Cada eleição tem uma questão central. Em 2018, era a moralidade. A nova direita uniu dois aspectos da moralidade: sua face política e sua face cultural – a pauta dos costumes. E para essa questão, 58 milhões de pessoas achavam que a resposta era Bolsonaro. Um novo modelo de governo mostrou suas credenciais e os novos desafios lançaram uma outra problemática. Em 2022, a maior parcela da população queria voltar a ter poder de compra. Pouco importava o conceito de moralidade dominante se a comida, o combustível e o gás estavam caros. Bolsonaro não compreendeu isso e insistiu em sua fórmula vencedora de 2018. Já o PT, encampou essa nova demanda. Um de seus melhores materiais de campanha ironizava seu próprio carimbo ideológico: “cuidado, porque se o Lula voltar, aquele comunismo vai voltar, e aí a gasolina pode voltar a custar 3 reais, o gás pode voltar a custar 35, a conta de luz pode voltar ao normal e pode até voltar a ter comida todo dia pra todo mundo”.