Apesar de ter sido o assunto dominante de 2020, com impacto em todos os setores não só neste ano, mas também nos próximos, a epidemia de Covid-19 não mereceu atenção no plano de governo da maioria dos 16 candidatos a prefeito de Goiânia. Apenas 3 dos prefeitáveis abordam a capital em suas propostas considerando o contexto das consequências diretas e indiretas do coronavírus.Levantamento feito pelo POPULAR pesquisando cinco palavras-chaves relacionadas à epidemia na capital (veja quadro) mostra que dois candidatos sequer as citam em suas propostas e oito fazem menções à Covid-19 por cima, seja para apresentar uma proposta mais simples ou tecer críticas ou elogios à atual administração ou mesmo ao governo Bolsonaro. Três candidatos não registraram no Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) suas propostas de campanha.O candidato que mais cita as palavras-chaves relacionadas à Covid-19 em seu plano é o deputado estadual Virmondes Cruvinel (Cidadania): são 53 citações, sendo que há um tópico específico para tratar das consequências da epidemia. As propostas passam pela saúde e pela educação, com um plano específico para recuperação do ano letivo de 2020, mas também passando por saneamento básico, habitação e o apoio ao setor empresarial e à classe trabalhadora.Além de propor o fortalecimento da saúde municipal, Virmondes sugere que Goiânia assuma uma ação do Executivo municipal junto ao restante do Brasil para “garantir o quanto antes a vacinação de seus moradores contra a COVID-19, logo que uma vacina confiável seja desenvolvida”. “Goiânia não pode ficar de fora das negociações da vacina e muito menos à mercê de articulações que não contemplem os interesses da cidade e de seus moradores”, disse.Ao justificar o espaço dado para os impactos da Covid-19, Virmondes diz em seu plano que a epidemia “exige do poder público uma mobilização sem precedentes de esforços para que seus efeitos nefastos na saúde, na economia e no convívio social não se tornem irreparáveis para milhões de famílias em todo o mundo”.Crítica a BolsonaroA deputada estadual Adriana Accorsi (PT) é a segunda candidata em número de citações relacionadas à epidemia. No caso dela, a discussão sobre os impactos transcendem a esfera municipal e alcançam o governo Bolsonaro, que protagoniza a polarização política nacional com o líder petista e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O Brasil e o povo brasileiro vivem tempos difíceis. A imensa crise social, fiscal e econômica foi agravada pela pandemia da COVID-19 e pelo desgoverno Bolsonaro”, afirmou.Após analisar a influência da pandemia na situação do País e dos municípios, Adriana diz em seu plano que seu foco, caso eleita, será “a necessidade de gerar emprego e renda para a população afetada pela crise, que sofre ainda mais com a pandemia da COVID-19”. Assim como Virmondes, ela também cita propostas nas áreas de habitação, sanitária, saúde e educação.A candidata apresenta medidas como o fortalecimento do Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COE) municipal, que neste ano foi prejudicado por interferência política na hora de efetivar as medidas pensadas para enfrentar a epidemia. Ela também sugere distribuição de equipamentos de proteção para comunidades mais carentes da cidade.Já o deputado Major Araújo (PSL) citou apenas três vezes as palavras-chaves, mas fez isso de forma a listar uma série de propostas para o enfrentamento à doença, com foco em “incentivos para a reestruturação econômica dos afetados pela Covid-19”.Entre os projetos, ele fala em um fundo auxiliar para a saúde, com recursos públicos e privados, ampliação do serviço de telemedicina “como instrumento importante no diagnóstico a distância de patologias e de orientação de procedimentos e tratamentos médicos implantando o prontuário medico eletrônico”.Nenhum dos candidatos explica, entretanto, como viabilizar as propostas apresentadas para lidar com a epidemia e as consequências dela.Citações para criticar ou elogiarLíderes na pesquisa eleitoral do Serpes divulgada no dia 27 pelo POPULAR, Vanderlan Cardoso (PSD) e Maguito Vilela (MDB) citam timidamente a Covid-19 em seus planos. O primeiro fala em reforçar o ensino na rede municipal, enquanto o emedebista também cita a educação e elogia a condução da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) durante a epidemia. O deputado estadual Alysson Lima (Solidariedade) critica a prefeitura, mas faz uma proposta de “criar um projeto de apoio emergencial para os desempregados”. Já o deputado federal Elias Vaz (PSB) fala em criar um programa de visitas domiciliares para aumentar a testagem para Covid-19 e da necessidade de a cidade “se reinventar criativamente”.Dos outros 6 que citam as palavras-chaves, a maioria é para criticar a atual gestão ou fazer propostas isoladas.Futuro de HCamp municipal é ignoradoNenhum dos 13 candidatos a prefeito de Goiânia com planos de governo registrados no Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) fez qualquer menção ao Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC), unidade de saúde já concluída e que tem sido usada para atender os casos suspeitos e confirmados de infecção pelo coronavírus, com 85 leitos de UTI.Por funcionar como uma espécie de Hospital de Campanha (HCamp) e já estar com a estrutura pronta para uso futuro num período de pós-pandemia, a reportagem incluiu a unidade de saúde entre as palavras-chaves pesquisadas.Existem menções indiretas, como a do senador Vanderlan Cardoso (PSD), líder na pesquisa Serpes/O POPULAR divulgada no dia 27 de setembro, que fala em “manter a estrutura atual criada de leitos de UTIs para o combate à Covid-19” e sugere ampliação de leitos por meio de convênios, como já acontece atualmente.Já a candidata do PT, Adriana Accorsi, fala em seu plano em reabrir hospitais fechados, como o Santa Genoveva e o São Salvador (sem dizer como), mas não cita o HMMCC. E o candidato Maguito Vilela (MDB), que está empatado em 2º na Serpes com Adriana, não fala de hospitais.Por enquanto, não há previsão para desmobilizar o HMMCC enquanto unidade de atendimento a casos de infecção pelo coronavírus.Segundo a assessoria do hospital, isso vai depender da redução dos casos de internação na capital. No momento, a unidade está adequando uma ala para receber gestantes com suspeita ou confirmação de Covid-19 já para os próximos dias.