Com o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) alijado da articulação de trocas nos Tribunais de Contas do Estado (TCE-GO) e dos Municípios (TCM-GO), o Palácio das Esmeraldas acendeu a luz amarela com as perdas na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e na disputa eleitoral deste ano. A notícia da desistência da candidatura a deputado federal do presidente da Alego, Lissauer Vieira (sem partido), também caiu como uma bomba no PSD, que contava com ele como puxador de votos na chapa.O acerto entre Lissauer e a família Tejota, mostrado ontem pelo POPULAR, não passou pelo governador e é visto no meio político como uma “revanche” dos aliados que ficaram insatisfeitos no ano passado com a decisão de Caiado de colocar o presidente do MDB goiano, Daniel Vilela, na vaga de vice em sua chapa.Com a dança das cadeiras, Caiado perde os dois principais articuladores políticos na Alego - Lissauer e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Humberto Aidar, que vai para o TCM -, e passa a ter dois nomes que não são de sua confiança no comando da Casa e da CCJ. Henrique Arantes (MDB), atual vice da Alego, será o presidente e o novo “vice-governador”, já que passa a ser o segundo na linha sucessória do governo. Já a CCJ será presidida pelo Dr. Antônio Moraes (UB), que também já teve desentendimentos com o Palácio.O vice-governador Lincoln Tejota (Cidadania) e o pai, o conselheiro do TCE-GO Sebastião Tejota, acertaram com Lissauer o acordo em que o presidente da Alego assumirá cadeira no tribunal. Tejota pai será candidato a deputado estadual herdando as bases de Lissauer e Lincoln ganha vaga no TCM-GO, no lugar de Valcenor Braz, que vai antecipar a aposentadoria após acerto para a Alego mudar lei que permitirá a ele proventos integrais.Até a manhã de terça-feira (8), Caiado ainda comentava com aliados que desconhecia e não acreditava na articulação de Lissauer. Considerava que ele teria comunicado a decisão e o arranjo com a família Tejota. O presidente da Alego comentou com interlocutores que também não havia sido consultado quando o governador decidiu colocar Daniel de vice, o que reforça o tom de retaliação.Com a repercussão do caso, o presidente da Alego decidiu antecipar a votação em plenário da indicação de Aidar para o TCM-GO. Conforme mostrou O POPULAR, a nomeação foi aprovada na CCJ na terça-feira, mas só seria concluída na próxima semana, com planos de Aidar de só ir para o tribunal no fim do mês.Isso porque há pelo menos dois projetos de interesse do governo na CCJ e havia acerto de que o presidente comandaria as votações. No entanto, diante de possíveis reações, a estratégia é antecipar a saída de Aidar. A previsão é de apreciação na tarde desta quinta-feira (10).O POPULAR mostrou ontem que a intenção do comando da Alego é que os projetos de indicações de Lissauer para o TCE e de Lincoln para o TCM sejam apresentados de forma conjunta na Alego, possivelmente na última semana de março. Antes disso, tem de haver a votação da mudança na lei que favorece Valcenor Braz.O projeto, apresentado por Aidar, altera o Regime de Previdência Social do Estado de Goiás, inclui cargos comissionados no cálculo para fixação de data de ingresso no serviço público. A lei atual prevê exercício público “sem interrupção, de sucessivos cargos de provimento efetivo ou vitalício” em qualquer órgão público. O projeto proposto por Aidar inclui “cargo (em geral) ou mandato vitalício ou cargo comissionado”. Com a alteração valeria para contar o tempo em que Valcenor teve cargos comissionados em Luziânia (Entorno do Distrito Federal), antes de ser prefeito do município (1997-2000). Pela lei atual, restariam 4 anos para ele se aposentar integralmente e só poderia receber 85%.PSDNo PSD, a direção do partido admite o “forte impacto” da decisão de Lissauer, mas garante que haverá chapa para deputado federal. O presidente da Alego era o principal puxador de votos, seguido pelo deputado federal Francisco Jr. (PSD). “Vida que segue. Temos tempo para um rearranjo, uma rearticulação da chapa e vamos fechá-la, com toda certeza”, afirmou o presidente estadual da sigla, Vilmar Rocha.As lideranças do partido afirmam que, se por um lado, há perda do principal nome da chapa, que levaria outros pré-candidatos para reforçá-la, de outro, a legenda passa a ser mais atrativa para “candidatos médios”, que não se interessavam pela concorrência com Lissauer e Francisco.Tanto Francisco como a vereadora Sabrina Garcêz, que é pré-candidata a deputado federal pelo partido, afirmam que há o desafio de garantir a chapa até o fim do mês e que a permanência na sigla é “questão de matemática”. Dirigentes de outros partidos comentaram considerar improvável que o PSD consiga lançar chapa. O partido já vinha sofrendo o risco de enfraquecimento com a incerteza da candidatura do secretário da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, ao Senado. Meirelles virá a Goiás nesta quinta-feira (10) e já marcou reuniões com os correligionários. Os pessedistas cobram que ele tome a decisão de forma antecipada, para evitar a falta de tempo para a reorganização até o prazo final da janela partidária, em 1º de abril. A possível saída de Meirelles impacta ainda mais na formação de chapa, pelo apoio financeiro aos candidatos nas eleições proporcionais e reforço do partido com uma candidatura majoritária.