O fenômeno da abstenção no sufrágio municipal brasileiro de 2024 aponta para uma notória tensão entre os interesses da política e a vontade dos eleitores. Os números expressivos dizem muito sobre uma força do inconsciente coletivo, apontando no sentido do desinteresse pela política formal. Os porcentuais de abstenção são alarmantes, demonstrando que 33,8 milhões de eleitores (21,71%) deixaram de exercer o direito de voto no Brasil. Em Goiânia, a abstenção foi de 28,23%, ou seja, 290.868 pessoas tiveram outras prioridades, ultrapassando inclusive os votos do primeiro colocado, que foi para o segundo turno. Esses números dizem muito de nós. Vários fatores influenciam eleitores a decidir não ir votar – a falta de respostas e perspectivas depois das promessas de campanha; a violência e a hostilidade na polarização dos últimos anos; as distâncias e a logística, a multa, que não assusta ninguém. É como se, eleitores esperassem recompensas improváveis – que clamam por educação política.