Corriqueiras, as homenagens na Câmara Municipal de Goiânia foram alvo de polêmica na semana passada. Na quarta-feira (15), o vereador Léo José (Republicanos) se queixou da banalização das homenagens realizadas pela Casa e levantou a discussão.Levantamento do POPULAR, com base em dados fornecidos pela Comunicação da Casa, mostra que já foram emitidos 7.050 diplomas para homenageados desde o início do ano. Com isso, até a semana passada, os parlamentares já utilizaram 47% da cota prevista em contrato para o ano.A impressão dos diplomas é feita por uma empresa contratada pela Câmara em dezembro de 2021. A duração é de 12 meses. No contrato, há a previsão de que serão impressos 15 mil diplomas até o fim do ano. Com os mais de 7 mil já entregues, a Casa entregou quase metade do previsto.O contrato é para prestação de serviços em três lotes. Um dos itens do segundo lote são 15 mil envelopes para diplomas, que somam R$ 40,95 mil por ano.No terceiro lote, há a previsão de gasto de R$ 46 mil com 50 mil convites para audiências públicas ou sessões especiais; de R$ 55 mil com 50 mil convites para sessões solenes; e R$ 92,25 mil para os 15 mil diplomas.No total, são R$ 234,5 mil reservados para despesas com material gráfico para as homenagens durante o ano de 2022. Até junho, a Casa já gastou R$ 43.357,50 só com a impressão dos 7.050 diplomas entregues.Em 2021, a Casa reservou, em contrato que durou de dezembro de 2020 a dezembro do ano seguinte, R$ 65,1 mil para os diplomas mais R$ 19,9 mil para diplomas-certificados. O que dá um total de R$ 85 mil com a homenagem.Quando se soma aos outros gastos gráficos com as sessões, foram cerca de R$ 188,85 mil reservados. Ou seja, em 2022, a previsão total de gasto é 24% maior.QueixaA reclamação de Léo José era de que a Casa estaria realizando tantas sessões que as homenagens tinham ficado banalizadas. Ele também se queixou de que vereadores que propunham as homenagens estariam vetando indicações feitas por colegas. Além disso, reclamou de convites feitos por outros parlamentares a pessoas de sua base ou até convívio próximo.“Eu me deparo a todo tempo com pessoas do meu convívio pessoal que são convidadas para vir a esta Casa junto com mais 300, 400 pessoas em uma sessão solene, para ganhar um título aqui, uma homenagem, e de certo modo está sendo banalizado, para não dizer ofensivo aos vereadores desta Casa”, protestou.Ao se dirigir ao presidente da Câmara, Romário Policarpo (Patriota), pediu que o regimento interno fosse revisto. Segundo ele, havia o risco de que alguns vereadores pudessem extrapolar o limite de sessões solenes a que cada um tem direito. “Eu já vi sessões aqui que a gente pede para homenagear uma pessoa e o vereador nega dar uma posição de homenagem na sessão solene. É a função do senhor, presidente, fiscalizar isso”, acrescentou.Policarpo respondeu que determinou à diretoria cerimonial que fiscalizasse se algum parlamentar extrapolou o limite. “Está terminantemente proibido exceder a quantidade de títulos. (As sessões que excederam as regimentais) naturalmente estão canceladas.”Léo também reclamou que não encontra horário para suas homenagens. “A gente fica indignado, nós não temos horário para fazer as homenagens que a gente tem da nossa base, enquanto tem vereador que apresenta homenagem pra base da gente, e chama amigo pessoal, pessoa de dentro da casa da gente. Aí banaliza tudo, ué.”A discussão ocorre em pleno ano eleitoral e a maioria dos vereadores deve sair para a disputa a deputado estadual ou federal.Anselmo Pereira (MDB), que é primeiro-secretário da mesa diretora, lembrou que as sessões não são exclusivas do vereador que faz o requerimento. “Vereadores que pedem sessão acham que a sessão é dele, mas não é dele, é do poder”, disse o emedebista.Policarpo acrescentou que quem deve dar a autorização para as indicações de homenagens é a mesa e não o vereador que propôs a sessão.O regimento interno prevê que cada um dos 35 vereadores possa realizar até 6 sessões no ano. Os parlamentares também só podem oferecer 2 títulos de cidadania anualmente. Além disso, nas sessões solenes ou especiais, que devem ser realizadas fora do horário regimental, o autor pode homenagear até 6 pessoas e os outros colegas têm direito a indicações.Vereadores já realizaram 59 sessões especiais ou solenes para homenagensDe janeiro até junho, de acordo com a agenda de atividades da Câmara Municipal de Goiânia, os vereadores realizaram 59 sessões especiais ou solenes para homenagear alguma categoria. Elas foram propostas por 20 parlamentares, 57% dos vereadores goianienses.Os que mais realizaram sessões foram Anselmo Pereira (MDB), com sete, e William Veloso (PL), que também é autor de sete requerimentos. Veloso, porém, afirma que duas dessas sessões foram propostas em conjunto com outro parlamentar e, por isso, na sua conta ficam cinco, de forma que não ultrapassa o máximo de seis a que cada vereador tem direito.A reportagem não conseguiu contato com Pereira.Os outros vereadores que já realizaram sessões de homenagens são Ronilson Reis (Brasil 35), Joãozinho Guimarães (Solidariedade), Kleybe Morais (MDB), Gabriela Rodart (PTB), Aava Santiago (PSDB), Cabo Senna (Patriota), Isaías Ribeiro (Republicanos), Leandro Sena (PRTB), Raphael da Saúde (DC), Sabrina Garcêz (Republicanos), Paulo Henrique da Farmácia (PTC), Gian Said (MDB), Mauro Rubem (PT), Edgar Duarte (Brasil 35), Geverson Abel (Avante), Thialu Guioti (Avante), Romário Policarpo (Patriota) e Sargento Novandir (Avante).Entre os temas das sessões estão cabeleireiros, auxiliares de serviços gerais, homens de alto valor, mulheres – devido ao dia internacional da mulher –, mães empreendedoras, mulheres de alto valor, influenciadores digitais, cuidadores, evangélicos, feiras, dentistas, jornalistas, profissionais da saúde, policiais, médicos, bares e restaurantes, profissionais de evento, times de futebol, artistas, assistentes sociais, família cristã, servidores e ambientalistas.Leia também: CNJ suspende concurso para juiz substituto do TJ-GOGovernador de Goiás espera que indicação para o Senado se “resolva naturalmente”