“Não vamos abrir mão de incluir” | Jorge Kajuru (PSB)O senador Jorge Kajuru (PSB) diz que “não irá abrir mão” de incluir Estados e municípios no texto da Reforma da Previdência, o que deve ser feito no Senado via Proposta de Emenda à Constituição (PEC) paralela ao texto que será enviado pela Câmara dos Deputados, que ainda precisa passar por um segundo turno de votação a partir de agosto. “Vou defender isso até a morte, pela situação que Estados e municípios vivem atualmente. E muitos outros senadores concordam com isso. Não vamos abrir mão de incluir”, afirma.Questionado se a questão não deve enfrentar discussão semelhante à que ocorreu na Câmara, em que os deputados se recusaram a incluir os demais entes, Kajuru diz que “não, porque quem está preocupado com eleição municipal são os deputados. Senadores não se preocupam com isso.”Um dos argumentos usados pelos deputados contra a inclusão de Estados e municípios foi o desgaste político, que, segundo eles, deveria ser compartilhado com deputados estaduais e vereadores. Isto é, tanto os executivos estaduais quanto municipais deveriam enviar suas próprias propostas de reforma para suas respectivas Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores.Segundo ele, o texto principal deve tramitar rápido na Casa, sendo aprovado antes de setembro, visto que a Casa “vai apenas acrescentar outros pontos ao texto.” “Até 28 de agosto já acabou. Aí vem a reforma tributária.”A maioria dos senadores, de acordo com ele, concorda com os destaques feitos no texto da reforma pela Câmara. “Os destaques sobre professores e policiais, inclusive, foram briga minha. Fui o único senador de Goiás a ir à Câmara falar com os deputados sobre isso.”Entre os pontos a serem acrescentados, diz Kajuru, devem estar emendas sobre “pessoas especiais, idosos e mulher no campo rural.” “Vou apresentar destaques sobre isso”, diz sem adiantar exatamente do que se trata. “Essa bandeira de reforma já cansou” | Luiz Carlos do Carmo (MDB)“Vamos fazer a votação separada para voltar para os deputados apenas essa parte. O resto já sanciona. Tem que mudar isso logo, porque essa bandeira de reforma já cansou.” A fala é do senador Luiz Carlos do Carmo (MDB), ao se referir à discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) paralela que deve incluir Estados e municípios no texto da Reforma da Previdência. Se aprovada no Senado, a PEC paralela precisa passar pela Câmara dos Deputados antes de começar a valer, assim como o texto principal, caso haja modificações.Ele explica que existe consenso na Casa para votar a PEC paralela e diz que, ao contrário da Câmara, o Senado tem predisposição para aprovar a inclusão dos demais entes na reforma. “Não tem como não incluir. O Senado é uma Casa mais ampla, que pensa mais no Brasil, e temos essa obrigação. Tenho certeza de que Tasso (Jereissati, PSDB, relator da reforma no Senado) vai colocar. Já foi solicitado”, relata.Acerca do desgaste político da aprovação da reforma, argumento usado pelos deputados federais para não votar a inclusão dos demais entes, ele diz que o “Senado não se preocupa com isso.” “O problema é que a maioria dos governadores não entrou nisso (na discussão da reforma), não conversou com os deputados. Mas tenho certeza de que vai voltar para lá (Câmara) e eles (deputados) vão resolver isso.”Para o senador, não deve haver resistências a muitos pontos do texto pela maioria de seus colegas, visto que a “Câmara já resolveu os principais pontos.” “Existe consenso de que não tem como o Estado brasileiro bancar a Previdência, como tem feito até o momento. Não dá conta. Então, precisa da reforma”, explica, dizendo também que a tramitação do texto deve ser ágil.Luiz Carlos ainda tece críticas à demora na aprovação do projeto, que foi enviado à Câmara pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) em fevereiro, mas só aprovado em 1º turno em 12 de julho – o texto ainda precisa passar por segunda votação pelos deputados. “Seis meses já passaram e ainda não fizemos nada. Temos que ter uma pauta mais positiva para o País. Há muitas empresas em crise e precisamos reverter isso.” "Municípios têm trabalhado mais" | Vanderlan Cardoso (PP)Favorável à inclusão de Estados e municípios no texto da Reforma da Previdência, o senador Vanderlan Cardoso (PP) diz defender a questão devido à situação dos dois entes, principalmente municípios, que, segundo ele, estão “mais preocupados.” “A situação está complicada, com déficit muito grande, e os municípios têm trabalhado mais que os Estados (a favor da inclusão). Os prefeitos estão mais preocupados do que muitos governadores, embora, a meu ver, o maior problema não está na Previdência, mas na dívida pública.”O pepista diz acreditar que mais de 60% dos 81 senadores devem votar favoráveis à questão e que não vê preocupação com desgastes políticos, devido à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) paralela que fará a inclusão. “O político é eleito para resolver os problemas do País. Agora, há ônus e bônus. Conheço os números do Estado e dos municípios e sei da importância de se aprovar a reforma. Alguns acham que a questão pode ser adiada para que o sucessor tenha que arcar com isso.”Para ele, “a verdade é que muita gente pensa apenas na próxima eleição e joga para a plateia.” “A alíquota de Goiás, por exemplo, já é uma das mais altas do País e ainda existe déficit mensal e que aumenta em ritmo vegetativo. Imagina sem a reforma.”A respeito de outras possíveis modificações ao texto da reforma no Senado, Vanderlan afirma que ainda não é possível saber, uma vez que o projeto não foi aprovado em definitivo pela Câmara dos Deputados – o segundo turno da votação deve ocorrer em agosto; apenas depois, o texto segue para o Senado. “Na verdade, ninguém sabe qual o texto que irá para o Senado, porque ainda precisará passar por segunda votação. Tanto que evitamos discutir o assunto, justamente porque não sabemos o que vai chegar. A única discussão feita é sobre a inclusão de Estados e municípios, que tem crescido. O relator (Tasso Jereissati, PSDB) é favorável e o governo (de Jair Bolsonaro, PSL) também.”