A Assembleia Legislativa aprovou ontem, em primeira votação, o projeto de lei que autoriza o governo estadual a acessar até 75% dos recursos de depósitos judiciais. Se aprovada em segundo turno, a matéria permitirá ao Estado usar os cerca de R$ 1,8 bilhão para arcar com débitos da Previdência, de precatórios, advogados dativos e amortizar a dívida ativa com a União. No plenário, Talles Barreto (PSDB) apresentou um requerimento pedindo ao governo a retirada da matéria de pauta, “tendo em vista a evidente tentativa do chefe do Executivo Estadual em contornar liminar concedida pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF)”. Para ele, como existe uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), a de nº 5.975, questionando a medida, o governador Ronaldo Caiado (DEM) incorreria em improbidade administrativa.Esta Adin foi proposta pelo advogado do Podemos, Alexandre Hsiung, genro de Caiado, ainda no ano passado, quando o ex-governador José Eliton (PSDB) aprovou matéria semelhante na Casa. Talles adiantou que, caso os deputados aprovem a matéria em definitivo, entrará com um mandado de segurança contra a medida.Desde que o texto chegou à Casa, as principais críticas envolvendo o projeto de lei giravam em torno do posicionamento de Caiado, que, à época da suspensão da medida, em 2018, chegou a parabenizar Fachin pela decisão. Na semana passada, Henrique Arantes (PTB) chegou a ameaçar entrar com uma nova Adin para derrubar a matéria caso ela fosse de fato aprovada.Em resposta, aliados de Caiado argumentam que o texto atual, apresentado pelo governador em conjunto com o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), foi modificado e, atualmente, atenderia aos questionamentos feitos pelo ministro do STF.Vice-liderançaJá o projeto de resolução que deve alterar o regimento interno da Casa para instituir a função de vice-liderança só deve ser apresentado depois de concluídas as votações da PEC da Educação, aprovada ontem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e da matéria que autoriza sobre os depósitos judiciais. O líder do Governo, Bruno Peixoto (MDB), disse que já trabalha no texto, mas que focará nas duas propostas prioritárias antes disso.Essa alteração vai ser necessária porque, na última quarta-feira (4), como publicado pelo POPULAR, o presidente da Casa, Lissauer Vieira (PSB), enviou um ofício ao governador informando que não confirmaria o deputado de primeiro mandato Zé Carapô (DC) na função, por ausência de previsão regimental.