-Imagem (1.2384742)O Cerrado sempre foi o primo-pobre dos biomas brasileiros. As historiadoras Lilia Schwarcz e Heloisa Sartling relatam uma certa “miopia cultural” por parte dos portugueses e dos índios Tupi-Guarani, que habitavam a costa brasileira de norte a sul, em relação aos povos Macro-Jê, habitantes do Cerrado na época da chegada dos europeus. Essa miopia resiste por mais de cinco séculos.A Constituição de 1988 considerou Amazônia, Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal e Zona Costeira patrimônios nacionais. Cerrado e Caatinga ficaram de fora. Em 1995 o então deputado federal Pedro Wilson Guimarães, hoje ex-prefeito de Goiânia, apresentou na Câmara dos Deputados proposta de emenda constitucional (PEC) para incluir o Cerrado e a Caatinga como patrimônios nacionais.O projeto não andou, até que em 2010 o Senado aprovou PEC semelhante, mas ela continua igualmente parada nas gavetas da Câmara dos Deputados. Na semana passada, tonou-se público mais um descuido com este que é o segundo maior bioma da América Latina, perdendo apenas para a Amazônia.O desmatamento no Cerrado em 2021 atingiu o nível mais alto e subiu 8% nos 12 meses até julho, o período oficial do Brasil para medir o desmatamento anual. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). E tem mais: por falta de verbas o Inpe anunciou a paralisação desse programa a partir de abril deste ano.Para falar deste assunto, o “Chega pra Cá” convidou o pró-reitor de Pós-Graduação da UFG, o geólogo Laerte Guimarães Ferreira Júnior, criador do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da UFG. O Lapig é uma das principais referências no país em processamento, análise e distribuição de dados de satélites e participou do monitoramento do Cerrado com o Inpe.