A interiorização da cultura cooperativista e o fortalecimento da representação institucional têm sido duas importantes frentes de atuação do Sistema OCB/GO nos últimos anos em Goiás. Em 2025, esse trabalho foi intensificado e passou a produzir impactos ainda mais visíveis na economia, na organização social e na vida cotidiana da população goiana, em todas as regiões do estado.

Um dos principais marcos desse movimento foi a expansão das celebrações do Dia e da Semana do Cooperativismo. Ao longo de 2025, o Sistema OCB/GO, em parceria com cooperativas locais e prefeituras, realizou 21 edições municipais das comemorações, que beneficiaram mais de 76,5 mil pessoas com serviços gratuitos nas áreas de saúde, cidadania, educação financeira, cultura, lazer e meio ambiente.

A interiorização das celebrações tem papel estratégico na difusão dos valores do nosso setor. A população passa a compreender melhor a importância econômica e social das cooperativas locais. Atualmente, 26 cidades goianas já têm leis que instituem datas de celebração do cooperativismo em seus calendários oficiais de eventos, numa ação conjunta com as prefeituras e câmaras municipais.

Paralelamente às ações de base social, o cooperativismo goiano avançou de forma consistente na qualificação de sua representação institucional. Sob a liderança do Sistema OCB/GO, o setor ampliou o diálogo com governos municipais, estadual e federal, além dos Poderes Legislativos e entidades estratégicas. Esse trabalho resultou em conquistas relevantes, como avanços no Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), isenção de ICMS sobre a geração de energia solar, assentos em conselhos e fóruns decisórios e maior acesso a políticas públicas.

O fortalecimento da representação institucional é uma diretriz prioritária desde o início da atual gestão. Em 2025, esse esforço foi intensificado, com resultados como a participação do Sistema OCB/GO na Junta Comercial de Goiás, no Fórum das Entidades Empresariais de Goiás, no Conselho Universitário da UFG e no Pacto Goiás pela Inovação, além de parcerias estratégicas com secretarias estaduais e com o Sebrae Goiás, instituição na qual o Sistema OCB/GO busca ampliar sua participação por meio de assento em seu Conselho Deliberativo.

A aproximação com prefeituras também ganhou densidade. Além da institucionalização das datas comemorativas, as ações conjuntas abriram caminho para novas parcerias, criação de estruturas específicas, como a Gerência de Cooperativismo em Goiânia, e a captação de emendas parlamentares para cooperativas.

O cooperativismo goiano encerra 2025 mais estruturado, visível e integrado às estratégias de desenvolvimento dos municípios e do estado. O setor reúne mais de 700 mil cooperados, movimenta cerca de R$ 31 bilhões por ano na economia estadual e impacta a vida de mais de 2,5 milhões de pessoas em Goiás. Esse trabalho terá continuidade em 2026, quando o Sistema OCB/GO comemorará 70 anos de fundação, combinando presença territorial e articulação política qualificada.

Luís Alberto Pereira é presidente do Sistema Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB-GO)

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

Cooperativismo goiano mais forte

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Luís Alberto Pereira

Em um país de contrastes brutais como o Brasil, onde a desigualdade social devora sonhos, e a economia patina em meio a crises cíclicas, qual pauta domina as manchetes e as conversas cotidianas? Saúde plena para todos, educação de qualidade, reforma tributária justa, desenvolvimento sustentável?

Não! Antes, assistimos a um espetáculo deprimente: de um lado, a polarização tóxica - bolsonarismo versus lulismo (74% dos brasileiros – Datafolha) - com mútuas acusações de corrupção que os igualam, discursos virulentos que dividem a sociedade em trincheiras ideológicas; do outro, estultices nas redes sociais. Das 30,3 bilhões de mensagens diárias que são publicadas, em média, 24,2 bilhões contêm leviandades, fake news ou pornografia (o Brasil está entre os dez países que mais consomem pornografia no mundo – dados de 2025 / Brazil, DataReportal).

E, a imprensa, nascida para ser guardiã da informação fidedigna, rendida ao sensacionalismo, prioriza escândalos efêmeros em detrimento de análises isentas sobre a nação. O Congresso e o Judiciário, supostos pilares da democracia, atolam-se no fisiologismo, em batalhas partidárias e judicializações intermináveis. O Executivo, por sua vez, oscila entre o clientelismo, a ineficiência administrativa e a gastança dos recursos públicos, sem uma visão estratégica proficiente.

Em meio ao necessário escrutínio sobre o comportamento das autoridades brasileiras, vê-se protagonizada, com ênfase, a hedionda exacerbação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que abandonaram a liturgia ética inerente aos seus cargos, em favor do espetáculo das exposições midiáticas. São vários os casos, inclusive de hostilizações recíprocas.

O Supremo, outrora baluarte das reservas moral e institucional, flerta com o nefasto populismo político — 60% da população enxerga o Poder Judiciário recheado de privilégios, tendencioso e ativista, que mais serve a si mesmo do que aos jurisdicionados (Datafolha).

E a sociedade, imersa em bolhas digitais, prefere o conforto da “indignação” online a ações coletivas reais. Discute-se rasamente sobre pessoas, ignorando as ideias e os ideais, enquanto o país afunda em problemas estruturais, tendo a segurança pública flagrantemente colapsada pela violência crônica e pelo domínio do crime organizado, já encastelado nas estruturas do poder estatal.

Quando um ministro do STF mostra o dedo médio a torcedores das arquibancadas, em um jogo de futebol, suscita o paradigma da Corte, um “Coliseu” para toda sorte de desfaçatez... Mais e pior: as relações íntimas entre ministros e o Banco Master são a prova cabal do arbítrio, do despudor, da ambição de protagonismo e do poder sem limite.

Contudo, essa deletéria distopia coletiva nos impede de forjar um projeto nacional coeso e altruísta. Vivemos uma quadra terrível e, à míngua de verdadeiros estadistas, sobrelevam a recessão moral e a corrupção endêmica, eclipsadas por distrações plantadas para escamotear os mais gravosos escândalos da Praça dos Três Poderes.

Enfim, fica a pergunta: novo ano chegando, com as eleições gerais, surgirá no horizonte uma pauta de esperança ou de ruína mais profunda? Seguiremos reféns das superficialidades, da polarização que só beneficia os próprios extremos ou traremos rumos virtuosos para a nação? Essa será a decisão crucial e soberana do povo brasileiro no ano vindouro.

Edemundo Dias de Oliveira Filho é advogado, especialista em Políticas Públicas. 
Mestre em Direito Público.

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

Brasil, mostra a sua pauta

Edemundo Dias de Oliveira Filho

Dias atrás deparei-me com notícias que remeteram a lembranças de situações vividas e que me conectaram as tragédias sociais, que estamos vivenciando de forma assustadora nos dias de hoje. A notícia da morte do cantor Lindomar Castilho, me fez voltar para o final da década de 1980, quando trabalhava no Posto da Polícia Civil do Hospital das Clínicas (HC).

Era comum o pronto socorro atender presos do Cepaigo (Centro Penitenciário Agroindustrial de Goiás). Tenho a lembrança de uma manhã de fim de ano. O chefe do Pronto Socorro (PS), eufórico, recebendo presidiários para realizarem consultas e exames. Fazia parte do grupo, o cantor Lindomar Castilho, cumpria pena pelo crime de homicídio. Havia matado sua ex-mulher, Eliana de Gramont, a tiros, em março de 1981.

Sua presença no PS do HC, era parte do seu trabalho como reeducando do Cepaigo. Era uma espécie de enfermeiro e causou um grande alvoroço, a medida que as pessoas presentes se davam conta de que se tratava de um preso famoso! Eu, uma jovem policial sem entender a situação, diante do assassino de uma mulher e ao mesmo tempo, do rei do bolero!

Neste tempo, os crimes de violência doméstica e feminicídio eram julgados com leis brandas, como a de menor potencial ofensivo e de apelo moral e machista, com o argumento de: “matou em legítima defesa da honra”.

Trinta e nove anos depois, me deparo com a notícia da morte do cantor e o depoimento de sua filha Liliane: “ Meu pai partiu! E como qualquer ser humano, ele é finito, ele é só mais um ser humano que se desviou com sua vaidade e narcisismo. E ao tirar a vida da minha mãe também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira …”.

Ao longo destes anos avançamos! Leis como a lei Maria da Penha e a que pune o feminicídio foram efetivadas, no entanto, não foram suficientes para mudar a realidade de violência e insegurança que nos rodeiam. Continuamos sendo mortas! O depoimento de Liliane nos coloca em um lugar que poucos acessam. A realidade dos órfãos, das famílias e do próprio assassino, impactadas pela tragédia.

Como conviver com a dor de perder aquela que te trouxe à vida? Como conviver com a dor de saber que quem tirou a vida desta pessoa, é seu pai? As primeiras referências da vida de uma pessoa; os primeiros vínculos afetivos; aqueles que deveriam ser suporte; estrutura… de repente, não mais existem!

Liliane veio a público falar da morte do pai de forma corajosa e honesta. Forte, ela deixou claro, o quão difícil foi e é conviver com esta história. Se pensarmos nos números de feminicídios atuais, mais de 1100 casos no Brasil, só este ano, é assustador perceber a dimensão da tragédia social, com centenas órfãos e órfãs, muitos sem as mínimas condições de ressignificarem suas vidas! Uma epidemia que precisa ser tratada por todos os segmentos institucionais com a seriedade necessária, com planejamento e ações para uma mudança de cultura efetiva!

Geralda Cunha é comunicadora popular, mestra em educação e ativista pelos Direitos Humanos.

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Morre um pai, nasce um assassino!

Geralda Cunha

Nos últimos três meses deste ano, presenciamos fatos que levam a uma reflexão sobre a relação da classe política brasileira com o mundo do crime organizado. No mês de outubro, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, tirou da gaveta a famosa PEC da blindagem, que se popularizou no país como “PEC da bandidagem”. Alí já se manifestava o temor de que o referido projeto pudesse se tornar uma via fácil para que pessoas envolvidas com o crime pudessem circular no mundo da política sem serem incomodadas, visto que os julgamentos seriam realizados pelos pares e não pelo Judiciário.

No dia 21 do mesmo mês, o povo foi às ruas em protesto contra a aprovação da PEC na Câmara Federal. Como resposta à revolta popular os senadores imediatamente reprovaram o projeto. Em 10 de novembro o deputado Guilherme Derrite (PL-SP), relator do Projeto Antifacção, apresentou como proposta de mudança ao projeto a restrição da atuação da Polícia Federal (PF) no combate às facções criminosas, deixando o combate ao crime organizado quase que exclusivamente a cargo das forças de segurança locais.

Quando se compara a Operação Carbono Oculto, ocorrida em 28 de agosto, com o que aconteceu no Rio de Janeiro nos complexos do Alemão e da Penha em 28 de outubro, vê-se que, em termos de descrição, inteligência e eficácia, não é possível impor fronteiras à ação da PF neste momento. Nesse sentido, a proposta de Derrite deixou muita gente desconfiada.

No início do mês de dezembro, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, foi preso pela Polícia Federal, acusado de vazar informações sobre a investigação da PF acerca da relação do deputado TH Joias, do Rio de Janeiro, com o Comando Vermelho. As investigações indicam que Bacellar teria atuado inclusive na ocultação de provas que incriminariam TH Joias.

Na semana seguinte, os deputados do Estado do Rio de Janeiro se reuniram e votaram, em maioria absoluta, pela soltura de Bacellar, demonstrando a coesão corporativista do parlamento fluminense, mesmo em se tratando de uma investigação sobre o crime organizado no estado. No momento em que Bacellar era solto, dois sargentos da PM do Rio de Janeiro eram presos por vender informações de investigações da PF ao Comando Vermelho.

Qualquer pessoa em sã consciência percebe que essa sequência de fatos revela um flerte entre parte da classe política do país e o crime organizado, sendo o epicentro dessa relação o Estado do RJ. O boicote às ações da PF nos estados expressa o temor de que as forças de segurança nacional encontrem o “fio de Ariadne” que liga a política às facções e continuem identificando envolvidos.

Causa espanto ver que uma parcela significativa de parlamentares, tanto em Brasília quanto nos estados, se opõe às investigações da PF contra o crime organizado. Resta saber se trata-se apenas de um flerte ou se já existe um casamento consolidado. Mudar a composição do parlamento brasileiro tornou-se uma urgência no Brasil.

Frei Paulo Cantanheide é doutor em Educação.&nbsp;Professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Campus Cora Coralina - Cidade de Goiás

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A política e o crime organizado

Frei Paulo Cantanheide

O espelho da academia mostra músculos bem definidos. O que ele não revela é o coração que definha por dentro. O uso de anabolizantes em academias brasileiras dispara e médicos alertam para uma epidemia silenciosa de doenças cardíacas em jovens. O Brasil vive essa crise sem perceber: milhares de frequentadores de academias utilizam esteroides anabolizantes sem qualquer acompanhamento médico, muitas vezes adquiridos ilegalmente ou pela internet.

Um estudo publicado em 2024 no jornal da Associação Médica Americana (JAMA), uma das mais prestigiadas revistas médicas do mundo, trouxe dados alarmantes: usuários de anabolizantes têm risco de morte quase três vezes maior que a população geral. Quando analisadas as mortes não naturais, como acidentes, crimes violentos e suicídios, a diferença foi ainda mais acentuada, alcançando uma taxa de mortalidade 3,64 vezes maior. A pesquisa dinamarquesa acompanhou milhares de pessoas por mais de 15 anos e confirmou o que cardiologistas já observavam — corações jovens bastante enfraquecidos como se tivessem décadas a mais.

Os anabolizantes mais utilizados nas academias brasileiras incluem a testosterona (Durateston, Deposteron), a nandrolona (Deca-Durabolin), o estanozolol (Winstrol), a oxandrolona, a trembolona e o Dianabol. São derivados sintéticos da testosterona que aumentam a massa muscular, mas cobram um preço alto de todo o organismo.

No coração, provocam hipertrofia e dilatação do músculo cardíaco — o coração “cresce” de forma doentia —, insuficiência cardíaca, arritmias graves e infartos em pessoas jovens sem fatores de risco tradicionais. No sangue, causam aumento perigoso dos glóbulos vermelhos, elevando o risco de trombose e AVC. No fígado, provocam lesões que podem evoluir para tumores. No sistema hormonal, levam a infertilidade, atrofia testicular e impotência — ironicamente, o oposto da virilidade buscada. Na mente, desencadeiam agressividade, depressão e dependência. O mais preocupante: os danos cardiovasculares podem persistir mesmo anos após parar o uso.

Há dois anos, o Conselho Federal de Medicina proibiu a prescrição de esteroides androgênicos e anabolizantes com finalidade estética, de desempenho ou para ganho de massa muscular no Brasil. A decisão, respaldada por sociedades médicas de cardiologia, endocrinologia e medicina esportiva, reconheceu oficialmente que não existe uso seguro dessas substâncias fora de indicações médicas específicas. Mesmo assim, a prática de fazer “ciclos” segue disseminada nas academias, por vezes sob orientação de personal trainers ou vendedores na internet. Cada exposição deixa marcas no coração.

A combinação com outros produtos — como hormônio do crescimento, estimulantes e até xaropes para asma usados como queimadores de gordura — multiplica exponencialmente os riscos. Falta de ar aos esforços, dor no peito, palpitações, inchaço nas pernas e cansaço inexplicável em pessoas jovens devem acender o alerta.

Muitos descobrem problemas cardíacos graves somente quando já é tarde demais. A mensagem dos especialistas é clara: músculos construídos com química podem custar a própria vida. “A bomba que você injeta hoje pode explodir amanhã — dentro do seu peito.”

Anis Rassi Júnior, Médico cardiologista e coordenador da residência médica em cardiologia do Hospital do Coração Anis Rassi

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