O superfaturamento na compra feita pelas Forças Armadas de 11,2 milhões de comprimidos de citrato de sildenafila, o Viagra, pode chegar a até 550%, segundo o deputado federal Elias Vaz (PSB-GO), que fez uma representação para o Tribunal de Contas da União (TCU) nesta terça-feira (3) solicitando a investigação da denúncia que mira o Ministério da Defesa. O prejuízo pode passar de R$ 28 milhões.Na semana passada, o parlamentar divulgou os detalhes do contrato firmado entre o Comando da Marinha e o laboratório EMS S/A para fornecimento do medicamento de 20, 25 e 50 miligramas de 2019 a 2022. O acordo prevê ainda a transferência de tecnologia de fabricação do medicamento pelo laboratório da Marinha.Na apuração inicial, por meio do Portal da Transparência e Painel de Preços, o parlamentar descobriu processos de compras de 35.320 comprimidos do remédio, com suspeita de superfaturamento de 143%. Com o avanço das análises, o deputado encontrou a aquisição de 11 milhões de comprimidos por meio de 10 empenhos autorizados pelo governo federal.Nos empenhos cada comprimido custa entre R$2,91 e R$3,14, valores acima dos praticados pelo Ministério da Saúde, por exemplo, que obteve o preço unitário de R$ 0,48 em dois pregões. A diferença em relação aos preços de empenhos da Marinha é de até 550%“O contrato com a EMS S/A é, no mínimo, desastroso e a transferência da tecnologia não é suficiente para justificar esse absurdo. Claramente, o patrimônio público está sendo lesado”, afirma Elias Vaz.O Ministério da Defesa tem justificado que a aquisição de sildenafila visa ao tratamento de pacientes com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP). "Esse medicamento é recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para o tratamento de HAP. Por oportuno, os processos de compras das Forças Armadas são transparentes e obedecem aos princípios constitucionais."Já em relação à denúncia de superfaturamento, o órgão orientou falar com o Exército e a Marinha. O Exército ainda não respondeu e a Marinha só falou da compra do remédio, com a mesma justificativa apresentada pelo Ministério da Defesa.Além de pedir apuração dos valores informados nos processos de compra, o deputado também solicita a investigação da finalidade da aquisição do produto. "O governo disse que isso era para a utilização de hipertensão pulmonar, mas na verdade a dosagem do que foi adquirido não serve para hipertensão pulmonar. A dosagem (adquirida) é 25 miligramas e 50 miligramas, quando a hipertensão seria de 20 miligramas. Todos os especialistas nesta área disseram que a dosagem que foi adquirida serve mesmo para disfunção erétil", afirmou.Leia também:- Elias Vaz diz que existe "problema de corrupção dentro das Forças Armadas"- TCU começa a apurar compra de Viagra pelas Forças Armadas após denúncia de deputado goianoConvocaçãoO deputado federal Elias Vaz pediu na última quinta-feira (28) a convocação do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, para explicar na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados a compra de 11,2 milhões de comprimidos de Viagra entre 2019 e 2022. A reportagem apurou que a votação do ministro está na pauta de amanhã (4).