O Tribunal de Contas da União (TCU) começou a apurar a compra de Viagra pelas Forças Armadas, segundo denúncia do deputado federal por Goiás Elias Vaz (PSB). O parlamentar descobriu, por meio do Portal da Transparência, processos de compras de 35.320 comprimidos do remédio, com suspeita de superfaturamento de 143%.O TCU definiu, nesta quinta-feira (13), o ministro Weder de Oliveira como relator da investigação, que mira o Ministério da Defesa. A suspeita de superfaturamento parte da análise de duas compras realizadas com um intervalo de apenas 7 dias, mas com a diferença discrepante de valores. O processo 00106/2020, com o princípio ativo Sildenafila, composição Sal Nitrato (nome genérico do Viagra), para a compra de 15.120 comprimidos de 25 mg, estabelece como preço unitário R$ 3,65. A data da compra, para atender a Marinha, é 7 de abril de 2021. Acontece que outro processo, de número 00099/2020, para aquisição do mesmo medicamento, teve valor muito mais baixo. A data da compra, que atendeu o Exército, é 14 de abril de 2021 e cada comprimido saiu por R$ 1,50. Os dois processos são para atender unidades do Rio de Janeiro. Ou seja, o preço unitário da compra feita pela Marinha chega a ser mais que o dobro da que foi feita pelo Exército. "Está claro que tem sobrepreço aí. Duas compras com diferença de poucos dias e preços totalmente diferentes", avalia o deputado federal. Elias e o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) acionaram também o Ministério Público Federal (MPF) sobre o assunto, onde ainda não houve andamento. CompraO parlamentar também apresentou requerimento pedindo explicações ao Ministério da Defesa sobre processos de compra de 35.320 comprimidos do medicamento para atender Marinha, Exército e Aeronáutica. O parlamentar identificou no Portal da Transparência e no Painel de Preços do governo federal oito pregões homologados em 2020 e 2021 e ainda em vigor neste ano. O maior volume, 28.320 comprimidos, é destinado ao Comando da Marinha. Em seguida, aparece o Comando do Exército, com 5 mil comprimidos, e o da Aeronáutica, com 2 mil comprimidos.Quanto à compra, o Ministério da Defesa respondeu que a aquisição de sildenafila visa ao tratamento de pacientes com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP). "Esse medicamento é recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para o tratamento de HAP. Por oportuno, os processos de compras das Forças Armadas são transparentes e obedecem aos princípios constitucionais."Já em relação à denúncia de superfaturamento, o órgão orientou falar com o Exército e a Marinha. O Exército ainda não respondeu e a Marinha só falou da compra do remédio, com a mesma justificativa apresentada pelo Ministério da Defesa.Leia também Há suspeita de superfaturamento de 143% na compra de Viagra pelas Forças Armadas