Governo (Segov) para ocupar o Escritório de Prioridades Estratégicas. Saiu também o titular da Secretaria de Finanças, Geraldo Lourenço, que era muito próximo de Arthur. Já a Segov foi ocupada por Michel Afif Magul, que deixou a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec). A Sedec é outra pasta que já está com o quarto titular no comando.Em abril deste ano, o prefeito também precisou lidar com a saída de quatro titulares do primeiro escalão, como a então presidente do Procon, Carol Alves Pereira, por causa do prazo legal para que pudessem disputar as eleições em outubro. Dos ex-secretários, apenas 9 ficaram mais de 300 dias no cargo, mas apenas 3 ficaram um ano. Além de Fernando Meirelles, no GoiâniaPrev, teve o caso de José Antônio da Silva Neto, que ficou 465 dias na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SMDHS), e Cristina Lopes, que permaneceu 386 dias na Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas (SMDH).A saída de Meirelles do GoiâniaPrev representa a 45ª mudança no primeiro escalão da Prefeitura. Segundo a coluna Giro, o ex-presidente do MDB metropolitano, Carlos Júnior, é cogitado para o cargo.Há ao menos um cargo que segue vago há algumas semanas. A Secretaria Executiva para Assuntos Comunitários era ocupada desde janeiro de 2021 pelo ex-vereador Felisberto Tavares. Ele foi exonerado a pedido no dia 1º de abril. Se houver uma nomeação, será a 46ª.A reportagem entrou em contato na sexta-feira (20) com a Prefeitura de Goiânia para tratar das substituições e até o fechamento desta reportagem não houve retorno. -Imagem (1.2461377)