Vivemos a era dourada da contradição: nunca tivemos tanto acesso à informação e, ao mesmo tempo, tão pouca capacidade de compreender o mundo à nossa volta. A incerteza, velha conhecida da humanidade, deixou de ser um desafio filosófico ou um estímulo científico. Tornou-se o combustível oficial da insensatez — e, por que não dizer, a pá de cal definitiva no túmulo do bom senso. Nos últimos tempos, assistimos a um reposicionamento agressivo das principais potências globais em nome de seus próprios interesses. A tão celebrada globalização econômica cambaleia diante de uma nova onda de nacionalismo e protecionismo disfarçados de “soberania estratégica”. Barreira aqui, tarifa ali, ruptura acolá — tudo em nome da “autonomia”. O resultado? Uma guerra comercial em plena ebulição, cadeias de suprimento em colapso e mercados tentando se equilibrar em um tabuleiro geopolítico redesenhado à força.