O comércio de bens, serviços e turismo tem sido crucial para o crescimento sustentado das economias regionais e brasileira nestes tempos de incertezas globais. As diversas atividades do segmento têm mantido negócios, empregos e renda em alta no país.

Os resultados positivos são efeito concreto da atuação de empresas, organizações e entidades privadas no planejamento e na indução do desenvolvimento do setor terciário. Em todo o Brasil, 34 federações e mais de mil sindicatos, sob a coordenação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), vêm atuando com determinação e transparência para representar e defender empreendedores e trabalhadores.

As entidades de representação do comércio vêm aprimorando suas gestões e profissionalizando seus colaboradores para entregar serviços e produtos à altura dos desafios do mercado e para melhorar a interlocução com os demais setores da economia e com o setor público. O objetivo do Sistema Comércio é participar das discussões e das decisões que definem o presente e o futuro do Brasil.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e o Serviço Social do Comércio (Sesc), que integram esse grande organismo de representação, exercem função estratégica nesse processo. É no Sistema S que estão os resultados econômicos e sociais mais notáveis e concretos dessa rede de produtos e serviços criados e entregues por profissionais da mais alta competência em todos os níveis da gestão e da execução.

Os números falam por si. Em 2024, o Senac recebeu 1,3 milhão de matrículas em suas diversas modalidades e níveis de ensino e o Sesc atingiu mais de 109 milhões de participações em suas atividades. Goiás teve atuação destacada na formação desses números.

Para dar visibilidade a esses resultados e, em especial, agradecer à confiança dos milhões de brasileiros e goianos que demonstraram sua confiança na qualidade dos serviços que prestamos, a CNC, as federações estaduais e os sindicatos empresariais do setor realizam, de 12 a 17 de maio, em todo o país, a Semana S do Comércio. O evento, idealizado e promovido pela gestão do presidente José Roberto Tadros, estreia como o maior encontro integrado do sistema.

A Fecomércio Goiás tem a honra de coordenar a realização das atrações na região Centro-Oeste. Em todo o país, a Semana S tem como objetivo levar cidadania, entretenimento e saber à população. A prestação de serviços e as atividades de lazer e cultura são o ponto alto da Semana S, com programação extensa nas unidades de Goiânia (Sesc Faiçalville, dias 16 e 17) e em Anápolis, Caldas Novas e Itumbiara (dia 17). Na capital, no dia 16, a banda Jota Quest se apresenta no Centro Cultural Oscar Niemeyer.

Com a Semana S, o Sistema Comércio presta contas sobre as atividades realizadas pelas entidades e empresas que compõem o setor e agradece aos goianos e brasileiros pela confiança dada a nossos produtos e serviços. Juntos, estamos contribuindo para tornar nosso país melhor e mais digno para todos.

Marcelo Baiocchi Carneiro, presidente da Fecomércio-GO e vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)

Celebração da cidadania

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Marcelo Baiocchi Carneiro

Nos anos 1990, a hiperinflação parecia um problema insolúvel. O Plano Real mostrou que, com mobilização coletiva e disciplina institucional, é possível mudar o rumo da história. Hoje, o país não enfrenta mais a corrosão diária da moeda, mas uma tríade de dilemas que marcará as próximas duas décadas: a dívida pública em trajetória preocupante, a produtividade estagnada e o envelhecimento acelerado da população.

A esses desafios soma-se um fator recorrente nas pesquisas de opinião: a eclosão epidêmica da violência. Além de afetar o bem-estar, corrói a imagem internacional do Brasil e encarece o “prêmio de risco” dos investimentos. É também um obstáculo ao desenvolvimento de longo prazo.

A (in)sustentabilidade fiscal se expressa pela dívida bruta em torno de 78% do PIB. Cada aumento da Selic amplia o custo do endividamento e reduz espaço para investimentos. Um plano de médio e longo prazo de ajuste fiscal, com metas claras, é indispensável. Se aceito pelo mercado, permitiria “trazer a valor presente” a trajetória de redução da dívida.

O segundo dilema é a baixa produtividade. Há duas décadas o PIB cresce em torno de apenas 1,5% ao ano e a produtividade total dos fatores pouco avança. Enquanto Coreia do Sul e Finlândia romperam a armadilha da renda média com forte investimento em ciência e tecnologia, o Brasil aplica só 1,2% do PIB em P&amp;D.. Para o Brasil, não basta gastar mais: é preciso integrar universidades e centros de pesquisa ao setor produtivo, para que a inovação se traduza em crescimento.

O terceiro desafio é a transição demográfica. Em 2041, o país atingirá seu pico populacional; depois, a população encolherá e a razão de dependência crescerá rapidamente. O gasto previdenciário pode chegar a 17% do PIB. A resposta passa por fortalecer a escola pública: as crianças que ingressam hoje no ensino fundamental estarão no mercado em 2041. Apenas ganhos expressivos de produtividade compensarão o declínio demográfico. A educação é o principal fator de transformação intergeracional, com efeito de spillover sobre desigualdade, instituições e consciência ambiental.

Além dos três dilemas, há fatores estruturais que moldam nossa capacidade de resposta. A desigualdade mantém o Brasil entre os mais desiguais do mundo e, sem inclusão social e previdenciária, faltará base política e fiscal para reformas. A educação segue com baixos índices em matemática e ciências, comprometendo a formação de capital humano para inovação. Já a fragilidade regulatória reduz a eficácia das políticas. Um plano de longo prazo só funcionará se ancorado em estabilidade institucional e coordenação federativa.

Dívida, inovação e demografia são engrenagens interdependentes. Assim como o país rejeitou a inflação, deve agora rejeitar a negligência diante desses desafios. É necessária uma consciência coletiva e intergeracional para que o Brasil não perca as próximas duas décadas.

Francisco Sérvulo Freire Nogueira é secretário de Estado da Economia

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

Brasil entre o presente e o futuro

Francisco Sérvulo Freire Nogueira

O comércio varejista dificilmente suportará os ônus da taxa Selic a 15% ao ano, se ela permanecer mesmo nesse índice até o 1º trimestre de 2026, como projetam economistas de grandes bancos brasileiros. É a data em que, segundo eles, a taxa básica de juros deve começar a recuar - o Banco Central já sinalizou que nada muda até lá na Selic, a não ser que ocorra um movimento muito inesperado na economia. Enquanto isso, com a inflação, o consumidor vai perdendo o poder de consumo e o comércio, por outro lado, redobra a atenção, vendo a inadimplência aumentar a níveis alarmantes.

Fato é que, com os juros nas alturas, o consumidor não está conseguindo pagar suas contas. Pelo menos 30,2% da população brasileira está inadimplente, um índice que não se via desde setembro de 2023, conforme mostra a última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada pela CNC, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.

O consumidor pede socorro e o varejo também. Inadimplência elevada significa crédito mais caro, por conta da maior probabilidade de calote. Resultado disso é que o consumidor acaba enfrentando mais dificuldade de contrair crédito, um mecanismo tão fundamental nas vendas do varejo, seja usando o crediário das lojas ou parcelando as compras no cartão de crédito.

Bureaus de crédito como o SPC Brasil já veem o consumidor mais desanimado, em relação à tomada de crédito. Entre maio e junho deste ano, por exemplo, a busca por crédito no Brasil caiu -14%. Analistas acreditam que esse cenário revela um mercado em “compasso de espera”, somado agora ao tarifaço imposto ao Brasil pelos Estados Unidos. Ou seja: a situação é desfavorável ao consumo, que poderia ser estimulado se o Banco Central editasse novas políticas monetárias para controlar uma inflação não de demanda, como é comumente veiculado, mas de preços administrados, como acreditam os economistas.

Vem aí o fim do ano, e com ele, as datas comemorativas mais sensíveis para o comércio, como o Dia das Crianças, em outubro, a Black Friday, em novembro, e o Natal, em dezembro. Qual será o impacto dos juros altos nessas ocasiões? É preciso esperar para ver. Mas o varejo, enquanto isso, segue com o desafio de equilibrar as altas taxas de inadimplência com as suas vendas tão tradicionais no crediário e no cartão de crédito.

Além disso, as lojas do comércio, especialmente em Goiás, têm lidado com um novo paradigma: o alto número de vagas efetivas em aberto, e numa época em que, normalmente, se buscaria pessoas no mercado para fazer trabalho temporário. Pelo menos 5 mil vagas permanentes estão desocupadas no varejo goiano, aumentando as incertezas do setor para esses próximos meses.

Se não houver ações efetivas do governo para controlar a economia, em primeiro plano, e para estimular o trabalho formal, o interesse das pessoas pelo emprego de carteira assinada, esse cenário pode agravar a situação das empresas. O varejo e o setor produtivo, em geral, pedem socorro. Todos temem uma retração no consumo, se nada for feito, e impostos ainda mais pesados a partir do próximo ano, quando passa a valer a regulamentação da reforma tributária. A economia está sob pressão.

José Reginaldo Garcia é presidente do Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas-GO)

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

Comércio sufocado pela Selic

José Reginaldo Garcia

A voracidade com que o burgomestre de Goiânia ataca os espaços verdes da cidade macula os mais básicos conceitos de “cidade sustentável” ao alcance dos planejadores urbanos, assim corrompendo a desejável urbanidade para a população. Chega a ser infame a mutilação sistemática das praças e canteiros ao longo das principais avenidas do Jardim Goiás e Setor Sul, por exemplo.

E agora, para avacalhar de vez, o burgomestre inova com o exótico “cultivo” de grama sintética em outros eixos viários para “melhorar o trânsito”, diz. Seria apenas recorrente ignorância, não fosse motivo de chacota nacional tamanho absurdo urbanístico!

E o que dizer das calçadas recortadas em baias para estacionamento em favor da ilusória fluidez dos carros? Foi o que fez impunemente o burgomestre ao retalhar o calçamento da Avenida 136, transformando o que já era ruim em coisa pior, especialmente para as pessoas com deficiência que desejem circular no comércio local. Isso afronta com cinismo a legislação que regula o deslocamento de pessoas com mobilidade reduzida. Despreza o próprio Estatuto do Pedestre em vigência desde 2008, e indica que o município está sob severo ataque de incivilidade a espelhar um medíocre e obsoleto governo de exclusão social.

De outro vértice, a sandice do processo da construção civil imposto ao sistema viário da cidade mantém-se intocado. A empoderada indústria imobiliária insiste em suas operações vultosas e agressivas ao arrepio dos códigos de postura e de trânsito, roubando dos pedestres e motoristas os espaços de mobilidade necessários à racional circulação viária. É a ditadura das betoneiras, escavadeiras e caminhões que, além das continuadas infrações de trânsito em suas operações, manobram perigosamente no viário e espargem suas lamas no entorno das obras. Adicione a esta lambança consentida o costumeiro bombeamento das águas subterrâneas dos prédios de luxo, lançadas sobre as vias públicas a escarificar a pavimentação. Não há ação de fiscalização que freie esse violento assédio à cidadania. Impunidade total que chama!

O abandono é notório, e não deveria sê-lo numa cidade metodicamente violentada, que também testemunha a terceirização de seu sistema de ensino infantil e o deslocamento dos raros equipamentos de lazer da periferia para os setores nobres. Trata-se do frenético embrutecimento da cidade, do seu distanciamento da decência requerida para uma administração ao menos razoável. É preciso urgente resistência!

Não há vereadores, promotores de justiça, militantes populares... nada para contrapor. Ao que parece, todos entorpecidos e rendidos diante da corrosão dos protocolos técnicos de lanejamento urbano, de trânsito e ambiental vigentes, submetidos que estão às violentas políticas públicas que exclusivamente atendem as demandas do capital imobiliário e dos mais abastados em detrimento da boa qualidade de vida para todos.

O que confirma a insensatez da atual gestão é a constatação de que o burgomestre insiste em entender a cidade como empresa, via tabela excel, distanciada dos requisitos de uma gestão humanizada, capilarizada de arte e ecologia, economicamente criativa e de forte componente popular, digna das cidades inteligentes. Sinal dos tempos!

Antenor Pinheiro, jornalista, geógrafo, pós-graduado em políticas públicas e criminologia (UFG), perito criminal e judicial de trânsito do Tribunal de Justiça de Goiás, membro efetivo da Associação Nacional de Transportes Públicos/ANTP

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

Cidade violentada

Antenor Pinheiro

Cada caso é um caso, mas a esquerda e suas adjacências têm tido atitudes semelhantes ante o avanço da extrema direita. É de praxe não admitirem culpa pelas derrotas. E, ao perderem, se dissolvem em frentes amplíssimas, onde sempre cabe mais um Kassab, nas quais a direita dá o tom à polca.

O último partido a fazer cara de paisagem ao tomar uma lavada foi o dos democratas americanos. Não admitiu nem a pau que Joe Biden traiu a promessa de proteger trabalhadores e remediados, zelar pelo meio ambiente e preservar a paz. E foi por fazer o contrário que levou uma tunda.

Na França, o Partido Socialista tanto cortou gastos na saúde, nos salários e na educação que desde 2012 não chega ao segundo turno das presidenciais. Sua base histórica, a classe trabalhadora, deu-lhe uma banana, bem como magotes de jovens, periféricos e oriundos da imigração. Marylise Léon, líder da maior central sindical de lá, a moderada Confederação Francesa Democrática do Trabalho, calculou quem ganha com o desmonte do Estado, política conhecida pela alcunha de austeridade: “A cada centímetro de recuo social, são mil votos a mais para a extrema direita”.

E a extrema direita cai de cacete na malta. Enche as ruas de milicos e Malafaias para caçar comunistas, trans, vadias, ateus e gays. Pisoteia a liberdade e põe garrote vil na democracia. Trata a mamão com açúcar techs, PCC, big business e crupiês das finanças. É cada um por si e Donald Trump contra todos.

Enquanto isso, a esquerda, atarantada, caminha em círculos. Só sai do looping quando deixa de ser uma força auxiliar do capital. No momento, existem duas organizações radicais que desafiam o status quo nos países ricos: o DSA, Socialistas Democráticos da América, e a França Insubmissa, FI.

Se há uma cidade que simboliza o capitalismo é Nova York, coração do sistema financeiro. Pois foi ali que um militante do DSA, Zohran Mamdani, venceu a prévia que escolheu o candidato democrata a prefeito. Ganhou não só do ex-governador Andrew Cuomo, o queridinho da formidável burocracia partidária, como de outros dez aspirantes.

Mamdani é tudo o que os cuecões da política execram: socialista, muçulmano, nasceu em Uganda, tem 33 anos e nunca exerceu um cargo executivo. Se eleito, garantiu, colocará Netanyahu na cadeia caso ponha os pés na cidade, em função do mandato emitido pelo Tribunal Penal Internacional contra o primeiro-ministro do Estado de Israel.

Numa campanha que combina destreza digital com visitas porta a porta aos eleitores, promete congelar os aluguéis; pôr de pé 200 mil moradias em dez anos; aumentar impostos nos bairros ricos; tornar gratuitos ônibus e creches; criar supermercados estatais com preços baixos. Como era de esperar, os republicanos, Trump à frente, dizem que Nova York entrará em erupção caso ganhe. Tradução: irão sabotá-lo a mais não poder

O Socialistas Democráticos da América foi fundado em 1982. Reunia restos da esquerda, eternamente fraca nos Estados Unidos, e atuava em sindicatos, associações comunitárias e no Partido Democrata. Começou a crescer a partir do tsunami financeiro de 2008, que teve como ápice o movimento Occupy Wall Street. O DSA deslanchou quando Bernie Sanders, senador independente, disputou a candidatura democrata à Casa Branca. Tem hoje 92 mil membros, a grande maioria na faixa dos 20 anos, que pagam de US$ 1 a US$ 50 por mês para militar na organização, que se propõe a construir um partido socialista e disputar o poder. Seus nomes mais conhecidos são as deputadas Alexandria Ocasio-Cortez e Rashida Tlai.

“Quero representar e encarnar a França insubmissa e orgulhosa de ser assim, a que não tem coleira nem focinheira.” Foi com essa frase que Jean-Luc Mélenchon, senador que rompeu com o Partido Socialista, lançou em 2016 aquela que é hoje a maior organização da esquerda europeia.

Com 370 mil militantes, a FI liderou a frente que mais votos teve nas últimas eleições francesas para a Assembleia Nacional. Como o DAS, o grosso de sua militância é de estudantes e descendentes de imigrantes, mas conta com apoio disseminado nas classes médias e na intelligentsia, como a escritora Annie Ernaux, que é uma entusiasta.

Obviamente, a criação de partidos radicais não significa que eles darão um basta à maré protofascista e muito menos que o igualitarismo esteja ao alcance da mão. Significa que cada caso é mesmo um caso, mas existem maneiras diversas, e talvez mais eficazes, de enfrentar os tempos sombrios que se avizinham. Nada está decidido de antemão.

Mario Sergio Conti, jornalista, é autor de “Notícias do Planalto”