A vereadora de Aparecida de Goiânia Camila Rosa (PSD) vai denunciar o presidente da Câmara Municipal, André Fortaleza (MDB), na ouvidoria da mulher do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO). Na quarta-feira (2), a parlamentar fez um boletim de ocorrência contra o emedebista no 1º Distrito Policial de Aparecida de Goiânia, por violência política contra a mulher. Camila teve o microfone cortado por André, na última quarta, em meio a uma discussão sobre machismo e cotas de gênero.A parlamentar conta que já está em contato com o TRE-GO e que tem reunião marcada com a ouvidoria do tribunal na tarde de segunda-feira (7). "Medidas cabíveis serão tomadas", diz Camila ao POPULAR. Ela ainda destaca as manifestações de apoio que tem recebido tanto local como nacionalmente.Na delegacia, Camila conta que o entendimento é de que a denúncia pode resultar em um indiciamento por violência política contra a mulher. Trata-se da lei nº 14.192, que foi aprovada em agosto do ano passado. Por ser recente, o caso tem sido analisado com cuidado, relata. A norma tem o objetivo de criminalizar a violência política contra a mulher e assegurar a participação de mulheres em debates eleitorais proporcionalmente ao número de candidatas às eleições proporcionais.Em nota, Camila também lembra que é a única mulher com mandato na Câmara de Aparecida, onde há 25 vereadores. Para ele, o vereador se aproveitou deste fato. "Tentou me constranger, humilhar e desmoralizar, destilando palavras carregadas de machismo e misoginia."O debate na Câmara, no dia do episódio, era justamente sobre as cotas de gênero. Na terça-feira (1º), André tinha falado contra a política de cotas nas formações de chapas proporcionais. Camila depois fez um discurso em defesa da lei e contra o machismo. A vereadora ainda publicou nas suas redes sociais sobre o assunto, mas sem citar a fala do vereador ou mesmo seu nome. No dia seguinte, o presidente da Casa, incomodado com a publicação, trouxe o assunto de volta à discussão, com críticas à vereadora. Camila respondeu dizendo que em nenhum momento falou do discurso do parlamentar no dia anterior e que, se ele havia se sentido atingido, é porque "a carapuça serviu". Foi aí que André se sentiu no direito de mandar cortar o microfone da vereadora, disse que ela havia lhe faltado com respeito e que só devolveria a fala quando ela se "acalmasse". O microfone de Camila só foi ligado novamente quando ela já estava aos prantos. O vídeo repercutiu durante a semana e a atitude do vereador tem sido vista como um ato de machismo. Procurado, André reforça sua posição e diz que não acredita que essas denúncias terão algum resultado. "Não há artigo que possa enquadrar. Eu tenho minha prerrogativa, enquanto presidente, de cortar o microfone. É o que mais existe no parlamento", diz. Para ele, há oportunismo na denúncia feita pela vereadora.