A vitória eleitoral de Nicolás maduro na Venezuela em meio a evidências de fraude e atos antidemocráticos como censura de candidaturas, expulsão de observadores internacionais e bravatas sobre banho de sangue e intervencionismo estrangeiro nas declarações do líder chavista é o fim do arremedo de disfarce democrático que até então mascarava a autocracia do atual regime político venezuelano. Tal como outros autocratas da atualidade como o russo Vladimir Putin ou o turco Erdogan e mesmo o chinês Xi Jinping, Maduro deve utilizar as próprias instituições para aumentar gradativamente seu poder e acabar com a limitação de temporalidade que é a marca dos regimes republicanos. No atual contexto, com algumas exceções como Arábia Saudita, que é uma monarquia absoluta à moda antiga, ou a Coreia do Norte, que é um Estado socialista dinástico, os governos ditatoriais buscam controlar os poderes mais do que concentrar abertamente nas mãos do governante. É interessante manter uma fachada republicana ou mesmo democrática de eleições periódicas e independência do Legislativo e Judiciário para conferir legitimidade ao governo e desautorizar críticas e questionamentos da população, da mídia e dos governos e organismos internacionais.