Assim como a família Bolsonaro deu de presente a bandeira da soberania nacional para o presidente Lula, o governador Cláudio Castro deu a matança do Rio para a direita, e de mão beijada - ou melhor, suja de sangue. O passo seguinte foi criar um “consórcio de paz” com governadores aliados e lutar para classificar o crime organizado como “terrorismo”. Castro, porém, pode ter repetido o erro bolsonarista: exagerar na dose. A questão da segurança é a maior preocupação do brasileiro e estará no centro das eleições de 2026, a direita defendendo o “prende e arrebenta”, ou o “bandido bom é bandido morto”, e a esquerda sendo acusada de ser “conivente com o crime” e “vir com essa história de direitos humanos para defender bandidos”. Com a sociedade exausta e irritada, a matança no Rio pode até ser aplaudida no eleitorado. Mas 121 mortos, inclusive quatro policiais em missão? Mais do que no Carandiru? O banho de sangue e os cadáveres enfileirados chocam o mundo (e qualquer pessoa de bem) e não resolvem o problema da (in)segurança. Aliás, como nunca resolveram, inclusive no Rio, onde o crime organizado está cada vez mais audacioso, armado, rico e enraizado nas instituições.