Uma das lideranças bolsonaristas de Goiás, João Paulo Cavalcante é mais um que aparece em vídeo nos atos golpistas de Brasília, realizados no dia 8 de janeiro. Ele foi candidato a deputado estadual em 2018, pelo antigo PSL, e a vereador de Goiânia, em 2020, pelo DC. Além disso, é fundador de um dos grupos de Whatsapp em que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) trocam informações falsas e teorias conspiratórias sobre a democracia brasileira.No vídeo em questão, Cavalcante aparece já no gramado da Esplanada dos Ministérios e faz a gravação com a câmera: “Galera, hoje, dia 8 de janeiro de 2023, o Brasil faz história. Mais uma vez, milhões de brasileiros indignados com o sistema, demonstrando que a nossa República Federativa não vai cair nas mãos de criminosos.”Ele mostra, ao fundo, uma multidão que invade a rampa do Congresso Nacional e chama o momento de “histórico”. Cavalcante ainda repete o lema de campanha de Bolsonaro “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” e chama as pessoas para irem a Brasília participar do evento com lemas golpistas, que culminou na depredação das sedes dos Três Poderes na capital do país.Leia também:- MP-GO investiga secretário de Águas Lindas que esteve nos atos golpistas- Servidor do judiciário de Corumbá de Goiás é afastado após participar de atos golpistas- PGR denuncia 39 suspeitos de atos golpistas e vandalismo no prédio do SenadoEm 2018, Cavalcante obteve 2.807 votos na eleição para deputado estadual. Em 2020, ficou como suplente de vereador em Goiânia, quando recebeu 1.523 votos.Naquele pleito, Cavalcante apoiou a candidatura do deputado federal eleito Gustavo Gayer (PL), que na época concorreu para prefeito de Goiânia pelo DC. Os dois aparecem juntos em imagens de campanha em que pedem votos um ao outro. Além disso, nas redes sociais é possível encontrar uma postagem em que estão no mesmo veículo se dirigindo para uma manifestação.O ex-candidato é fundador do grupo Tropa do Cavalcante, que ganhou outro nome e agora se chama Realidade do Povo Goiás. Ele deixou o grupo na madrugada de terça-feira (10), um dia antes do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes acatar o pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) para que os grupos do Telegram em que estivessem sendo organizados os atos golpistas fossem bloqueados.No Twitter, Cavalcante se descreve como cristão, conservador, capitalista, diretor de ações políticas da direita em Goiás e coordenador da Frente Conservadora de Goiânia. Em suas postagens mais recentes, ele reforça a narrativa falsa de que a quebradeira em Brasília teria sido provocada por pessoas infiltradas.VersãoPor mensagem de Whatsapp, Cavalcante respondeu ao POPULAR dizendo que gravou o vídeo em um momento de entusiasmo. “Para mim, era importante estar ali protestando de forma pacífica”, disse. No entanto, o ex-candidato afirma que não imaginava que haveria atos de vandalismo.“Nunca imaginei que iria ter atos de vandalismo e depredação de patrimônio público, quando vi isso retornei para casa. Não cheguei a entrar nas dependências do Congresso, tampouco do STF”, afirmou.Cavalcante afirma que “a manifestação perdeu a legitimidade quando houve confronto com a polícia e a depredação de bens públicos”. Ele disse que estaria divulgando e ajudando a identificar os invasores. “Na minha opinião, tinha muitos infiltrados que nunca foram patriotas de verdade e estavam ali a mando de alguém para sabotar nossa manifestação”, afirmou, reforçando a narrativa sem comprovação.Questionado quanto à localização nos Estados Unidos, marcada em seu Twitter, Cavalcante disse que a utiliza para conseguir acompanhar perfis que foram bloqueados no Brasil. Ele ainda acrescentou que não é assessor de Gayer.