A cura de doentes por meio de um toque fugaz foi feita pela primeira vez por volta do ano 1100, na França, pelo rei Felipe 1º. O milagre ocorreu pela última vez sete séculos depois, em 1825, na coroação de Carlos 10. Já os reis ingleses salvaram enfermos por 600 anos. Atributo dos católicos, a cura régia acabou quando um duque protestante entrou na abadia de Westminster, em 1714, e se sagrou rei da Grã-Bretanha com o nome de Jorge 1º. “Como foi possível que gerações e gerações de ingleses e franceses acreditassem piamente em reis curandeiros?”, perguntou-se o historiador francês Marc Bloch ao fim da Primeira Guerra Mundial. A pesquisa o levou a escrever um livro ímpar: “Os Reis Taumaturgos”, cujo centésimo aniversário foi comemorado há pouco. “Taumaturgo” vem do grego, significa “quem faz milagres”. Na Idade Média, o milagre real só funcionava com quem tinha escrófula, inflamação dos gânglios linfáticos causada pelo bacilo da tuberculose. A moléstia não mata, esfola.