Por mais que as Forças Armadas e o Itamaraty tentem manter frieza e minimizar o envio de navios dos EUA à costa da Venezuela e de um avião branco, sem bandeira e com agentes da CIA, ao Sul do Brasil, é claro que os movimentos de Donald Trump em direção ao mundo, à América Latina e diretamente à América do Sul e ao Brasil não são naturais nem tradicionais. A última operação militar americana na região foi o Plano Colômbia, contra os cartéis colombianos, um quarto de século atrás. Com uma diferença crucial: foi uma ação combinada entre os governos dos EUA e da Colômbia, com apoio internacional, não de um governo contra o outro, como agora, o que afeta todos os países da região. O avião no Brasil, vá lá, até porque não é novidade e tinha autorização da Defesa. Mas destróieres e três navios de guerra? Sob o pretexto do combate ao crime organizado? Nos bastidores, as falas do governo brasileiro tentam passar tranquilidade, com cuidado para não aumentar a tensão. Na prática, porém, as ações e recados de Trump são sequenciais e a cada dia mais ameaçadores. Não é possível naturalizá-los.