Goiânia já naturalizou grilagens e desafetações (doações e vendas) de áreas públicas para particulares, como já tem sido apontado em pesquisas de estudiosos como Omar Pires e Maria Ester. Esse contexto tende a confundir quais são os limites entre o poder executivo da Prefeitura (guarda), o do Legislativo e o de setores econômicos mais hegemônicos, como o capital incorporador. Por isso, não é de admirar que nossa cidade esteja se transformando em uma nova Dubai (verticalização e densificação) e Nova Mumbai (trânsito caótico). Nesse sentido, é questionável, do ponto de vista do interesse público, a incorporação ao patrimônio edificado da Câmara de Goiânia, em dezembro de 2024, de via pública, compreendida entre a Avenida Goiás e a praça do Trabalhador, cedida ao Legislativo goianiense em 2020, como parte de um acordo com a Prefeitura de Goiânia para a construção da extensão da Avenida Leste-Oeste.