Três deputados estaduais de Goiás apresentaram aumento de gastos com verba indenizatória em 2021, na comparação com 2019, ano não atingido pela pandemia de Covid-19. O líder do governo na Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto (MDB), foi o que teve maior variação de despesas: 41,7%. É seguido por Lêda Borges (PSDB), com 32,6%, e Humberto Teófilo (PSL), com 26,4%.Os demais parlamentares declararam gastos menores, variando de 1,8% a 39,7%, considerando apenas os deputados que estiveram no cumprimento do mandato ao longo de todos os 12 meses de 2021 e que já exerciam mandato antes do ano passado. Júlio Pina (PRTB) se licenciou do mandato de julho a outubro para tratamento de saúde, o que explica a redução de suas despesas em 42% na comparação com 2019; foi substituído pelo suplente Maycllyn Carreiro (PRTB). (veja quadro na pág. 5)Os dois, inclusive, receberam indenização pelas despesas de mandato em outubro. Em resposta ao POPULAR, a Assembleia explica que Júlio Pina reassumiu o mandato no dia 15 daquele mês, sendo indenizado com R$ 10,6 mil. Até este dia, Maycllyn Carreiro teve direito a receber a indenização referente ao período em que esteve na Casa (R$ 6,3 mil referente a outubro). De acordo com a Assembleia, os dois se mantiveram abaixo do valor que seria dentro da divisão proporcional do mês.Já Francisco Oliveira (PSDB) e Sérgio Bravo (PROS) assumiram os mandatos em 2021. O primeiro entrou no lugar de Diego Sorgatto (DEM), que renunciou para assumir a prefeitura de Luziânia em janeiro de 2021. O segundo assumiu a cadeira no fim de setembro, depois que Vinícius Cirqueira teve o diploma cassado pela Justiça Eleitoral acusado de captação e gasto ilícito de recursos durante a campanha de 2018.MAIORESOs dados foram levantados pelo POPULAR no Portal da Transparência da Assembleia e tiveram os valores de 2019 e 2020 atualizados pela inflação do período. Bruno Peixoto declarou gastos de R$ 251,9 mil com verba indenizatória em 2021. Há dois anos, o custo foi de R$ 177,8 mil. Lêda Borges teve gastos de R$ 315 mil no ano passado e R$ 237,5 mil, em 2019. Já Humberto Teófilo, R$ 302,9 mil em 2021 ante R$ 239,5 mil há dois anos.Os três foram os que apresentaram a maior variação de uso da verba indenizatória em 2021, na comparação com 2019. Dos três, porém, apenas Lêda está entre os dez deputados que mais gastaram no ano passado — ela lidera o ranking com a maior despesa de verba indenizatória declarada entre janeiro e dezembro.À reportagem, Lêda diz que a variação ocorreu porque, a partir de 2021, precisou atender às suas bases e que faz isso de carro. “Goiás é um dos Estados que tiveram maior alta de combustível, e a verba indenizatória é um recurso fixo. Além disso, temos que prestar contas do mandato por meio de informativos, outdoors, comunicação visual.” A maior despesa de Lêda no ano passado foi com divulgação de atividade parlamentar: R$ 89 mil. Despesas com locação de veículos e combustível somaram R$ 93,5 mil. “Uso a verba na medida que preciso”, continua a deputada. “Hoje, gasto mais porque minhas atividades como parlamentar aumentaram muito. Atendo as bases viajando, então, é natural.”Ela, porém, ressalta: “Mas o mais importante é que, no ano da eleição municipal, tive um gasto pequeno. Tenho respeito ao recurso público”. Em 2020, ela foi candidata a prefeita de Valparaíso de Goiás. Naquele ano, teve o quinto menor gasto da verba entre os deputados estaduais.Bruno Peixoto ressalta que teve a maior variação na comparação com 2019, porque foi o deputado que menos gastou recursos da verba naquele ano. “Eu fui o deputado que menos gastou em 2019. De igual modo, em 2020 (em 2020, quem menos declarou uso da verba foi o presidente Lissauer Vieira (PSB); Bruno foi o segundo que menos gastou). Em 2021, nós tivemos ampliação da divulgação do nosso trabalho parlamentar e também ampliação das visitas aos municípios, pós-vacinação”, relata Bruno.Já Humberto Teófilo afirma que a maior despesa se deu “em razão das inúmeras manifestações feitas em favor do Projeto de Lei que propõe a redução do ICMS dos combustíveis em Goiás”. “Como visitei 35 municípios, e fizemos divulgação buscando apoio popular, houve realmente um gasto maior.”O parlamentar é autor do projeto que prevê a diminuição das alíquotas da gasolina, etanol e diesel. A matéria chegou a ser aprovada nas comissões, mas recebeu emendas em plenário, e está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) desde setembro. Há resistência do governo pela sua aprovação.