Nos últimos três meses deste ano, presenciamos fatos que levam a uma reflexão sobre a relação da classe política brasileira com o mundo do crime organizado. No mês de outubro, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, tirou da gaveta a famosa PEC da blindagem, que se popularizou no país como “PEC da bandidagem”. Alí já se manifestava o temor de que o referido projeto pudesse se tornar uma via fácil para que pessoas envolvidas com o crime pudessem circular no mundo da política sem serem incomodadas, visto que os julgamentos seriam realizados pelos pares e não pelo Judiciário. No dia 21 do mesmo mês, o povo foi às ruas em protesto contra a aprovação da PEC na Câmara Federal. Como resposta à revolta popular os senadores imediatamente reprovaram o projeto. Em 10 de novembro o deputado Guilherme Derrite (PL-SP), relator do Projeto Antifacção, apresentou como proposta de mudança ao projeto a restrição da atuação da Polícia Federal (PF) no combate às facções criminosas, deixando o combate ao crime organizado quase que exclusivamente a cargo das forças de segurança locais.