-Imagem (1.1963035)O reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Edward Madureira foi o entrevistado desta última segunda-feira (30) do ano pelo jornalista Jackson Abrão. Reitor pela terceira vez da instituição, o professor explicou que a principal diferença entre os dois primeiros mandatos e o atual está no orçamento estrangulado e que 2019 está sendo fechado com três meses de despesas correntes em aberto, cerca de R$ 22 milhões. "O orçamento anual da universidade é suficiente para nove meses de manutenção da instituição", afirma.Por outro lado, Edward ressalta que a universidade se encontra em um momento extraordinário de maturidade do ponto de vista científico e de inserção na sociedade, resultado de um crescimento e investimento. "Hoje temos uma universidade mais madura e que responde à sociedade, mas que se encontra sem orçamento", ressalta."Temos procurado garantir o funcionamento pleno do destino fim da universidade: ensino, pesquisa e extensão. Os maiores fornecedores como energia elétrica, segurança e limpeza são os que mais sofrem com atrasos. Parece que restamos revivendo os mesmos problemas que ocorriam no final dos anos 90", relembra o reitor.Questionado por Jackson Abrão a falar sobre o perfil dos alunos da instituição, Edward afirma que após o início da política de cotas, atualmente, o perfil sócio-econômico da UFG mostra que 75% dos estudantes vêm de família com até um salário mínimo e meio de renda; e que de cada 4 estudantes, 1 vem de família com até meio salário mínimo. "Isso nos obriga que a instituição tenha uma política de assistência estudantil muito forte".Edward afirma que a comunidade da UFG, que é composta pelos alunos de graduação, mestrado, doutorado, especialização, alunos do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE), além de professores e servidores, está em aproximadamente 40 mil pessoas.Sobre a decisão do governo em mudar a forma de nomeação dos reitores, Edward diz que viu a medida com muito tristeza. "Existe uma cultura na universidade de escolha dos seus dirigentes que começou nos anos 80 e que veio sendo aperfeiçoada. O governo de forma autoritária, sem conversar com ninguém, sem ouvir ninguém, resolve mudar e impor uma consulta com uma proporcionalidade que não representa a realidade das universidades. Vejo isso como um tremendo retrocesso para as nossas universidades e para o nosso país".Contrariando pedido da categoria, o presidente Jair Bolsonaro assinou, na última terça-feira (24), uma Medida Provisória (MP) que altera as regras para a escolha de reitores das universidades e institutos federais. A MP fixa a representatividade de 70% de votos de professores na composição da lista tríplice de onde sairá o novo reitor. Os outros 30% são divididos igualmente entre alunos e servidores efetivos. O presidente poderá nomear qualquer um dos três indicados na lista resultante da votação.Antes da edição dessa MP, as universidades podiam decidir pelo modelo de eleição, podendo atribuir pesos iguais para cada uma dessas categorias. Além disso, até então, era tradição o presidente da República nomear o primeiro nome da lista tríplice. No início do ano, reitores chegaram a pedir que Bolsonaro mantivesse o costume. Sobre os rankings de avaliações das universidades, o reitor da UFG ressalta que a instituição está atualmente em uma crescente devido aos investimentos feitos nela nos últimos anos e que ela deixou de ser considerada mediana e que está, entre as federais, entre a 11ª e 12ª.Clique e assista à entrevista na íntegra: