Novidade na eleição de 2022, os candidatos que fizerem uso indevido ou abusivo das redes sociais podem ser cassados. A informação foi detalhada pelo juiz Vicente Lopes, em encontro com a imprensa no Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), nesta quarta-feira (20). Antes, na apresentação, o presidente do TRE-GO, desembargador Itaney Campos, reforçou a legitimidade do processo eleitoral.Lopes lembrou que, recentemente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o mandato e tornou inelegível o deputado estadual eleito pelo Paraná, em 2018, Fernando Destito Francischini (UB), por divulgar notícias falsas contra o sistema eletrônico de votação.“O TSE entendeu que as redes sociais e a internet estão dentro do conceito de meio de comunicação social. Esse entendimento leva a irregularidade praticada nas redes sociais, de forma abusiva, para dentro do artigo 22 da Lei Complementar nº 64, que diz que os diplomas poderão ser cassados sob abuso de poder econômico, abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação social”, explicou o juiz.Segundo o membro do TRE-GO, práticas como disparos em massa de mensagens e ataques ao sistema eleitoral nas redes sociais podem gerar a cassação do registro do candidato que cometer algum desses crimes.Leia também:- Agendas de convenções ficam para reta final- Caiado sobre disputa pulverizada ao Senado: “não sei se vamos dar conta de atender”- TSE divulga limites de gastos com campanhaNa apresentação, Lopes também deu um panorama geral do eleitorado goiano. Lembrou que, em 2022, a quantidade de eleitores em Goiás passou de 4,8 milhões. Além disso, o estado conta com 2.442 locais de votação, 15.399 seções eleitorais, 60 mil mesários nomeados e 21.830 mesários voluntários.Também são 16.813 urnas disponibilizadas para Goiás, das quais 42,07% (7.074) são do modelo de 2020. O orçamento para as eleições no estado é de pouco mais de R$ 12 milhões. Esse valor será utilizado, segundo o juiz, em contratações, aquisições, alimentação dos mesários, diligências de oficiais de justiça, dentre outros.Lopes também informou que a eleição de 2022 vai contar com cinco aplicativos. Além dos já conhecidos E-título, que pode ser apresentado no dia da votação, e do Pardal, utilizado para receber denúncias de crimes eleitorais, haverá um reservado para os mesários.Para enfrentar a desinformação, o processo também contará com o Boletim na Mão, que permitirá ao eleitor acessar dados dos boletins de urna. Além disso, haverá um aplicativo para os resultados, que é mais uma estratégia para combater informações falsas ou tentativas de descredibilizar as eleições.À imprensa goiana, Lopes também revisou as normas de propaganda tanto na pré-campanha como na campanha, que começa oficialmente no dia 16 de agosto. Ele lembra que, neste ano, os pré-candidatos já podem impulsionar publicações antes do período oficial.Outra novidade é que não poderão ser utilizados fogos de artifício com efeito sonoro. Lopes também destaca a proibição de que as convenções sejam transmitidas ao vivo. Quanto às bandeiras, o juiz cita a alteração de que elas não precisarão ser carregadas por cabos eleitorais, mas poderão ser fincadas no chão, desde que permaneçam no local por somente um dia.O assessor de Planejamento Estratégico, de Governança e Gestão, José Carlos da Silva, apresentou os novos painéis informativos digitais que estarão disponíveis para acompanhar as eleições. Neste ano, o portal do TRE-GO conta com uma seção que compila dados eleitorais, chamado de BI.Ele reúne dados de eleições anteriores, do perfil do eleitorado, locais de votação, urnas eletrônicas e calendário eleitoral.LegitimidadeAntes da apresentação, o presidente do tribunal fez um discurso reforçando a lisura da Justiça Eleitoral e a importância da imprensa livre para a democracia.“O tribunal e a imprensa têm afinidades, no sentido de serem ferramentas, pilastras, do regime democrático. Não há democracia sem uma imprensa livre, sem a liberdade de comunicação e informação. Da mesma forma que não há regime democrático sem que a escolha dos governantes se proceda mediante a manifestação da vontade popular”, disse Itaney Campos.Em um momento de constante questionamento das urnas eletrônicas por parte, especialmente, do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), Campos reforçou que as eleições já são auditáveis.“A Justiça Eleitoral se empenha profundamente em cumprir bem o seu papel, de exercer aquela missão que o povo brasileiro confiou a ela, de realizar um pleito absolutamente confiável, com muita lisura, com muita liberdade e confiabilidade e com um processo absolutamente transparente e auditável”, afirmou, ao reforçar a confiança que a Justiça Eleitoral tem nas urnas eletrônicas, adotadas no Brasil há mais de 20 anos.