Atualizada em 04.04 às 13h05.Sete vereadores de Goiânia trocaram de legenda para concorrerem a uma vaga de deputado nas eleições de outubro. Seis tiveram aval das próprias siglas pelas quais foram eleitos. E uma conseguiu na Justiça o direito de troca. Ronilson Reis trocou o Podemos pelo Brasil 35; Leandro Sena deixou o Republicanos pelo PRTB; Lucas Kitão sai da UB para o PSD; Clécio Alves migrou do MDB para o Republicanos; Léo José foi do PTB para o Republicanos; e Sargento Novandir, antes Republicanos, se filiou ao Avante.Sabrina Garcez conseguiu liminar na Justiça para migrar do PSD para o Republicanos.A lei eleitoral prevê perda de mandato para integrantes do Legislativo que decidam trocar de partido no meio da legislatura. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entende que o mandato pertence ao partido e não ao candidato eleito, por uma questão de fidelidade partidária para cargos obtidos nas eleições proporcionais. Isso vale para deputados e vereadores. É por esse motivo que existe a chamada janela partidária, período que autoriza a mudança de sigla durante um período de 30 dias. Como em 2022 a eleição é geral, a janela, que se encerrou nesta sexta-feira (1º), só valia para deputados estaduais e federais. Os vereadores que quisessem fazer a troca de sigla teriam que entrar em acordo com o partido de origem para que fossem expulsos. Foi isso que esses seis parlamentares goianienses fizeram. Ronilson obteve anuência do diretório nacional do Podemos, em documento assinado pela presidente da sigla, Renata Abreu, que permite ao vereador deixar o partido sem perder o mandato. Seu objetivo é disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Goiás. Na carta, Abreu afirma que se tornou “insustentável” a convivência partidária de Ronilson no partido. Crítico do governador Ronaldo Caiado (UB), o vereador é um dos que se opõem ao alinhamento com a base governista, oficializada nos últimos dias pela nomeação de Eduardo Machado para a presidência do Departamento de Trânsito de Goiás (Detran). Ronilson chegou a ajuizar uma ação no Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) para trocar de partido, justificando perseguição política por parte do diretório estadual e metropolitano. “Decisão humana e salutar do Diretório Nacional. Agora, queremos continuar nosso trabalho”, disse. Ao POPULAR, ele confirmou a filiação ao Brasil 35, antigo PMB.Partido do prefeitoO Republicanos, partido do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, perdeu dois dos três parlamentares que integravam a bancada da sigla na Câmara Municipal. Primeiro foi Sargento Novandir, que agora está filiado ao Avante, que vai disputar a eleição para deputado estadual. Certidão emitida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra o cancelamento de seu registro partidário em 26 de janeiro deste ano. Novandir estava filiado ao Republicanos desde março de 2020, ano em que foi eleito vereador da capital, mas negociava saída da legenda desde o ano passado.Na sexta-feira (1º), foi a vez de Leandro Sena anunciar sua saída do Republicanos. Ele afirma ter conseguido sua expulsão do partido, que é o meio encontrado pelos mandatários de deixarem suas siglas de origem sem perder o mandato. Ele vai sair candidato a deputado federal pelo PRTB. Sena diz ter deixado o Republicanos por “pensamento divergente ideológico”. O Republicanos, por outro lado, ganhou as filiações de Clécio Alves e Leo José. O primeiro alega ter sido surpreendido com a expulsão do MDB.O fato é que essas migrações têm como pano de fundo o fim das coligações partidárias para as eleições proporcionais. Com isso, os candidatos têm buscado siglas que viabilizem suas candidaturas, de forma que não sirvam apenas “escada” para os mais votados do partido.No caso de Lucas Kitão, a diferença é que ele tinha brecha pelo fato de que a sigla a que era filiado, o PSL, se fundiu com o DEM para formar a União Brasil. Por isso, os integrantes de ambos os partidos tinham liberdade para migrar de legenda. Ele anunciou, na sexta-feira (1º), a filiação ao PSD, com o objetivo de ser candidato a deputado federal.JustiçaJá a vereadora Sabrina Garcez conseguiu uma liminar na Justiça que lhe assegura trocar o PSD pelo Republicanos sem perder o mandato. A assessoria da vereadora, que agora deve disputar vaga na Câmara dos Deputados, confirmou a troca de partido e a liminar, mas disse que Sabrina não faria nenhuma declaração por ora. A desistência do ex-ministro e ex-secretário da Fazenda de São Paulo Henrique Meirelles em se candidatar ao Senado por Goiás teria pesado na decisão. A reportagem apurou, no entanto, que a vereadora chegou a pedir, há alguns meses, licença para deixar a legenda, o que teria sido negado pela direção. Ao POPULAR, o presidente do PSD em Goiás, Vilmar Rocha, disse que o partido deve recorrer tão logo seja notificado da liminar. “A questão não é mais política e, sim, jurídica”, enfatizou.