Em meio à disputa entre sindicatos, parte dos servidores da educação de Goiânia deve paralisar os trabalhos novamente nesta terça-feira (8), quando haverá assembleia para discutir indicativo de greve. A categoria não concorda com a proposta do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) de conceder 7,5% de reajuste no piso salarial para os professores e de 9,3% para os servidores administrativos.O Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia (Simsed), que lidera o movimento, diz que mais de 60 unidades de ensino na capital confirmaram adesão à assembleia e, portanto, só voltam a ter aulas na quarta-feira (9). Contudo, haverá nova paralisação na quinta-feira (10), em razão da assembleia convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego).Esta é a segunda vez que unidades ficam sem aula por um dia neste ano — o Simsed já havia convocado paralisação das aulas no dia 15 de fevereiro. O coordenador-geral do Simsed, Antônio Gonçalves, diz que as propostas do prefeito não atendem o que exige a lei. “Tanto em relação ao piso dos professores quanto à data-base. Estudando os recursos do Fundeb recebidos e a prestação de contas da prefeitura, chegamos à conclusão de que o Paço tem condições financeiras de valorizar os trabalhadores da educação.”Questionado a respeito da possibilidade de greve, ele afirma achar possível. “Mas vamos avaliar. Para ter greve, precisamos de apoio considerável da categoria. Temos tido boa adesão. Se não houver decisão pela greve, vamos construir esse movimento em torno da intenção de fazer a prefeitura cumprir essa valorização (dos servidores).SINTEGOO Simsed não está participando diretamente das negociações com o Paço. Tanto que a proposta citada foi apresentada por Rogério Cruz, na semana passada, ao Sintego, que tem negociado a questão diretamente com a prefeitura, que não reconhece o Simsed como representante legal da categoria pelo fato de a instituição não possuir carta sindical — funciona como uma associação, apesar do nome.O Simsed, porém, questiona a legitimidade do Sintego sob o argumento de que o sindicato tem territorialidade apenas no Estado e não no município. A reportagem não conseguiu contato com Bia de Lima, presidente do Sintego.Devido ao não reconhecimento do Paço em relação ao Simsed, Antônio Gonçalves diz que a prefeitura avisou que os servidores que aderirem à paralisação desta terça-feira terão o ponto cortado e não haverá autorização para reposição das aulas. A reportagem questionou a Secretaria Municipal de Educação (SME) a esse respeito, mas a pasta respondeu claramente apenas em relação à reposição das aulas.Em nota, a SME afirma que está verificando a legalidade da reposição da paralisação desta terça-feira, “uma vez que o Simsed não é um sindicato legalmente constituído como representante da categoria”. “A pasta reforça que os estudantes não serão prejudicados e que a rede municipal de ensino vai cumprir integralmente as 800 horas ou os 200 dias letivos determinados pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que regulamenta a Educação no Brasil.”Sobre a paralisação proposta pelo Sintego, convocada para a quinta-feira, a SME “esclarece que a reposição poderá ser realizada conforme datas determinadas pela pasta”.