No livro que poucos leram, O Vácuo do Poder e o Crime Organizado/2002, mas tão atual como o jornal de amanhã, já acautelávamos que quando o Estado se deixa vazio, facções não vendem só droga e traficam armas: mercantilizam poder e segurança; submetem territórios e comunidades pela ameaça e coerção; infiltram-se nas estruturas estatais, desafiam a polícia, estabelecem milícias privadas, efetivando-se, assim, o monopólio da violência, trocado de mãos - duopólio da violência. Enquanto isso, os organismos oficiais mais elevados da República patinam há décadas para definir e manter ações concretas e permanentes de enfrentamento ao crime organizado. Ou já nos esquecemos das disputas retóricas (esquerda X direita) entre Leonel Brizola e Moreira Franco/1990, pelo governo do Rio de Janeiro? E do jornalista Tim Lopes, julgado, torturado e executado pelo tribunal do tráfico/2002? Onde estão as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), instaladas em 2008, pelo secretário de Segurança Pública Mariano Beltrame, a fim de garantir justamente a ocupação das áreas conflagradas pelo crime e o controle territorial permanente pelo Estado?