Em decretos publicados na noite de terça-feira (31), o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos) suspendeu todos os contratos de reconstrução e recuperação de asfalto na capital e concentrou poderes na Secretaria de Governo (Segov), com a criação de grupos de trabalho para monitorar gastos, autorizar empenhos e definir investimentos.As decisões pegaram de surpresa parte do secretariado e devem agravar a crise com o MDB, com potencial para agilizar o rompimento defendido por algumas lideranças do partido. Além da insatisfação com as trocas de secretários e de auxiliares de segundo escalão, emedebistas apontam risco de não cumprimento do plano de governo. Eles ainda suspeitam de estratégias da Prefeitura para forçar a saída de nomes indicados pelo MDB.A Comissão Especial de Investigação (CEI) do Asfalto, proposta na Câmara de Goiânia, serviu de justificativa para a suspensão dos contratos de pavimentação firmados desde janeiro de 2017 até agora. O decreto (nº 2.123) fala em "necessidade de adoção de medidas que visem resguardar a supremacia do interesse público e minimizar eventuais impactos negativos ao erário em decorrência de possíveis irregularidades na execução de contratos" e estabelece suspensão por 120 dias, com interrupção também dos pagamentos. O prefeito determina ainda auditoria de todos os contratos pela Controladoria Geral do Município. Asfalto e obras são marcas das gestões do ex-prefeito Iris Rezende (MDB), e a continuidade foi promessa de campanha do prefeito eleito Maguito Vilela, que morreu em decorrência da Covid-19 no dia 13 de janeiro.Em outros três decretos, Cruz institui a Câmara de Acompanhamento de Despesas com Custeio Administrativo (Cadeca), o Programa de Governança e Organização do Desenvolvimento Integrado do Município (Progovi) e a Câmara de Acompanhamento de Despesas com Pessoal (Cadepe). Os dois primeiros grupos serão comandados pelo novo secretário de Governo, Arthur Bernardes de Miranda, que veio do Distrito Federal e foi o primeiro nome confirmado na reforma da equipe do prefeito.Os grupos terão ascendência sobre as decisões de praticamente todas as demais pastas. Na justificativa do Progovi, o prefeito diz que é preciso "unificar ações das secretarias e órgãos do município para priorizar e assegurar a implementação de projetos estruturantes e prioritários nas diversas áreas que necessitem ser executados até o fim de 2024". Já o objetivo da Cadeca, segundo o decreto, é "aprimorar a gestão do gasto com custeio e racionalizar despesas".O prefeito também determinou o adiamento de todas as licitações do município por dez dias (decreto nº 2.122), alegando "necessidade de economia com despesas de contratos no curto prazo para minimizar impacto de déficits fiscais nas contas públicas, bem assim equacionar e analisar se os gastos são compatíveis com a finanças do Tesouro do Municipal e com as ações governamentais prioritárias". As licitações relacionadas ao enfrentamento da Covid-19 ficam excluídas da suspensão. Caberá à Secretaria de Administração, assumida na sexta-feira por Fabiano Bissoto, detalhar as demandas de todas as pastas e submeter à Segov para deliberação.O secretário de Infraestrutura, Luiz Bittencourt, responsável pelos contratos de asfalto disse na noite de ontem que não tinha conhecimento do decreto e que poderia falar depois de se inteirar do assunto.