O deputado federal goiano Vitor Hugo (PSL) diz desconhecer troca de votos na Câmara por emendas e nega que tenha destinado R$ 300 milhões a municípios, como afirmou o colega de bancada delegado Waldir Soares, também do PSL. Três dias depois das declarações de Waldir ao Intercept Brasil, Vitor Hugo decidiu contestá-lo e afirmou que ele “terá mesmo de provar as acusações”. “Ele arrumou um problema para si porque vai ter de provar isso que diz, inclusive com acusação de compra de voto, envolvendo o presidente da Câmara (Arthur Lira, PP-AL)”, diz.Waldir havia afirmado ao POPULAR que, como delegado, sua “especialidade é produzir provas” e que teria meios de atestar a informação de promessa de R$ 10 milhões e R$ 20 milhões, respectivamente, em emendas extras para a votação em Lira na eleição da mesa diretora, no início deste ano, e na reforma da Previdência, de interesse do governo Jair Bolsonaro, em 2019.“Assim como os outros que atuaram como líderes de bancada, eu nunca vi nenhuma negociação de troca de votos por possibilidade de indicar emendas”, disse Vitor Hugo, referindo-se a Lucas Vergílio, atual líder do Solidariedade, e José Nelto, ex-líder do Podemos, que, em entrevista ao POPULAR, haviam negado compra de votos e cobraram provas por parte de Waldir.Embora negue o valor de R$ 300 milhões, que seria mais que o triplo do que os deputados tiveram de emendas neste mandato, Vitor Hugo não informou à reportagem quanto teve de reserva no orçamento. “Fala para Waldir provar que tive esse valor”, afirmou.O parlamentar disse que há distorções na cobertura da imprensa sobre as emendas de relator, que compõem o chamado orçamento secreto, e que o instrumento é importante para que os municípios tenham recursos para saúde, educação, infraestrutura, entre outras áreas. “É preciso esclarecer que o dinheiro não passa pelo deputado. É indicação direta para município ou entidade”, afirma.Ele também diz que a suspensão das emendas de relator por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), que cobrou transparência nas destinações, prejudica os municípios e os cidadãos. “Não é orçamento secreto. No Diário Oficial tem lá valor, destinatário”, afirmou, embora não haja informação sobre qual parlamentar fez a indicação. Segundo ele, a Câmara vai alterar a resolução para garantir a publicação de ofícios do relator com os pedidos de pagamentos e também de ofícios de prefeitos que solicitam recursos. “Vamos avançar agora para criar mais transparência. A tendência é publicar os ofícios”, disse. Reportagem publicada pelo Estadão nesta terça-feira (23) informa que a cúpula do Congresso atua para manter em segredo os nomes dos parlamentares beneficiados em 2020 e 2021, sob argumento de que não é possível identificar.Ao negar compra de votos, Vitor Hugo afirma que a decisão do STF poderia ter interferido na votação da PEC dos Precatórios. “Se fosse moeda de troca, o 2º turno da votação teria sido um fiasco. No 1º turno, ganhamos com 4 votos. Veio a liminar do Supremo, congelando as emendas. Se isso fosse condição para deputado votar a favor do governo, ou da vontade do Lira, teríamos menos votos.”