A uma semana de assumir a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ministro Edson Fachin afirmou nesta terça (15) que uma das prioridades da corte será enfrentar as “ameaças ruidosas do populismo autoritário”.“Enfrentaremos distorções factuais e teorias conspiratórias às quais, somadas ao extremismo, intentam atingir o reconhecimento histórico e tradicional da Justiça Eleitoral”, afirmou o ministro, em reunião da transição da gestão do ministro Luís Roberto Barroso para a sua. Ele assume a corte no dia 22.Fachin disse que uma das prioridades da Justiça Eleitoral esse ano é a segurança cibernética. Em reuniões anteriores, o ministro tem destacado o mesmo tema como a maior preocupação do TSE.“Há riscos de ataques de diversas formas e origem. Tem sido dito e publicado, por exemplo, que a Rússia é um exemplo dessas procedências. O alerta quanto a isso é máximo e vem num crescendo”, acrescentou.No último sábado (12), o presidente Jair Bolsonaro (PL) interrompeu trégua com a Justiça Eleitoral e distorceu fatos para criar uma narrativa a seus apoiadores.Ele afirmou que as Forças Armadas levantaram “dezenas de dúvidas” sobre o sistema eleitoral, quando na verdade se trata de um procedimento padrão em parceria com o TSE.Nesta terça-feira (15), Bolsonaro iniciou uma viagem à Rússia, onde se reunirá nesta quarta com o presidente Vladimir Putin.Segundo Fachin, “a guerra contra a segurança no ciberespaço da Justiça Eleitoral foi declarada faz algum tempo”.“Deixemos dito de modo a não pairar dúvida: violar a estrutura de segurança do Tribunal Superior Eleitoral abre uma porta para a ruína da democracia. Aqueles que patrocinam esse caos sabem o que estão fazendo para solapar o estado de direito”, afirmou.Ao lado de Fachin, estava o atual presidente da corte, Barroso, e Alexandre de Moraes, que assume o posto em agosto e será o presidente da corte durante as eleições.Moraes afirmou que, desde a gestão Barroso, há uma reunião da “parcela boa da sociedade civil”, que atua em enfrentamento à parcela que chamou de “mal-intencionada”, com milícias digitais que atacam a democracia.plataformas digitais Após a reunião de transição, o ministro Luís Roberto Barroso assinou acordo com plataformas digitais com o objetivo de combater disseminação de desinformação no processo eleitoral.Os termos desse acordo valem até o dia 31 de dezembro e têm como objetivo priorizar informações oficiais para diminuir o impacto de fake news no processo eleitoral brasileiro. Assinaram o acordo o Twitter, Tik Tok, Facebook, Whatsapp, Google, Instagram, YouTube e Kwai.Na reunião, as plataformas destacaram as medidas que adotam atualmente e adotarão durante as eleições para evitar compartilhamento de desinformação.O Telegram, uma das preocupações do TSE para as eleições de 2022, não participou do acordo. Segundo Barroso, também está em andamento um acordo com o LinkedIn.Investigadores civis e criminais têm apontado que há possibilidade do bloqueio da plataforma no Brasil.Na reunião de transição, Barroso disse, sob risos dos presentes, que, embora o Telegram não esteja no acordo, “vai estar, ou então não vai estar”. “É como eu penso”, acrescentou.Os acordos do TSE com as plataformas de internet ficam muito aquém das políticas eleitorais adotadas pelas empresas nos Estados Unidos e não respondem como elas vão reagir se o resultado da eleição de 2022 for contestado e houver incitação a violência, a principal preocupação das autoridades e especialistas.No Brasil, com exceção do Twitter, nenhuma das empresas – Google/YouTube, Facebook, TikTok, e Kwai – especifica atualmente como vão reagir em caso de uma campanha maciça de desinformação eleitoral, como a que ocorreu nos EUA e culminou na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, que deixou cinco mortos.Além disso, o país tem o presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados como uma das principais fontes de disseminação de declarações falsas sobre supostas fraudes nas eleições.